“Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no
caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e
o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te
digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”. Mateus (5:25-26)
Por Roberto Caldas (*)
A Doutrina Espírita nos inspira
a identificar nas palavras de Jesus uma mensagem que não ficou estagnada à
época em que foi proferida. Ele próprio nos chama a atenção para essa verdade
quando assevera que o Céu e a Terra haverão de passar, mas NÃO AS SUAS PALAVRAS.
Cabe-nos como os cristãos modernos, enriquecidos pela luz esclarecedora do
Espiritismo, o aprendizado de avaliarmos as suas assertivas em um contexto que
faça justiça aos conhecimentos absolutamente superiores que nortearam todas as
sentenças que porventura tenha expressado.
Nesse contexto é possível considerar que jamais houve em Jesus qualquer
intenção de colocar em mãos alheias o controle sobre as nossas vidas e
destinações. Os seus ensinamentos buscavam incansavelmente o ajuste individual
para fazer frente às responsabilidades diante dos próprios atos, conforme se
encontra descrito em Mateus 16:27. A lógica se contrapõe a entendermos ao pé da
letra que Jesus tenha se referido aos termos adversários e juiz dentro da
compreensão trivial que fazemos delas.
Segundo a Doutrina Espírita quem os nossos adversários são as pessoas
que caminham ao nosso lado? E ainda sob
o mesmo prisma há um juiz para nos condenar a qualquer destino? A resposta para
ambas as perguntas é NÃO, a Doutrina Espírita nos provê de conhecimentos tais
que nos impele de considerar que os adversários que o Evangelho propõe não são
senão os próprios enganos que cometemos quando estamos a caminho de nossas
finalidades espirituais, enquanto o juiz é a concepção ampliada do TEMPO.
Dispondo em nossas mãos a concepção da Reencarnação como uma sucessão de
experiências que nos associa ao comprometimento com as próprias atitudes, em
qualquer época da nossa existência, o Espiritismo ensina que o Tempo é o maior
bem que temos em nossas mãos. A associação do Tempo com os nossos erros e
acertos é que nos permite a confecção do caminho mais ou menos longo que
escolhemos para realizar a trajetória da ignorância à angelitude, ou como
disseram os Espíritos na questão 540 de O Livro dos Espíritos (“...desde o
átomo primitivo até o arcanjo que começou pelo átomo”).
A encarnação é uma nova oportunidade que temos em mãos para olharmos
frente a frente os nossos adversários interiores representados pelas
dificuldades de entendimento e aceitação dos processos que implicam o
aprendizado indutor da renovação de atitudes. Não sabemos quanto anos de
caminhada em cada existência está reservado para o corpo que nos serve de morada,
escola e às vezes até de prisão. Aí surge o Tempo como o juiz implacável que
nos trata com rigor e imparcialidade, de forma equânime, sem jamais cometer
nenhum tipo de injustiça nem abrir precedente a quem quer que seja passando de
forma igual para todas as pessoas.
Segundo nos ensina a Doutrina Espírita, em minha modesta opinião pessoal
em Mateus (5:25-26), Jesus nos adverte a tomar cuidado com os próprios erros
para que não suceda o malogro da encarnação que temos em mãos na presente
caminhada.
(*) Roberto Caldas é voluntário do Centro Espírita Grão de Mostarda
Orai e Vigiai. Nossa reforma íntima! Muito Obrigado. Até a próxima!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirExcelente artigo, pois, que vem a nos lembrar porque estamos por aqui. A terra nos oferece a escola que precisamos.
ResponderExcluirMuita paz a todos!