Por Francisco Castro (*)
A Casa Espírita, segundo o Art. 44, inciso IV, do
Código Civil Brasileiro, Lei 10.406/2002, é uma Organização Religiosa, mesmo
que na sua carta estatutária ainda seja denominada de associação.
Como organização deve ter uma estrutura
administrativa composta de um corpo de associados, assembleia geral e um órgão
diretivo. Essa estrutura organizacional em pouco ou nada difere das
organizações empresariais.
Nessa época do ano, final do terceiro trimestre, as
organizações empresariais encontram-se a braços com o planejamento do próximo
exercício, fazendo projeções, definindo prioridades, estabelecendo metas a
serem atingidas no ano vindouro.
As organizações de grande porte além de planejarem o
próximo exercício, geralmente chamado de planejamento operacional, aproveitam
para atualizar o plano estratégico que envolve um período de cinco anos ou mais.
Guardadas as devidas proporções, as Casas Espíritas também
devem utilizar ferramentas
organizacionais como planejamento, projetos e orçamentos.
O planejamento, nesse caso, deve envolver a casa (estrutura
física), os trabalhadores (estrutura humana), e seus objetivos como instituição
espírita (estrutura doutrinária), não necessariamente nessa ordem.
Salientamos que, em matéria de planejamento, não
podemos esquecer algumas palavrinhas chaves: o que, quando, quem, como e quanto
vai custar.
O principal dirigente deve convocar, ainda para o
mês de outubro, uma reunião da diretoria com essa finalidade. Essa reunião deve
ser aberta a alguns trabalhadores mais destacados ou mais antigos, cuja pauta
deve ser composta de uma análise das atividades: O que precisa ser
implementado? Quem ficará responsável por cada coisa? Onde buscar os recursos
necessários?
A título de exemplo, façamos algumas perguntas, iniciemos
pela estrutura física: Serão necessárias algumas reformas? Algum acréscimo ou
apenas manutenção? As acomodações são confortáveis? A ventilação é
satisfatória? A iluminação é adequada? Será que não está na hora de adquirir um
computador e um projetor multimídia? E outras indagações, que só quem conhece a
realidade da casa pode fazer.
Quanto a estrutura humana: será necessário algum tipo
de treinamento? Onde treinar? Na própria casa ou na Federação? Quem poderá ser
indicado para receber treinamento? É bom não esquecer que o melhor treinamento
é no próprio trabalho e de que, de nada adianta uma boa técnica se não for
acompanhada de um bom conhecimento doutrinário. Lembramos sempre que o
dirigente deve ser um caçador de talentos, deve procurar motivar novos
trabalhadores, estimulá-los no estudo da Doutrina e dar-lhes oportunidade de
trabalho, confiar tarefas cada vez mais importantes e acompanhar a execução
dando-lhes as orientações necessárias.
Chegamos à estrutura doutrinária, que das três é a
mais importante. O objetivo da Casa Espírita é o estudo, a difusão e a prática
da Doutrina, será que está sendo dada mais ênfase à prática ao invés do estudo
e da difusão da Doutrina? Não se pode praticar o que não se conhece. Será que
não está na hora de se buscar o equilíbrio entre essas três áreas? Na dúvida é
melhor se concentrar mais no estudo e na difusão do que na prática.
Como se vê não é preciso grandes conhecimentos de
administração para que se tenha uma Casa Espírita bem estruturada, basta que se
use o bom senso e um pouco de organização. Lembramos que uma ferramenta muito
importante é um orçamento das necessidades financeiras da casa. A quanto monta
a despesa mensal com o funcionamento da casa? Quantos sócios estão contribuindo
pontualmente com suas mensalidades? Com que receitas adicionais a instituição
pode contar? Será necessário fazer algum tipo movimento arrecadatório? O que
não se deve fazer nesse sentido?
Por fim não é preciso que se contrate nenhum
profissional para realizar um planejamento simples, basta um pouco de
iniciativa com uma pitada de criatividade. Mãos à obra é hora de pensar 2013!
(*)Francisco Castro de Sousa – Bel. Em Administração,
ex-professor de planejamento financeiro e de planejamento estratégico e
advogado militante. Voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Caro amigo Castro,
ResponderExcluirMuito pertinente seu texto. O Planejamento Estratégico é de fundamental importância para a sustentabilidade das organizações. Sem ela a Instituição não será proativa, mas reativa às circunstâncias do panorama doutrinário em que estiver inserida.
Parabéns!
Muito bom o texto, mas estou focado mais diretamente no outro lado da doutrina.
ResponderExcluirMeu Caro Jorge Luiz, parece que os dirigentes de casas espíritas não estão muito interessados nesse assunto. Decorridos 05 dias da postagem desse artigo não há comentários de nenhum dirigente, mesmo que seja para dizer que esse tipo de abordagem não os deixa interessados, quanto mais que ela seja útil. Esse tipo de planejamento é útil até para nós, individualmente, imagine para quem dirige uma instituição por menor que seja.
ResponderExcluirCastro
Caro amigo Castro!
ResponderExcluirEu não tenho dúvida disso. No meu entendimento, o estigma de profano que as atividades corporativas tomaram no contexto espírita, deixaram esse legado que somente tomará novo rumo quando os Espíritos que estão reencarnando na atualidade, assumirem a Direção do movimento espírita brasileiro.
Quiça ocorra!
Meus caros Castro e Jorge Luiz,
ResponderExcluiré, o tempo continuou passando e não houve nenhum comentário mesmo, mais não é por isso que deixaremos de fazer nossa parte. Sei da importância de boas direções em qualquer instituição, mais acredito que sempre aparecerá um bom líder para assumir em casos de omissões e apatias. Vamos manter o foco em cada ponto que acreditamos e defendemos. Devemos manter um estudo continuo para realizarmos uma boa prática e deixar que nossos exemplos seja nossa maior difusão. Forte abraço a todos que fazem este site.