A ecologia espiritista se encontra
enraizada nos princípios doutrinários espiritistas e nas idéias revolucionárias
de Allan Kardec. Cabe a nós espíritas a sua sistematização em nível de
consciência e procurar vivenciá-la em nossas relações práticas.
O seu núcleo, no entanto, está bem
estruturado no item 5, do Cap. VI, de “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, mensagem assinada pelo Espírito da Verdade: “Espíritas: amai-vos,
eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo: Todas as verdades se
encontram no Cristianismo; os erros que
nele se enraizaram são de origem humana; (...)”. (grifo meu)
O Espírito da Verdade é enfático quando se refere aos ensinamentos. Logo
em seguida, utiliza-se da pedagogia Crística
fazendo-se compreensível para todos, contextualiza o Espiritismo na
condição do Cristianismo Redivivo. Adverte-nos, portanto, de onde se originou
os erros nele enraizados.
Com esse recurso pedagógico o
Espírito da Verdade dá uma maior plasticidade à sua mensagem ao condicionar aos
espíritas que o êxito dessa missão é indissociável da vivência desses
ensinamentos.
Mas é Allan Kardec quem vai retomar
o pensamento do Espírito da Verdade de forma mais clara e objetiva. Preocupado
com futuro do Espiritismo elabora o Projeto 1868, publicado em Obras Póstumas.
O mestre lionês comenta as reais
causas que contribuíram para a criação de controvérsias e falsas interpretações
da Boa Nova. Fundamentado nessa experiência, de forma zelosa, trabalha para
evitar esses mesmos inconvenientes e assenta
o Espiritismo sobre as bases sólidas de uma doutrina positiva que nada deixe ao
arbítrio das interpretações.
A seguir, define os dois elementos
que hão de concorrer para o progresso do Espiritismo: o estabelecimento teórico da Doutrina e os meios de a popularizar. E
organiza o seu projeto com: a)
estabelecimento central (o centro espírita) b) ensino espírita c) publicidade e d) viagens.
Com essas vigorosas posições o
Espírito da Verdade conclama a união e
Allan Kardec sistematiza a unificação. Esses
dois processos formam a dinâmica do amai-vos
e instruí-vos.
Em outubro de 1949, apesar da
constante expansão do movimento espírita, o divisionismo no seu seio imperava
alimentado pelo personalismo, pelas vaidades e pelas interpretações infelizes
da Doutrina, um grupo de valorosos espíritas atentos aos ideais de união e
unificação realizou uma Grande
Conferência Espírita, induzindo os princípios de concórdia, fraternidade,
ao trabalho útil, à tolerância e à solidariedade. Esse encontro ficou conhecido
como “Pacto Áureo”. Na abertura da
ata original está escrito: “Pacto Áureo
quer dizer ideal de união; Conselho Federativo Nacional (CFN) quer dizer, forma
de unificação.” Um apelo eminentemente ecológico espiritista para superar o
caos que havia se instalado no seio da família espírita. É um divisor na
trajetória do movimento espírita brasileiro.
Em outubro de 1950 esses mesmos
valorosos espíritas criaram a “Caravana da Fraternidade” propagando os ideais
de Unificação por meio de viagens ao Nordeste e Norte do Brasil.
O Espírito Bezerra de Menezes da
espiritualidade coordena esse grande desafio entre os espíritas através de
várias mensagens psicografadas e psicofonadas pelos médiuns Francisco C. Xavier
e Divaldo Pereira Franco. Em uma delas, publicada na revista o Reformador de dezembro de 1975, ele se
expressa de forma poética, em didática metafórica, o seu cuidado com a Doutrina
Espírita dentro de um cenário explicitamente ecológico:
“Comparemos a nossa Doutrina Redentora
a uma cidade metropolitana, com todas as exigências de conforto e progresso,
paz e ordem. Indispensável a diligência no pão e no vestuário, na moradia e na
defesa de todos; entretanto, não se pode olvidar o problema da luz. A luz foi
sempre uma preocupação do homem, desde a hora da furna primeira.”
Apesar das conquistas, em
decorrência do “Pacto Áureo” e das
mensagens insistentes do Espírito Bezerra de Menezes o nosso movimento pouco
avançou em resultados exponenciais nos ideais de união e unificação. Esse
desafio permanece e precisamos desenvolver os pensamentos e atitudes ecológicos
Não podemos insistir no clichê sempre arguido de que “estou
fazendo a minha parte”, em metáfora à fábula do beija-flor e o incêndio na floresta. Na conclusão da fábula o
incêndio só foi debelado após a união dos outros animais na “batalha” do combate ao fogo. Se deixassem à responsabilidade ao
solitário beija-flor, a esse tempo, todo o Planeta já teria sido “consumido” pelo fogo.
Apelar-se para esse argumento corre-se
o risco de se contagiar pelo individualismo que grassa em nossa sociedade, pelo
adormecimento da consciência coletiva e o perigo de se fechar em um fascinante
isolacionismo. Contribui-se, ainda, para o constructo de uma subcultura
espírita, tal qual fora criada no seio do movimento Cristão-dogmático. Nada
diferente disso.
A Doutrina Espírita é uma doutrina
coletiva, e os resultados coletivos e
gerais serão fruto do Espiritismo completo, que sucessivamente se desenvolverá,
atesta Allan Kardec.
É necessário vivenciar não só de
maneira individual, mas, sobretudo a nível coletivo-institucional os
fundamentos ecológicos espiritistas. Sem isso, sucumbiremos em nossas
responsabilidades humanas e espirituais.
A Kardec sim cabe dizer: fiz a minha parte. A nós, cabem as
reflexões: O que temos feito e ainda temos o que fazer individual e
coletivamente? Portanto, sigamos a recomendação de Bezerra de Menezes: “Demo-nos as mãos e ajudemo-nos; esqueçamos
as opiniões contraditórias para nos recordarmos dos conceitos de identificação,
confiando no tempo, o grande enxugador de lágrimas que a tudo corrige.”
Fontes Consultadas:
O Evangelho Segundo o
Espiritismo – Allan Kardec;
Obras Póstumas –
Allan Kardec;
Orientação ao Centro
Espírita – FEB;
Vamos dar as mãos, vamos dar as mãos... e participar para a criação de um mundo melhor! Salve, Salve!!!
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