terça-feira, 11 de setembro de 2012

OS ESPÍRITAS FAZEM PROSELITISMO?




 Por Francisco Castro (*)




Se entendermos que fazer proselitismo é montar barracas em praça pública, fazer pessoas assinar fichinha, ou ter que fazer promessa de aceitar essa ou aquela religião? Por outro lado, se entendermos que fazer proselitismo significa fazer visitação porta a porta no sentido de convencer alguém, ou de fazer com que uma pessoa tenha que aceitar essa ou aquela religião? Ou, ainda, de dizer que essa ou aquela religião é a verdadeira, ou de que essa ou aquela religião está errada? Não. Não, os Espíritas não fazem proselitismo!
Mas, se entendermos que fazer divulgação da existência da alma, da reencarnação, da comunicabilidade dos Espíritos, da Doutrina dos Espíritos, do Ensino Moral de Jesus e de que ele é modelo e guia da humanidade e não de certa parcela de uma nacionalidade ou de uma religião? A resposta é sim! Os Espíritas fazem proselitismo sim!
Qual seria então a razão de termos essa grande quantidade de jornais e revistas espíritas; de programas de rádio e televisão difundindo exclusivamente idéias espíritas; de cursos oferecidos pelas Casas Espíritas desde a Evangelização Espírita Infanto-Juvenil, Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, Estudo e Educação da Mediunidade, Seminários e Congressos Espíritas, Livrarias e Feiras de livros Espíritas e a grande distribuição de mensagens Espíritas levando orientação e consolo indistintamente a qualquer pessoa? Sem pedir que assine fichinha, ou que deixem essa ou aquela religião? Se não for para fazer proselitismo?

Ah! O termo proselitismo é aqui empregado na sua verdadeira acepção, que é divulgar uma ideia, uma filosofia, uma doutrina. E isso consagra a liberdade de pensamento e de religião que é assegurada pela Carta Magna vigente. Portanto, não podemos abrir mão de um direito que é assegurado constitucionalmente a todos os brasileiros, que professam essa ou aquela ideia, essa ou aquela doutrina, essa ou aquela filosofia. Por que não?
Talvez devamos perguntar: O que Allan Kardec pensava a respeito? Ele, na condição de Codificador dessa novel Doutrina, como via essa questão? Teria ele expressado o seu pensamento de forma clara a esse respeito? Será que ele foi ou seria contra a que os Espíritas fizessem ou façam proselitismo de uma Doutrina que, sem exigir que ninguém abra mão de suas convicções religiosas, possa viver melhor por compreender que a  vida não começa no nascimento do corpo e nem acaba com a morte desse mesmo corpo? Que os nossos entes queridos que já desencarnaram, continuam vivendo e nos amando, apenas em outra dimensão da vida?
Kardec jamais foi contra que se fizesse, ou que se faça proselitismo, muito pelo contrário, basta que se consulte o segundo livro da Codificação, O Livro dos Médiuns, capítulo III, cujo título é: Do Método. Vejamos como Kardec inicia o primeiro parágrafo desse capítulo: “ Muito natural e louvável é, em todos os adeptos, o desejo, que nunca será demais animar, de fazer prosélitos. Visando facilitar-lhes essa tarefa, aqui nos propomos examinar o caminho que nos parece mais seguro para se atingir esse objetivo, a fim de lhes pouparmos inúteis esforços.”  Kardec prossegue com esse capítulo do item nº 18 até o item nº 35.
O Codificador no Capítulo XXIX de O Livro dos Médiuns, mais precisamente no item nº 350, conclui: “Se o Espiritismo, conforme foi anunciado, tem que determinar a transformação da humanidade, claro que esse efeito ele só poderá produzir melhorando as massas, o que se verificará gradualmente, pouco a pouco, em consequência do aperfeiçoamento dos indivíduos.” Ora, como nós Espíritas podemos ter vergonha de divulgar uma Doutrina que  pode produzir esse tipo de efeito na sociedade, especialmente em uma sociedade tão conturbada como a brasileira? A não ser que tenhamos vergonha de evidenciar que essa Doutrina maravilhosa ainda não está produzindo em nós tais efeitos. Nós que já somos seus profitentes, alguns há várias décadas! Será por essa razão que estamos confinando a Doutrina Espírita?
Talvez seja pelas razões elencadas pelo Codificador na sequência desse item nº 350 de o Livro dos Médiuns: “Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele que a tem se torne melhor, mais benigno e indulgente para com seus semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade? De que serve ao avarento ser espírita, se continua avarento; ao orgulhoso, se se conserva cheio de si; ao invejoso, se permanece dominado pela inveja? Assim, poderiam todos os homens acreditar nas manifestações dos Espíritos e a Humanidade ficar estacionária”.
Vamos pensar nisso meus irmãos!
 

 (*) Francisco Castro (foto) advogado, escritor, expositor espírita e voluntário do Centro Espírita Grão de Mostarda

11 comentários:

  1. Proselitismo do bem, da paz, do amor, da caridade...

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  2. Se Kardec estivesse encarnado em nossos dias, penso que ele usaria a internet: blogs, redes sociais, emails. jonais, revistas, televisão, cinema enfim, tudo que pudesse divulgar o Espiritismo. Nós estamos fazendo isso mas a divulgação "de qualidade" é o nosso exemplo de bom caráter no meio em que vivemos...

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    1. Olá, Vera!
      Bom dia!
      É bom sempre ler todos os comentários. Ai vai o reconhecimento ao confrade Denísio também.
      Já que Kardec não está, estamos nós. Belíssima reflexão!

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  3. Parabéns pela escolha do tema!

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  4. Parabéns ao site!!! Mais de 5000 visualizações. Proselitismo ... divulgar a VIDA sempre.

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  5. Mesmo que irritemos, divulguemos. Afinal, para defender o que é nobre é preciso uma postura firme.







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  6. Para os amantes de poesia, aí vai uma nascida de minhas intranhas:

    Sou o canto
    Sou a melodia
    Sou o sonho
    Sou realidade
    Sou um homem

    Sou um deus que dorme
    Por sobre minhas virtudes
    Apressando-me e demolindo
    Os passos de minhas tolas Inclinações.

    Sou poeta que rima
    Dor com Esperança
    Que compõem versos
    Por entre os espinhos
    Sou errante - em seu sentido
    Mais profundo - que descortina
    O mundo a cada amanhecer
    Burilando o mundo interno
    De minhas insondáveis
    Impefeições

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    1. Olá, Alec!
      Prazer tê-lo em nossa família "Canteiro de Ideias".
      Para béns pela página poética.
      Abc

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  7. Por isso e outras,temos que sair da nossa redoma de proteção e fazer valer o que nos foi deixado de presente.De que vale idéias,verdades dentro de se,e muitas vezes não iluminamos nem nossa alma?É claro que devemos expandir,vivenciar,explorar ,fazer valer apena o que Kardec através dos nossos irmãos espirituais nos deixou.Sermos gratos por ainda assim,não desistirem da humanidade.A caridade (Divugação!)

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  8. Seria correto um espirita desenvolvido nesta Doutrina, esconder para um cristao sua crença de que Jesus nao morreu na cruz para a remissao dos pecados, pelo sangue derramado na cruz , de que este cristao a priore necessita participar das palestras e cursos, e depois de muito tempo quando este ex-cristao e um novo espirita aprende que Jesus passa a ser um Salvador moral, e nao de seus pecados. Se houvesse sinceridade nestes ensinos doutrinarios, por que nao ensinam que o espirita nao cre no sacrificio de Jesus para a salvaçao eterna???

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    1. Francisco Castro de Sousa26 de agosto de 2013 às 17:27

      Prezado confrade, quando abordei essa questão foi no sentido de que devemos divulgar a Doutrina Espírita por todos os meios possíveis, sem imaginarmos que, com isso, estejamos fazendo algo pecaminoso. Devemos entender que, divulgando a Doutrina tal como se encontra em "O Livro dos Espíritos", aqueles que a compreenderem na sua expressão mais verdadeira, sem dúvidas chegarão a essa conclusão que o nobre amigo sugere. No entanto, devemos entender e respeitar o ritmo de cada um, sem sofrimento e sem desejar apressar o processo individual. Devemos entender que a melhor forma de demonstrar que compreendemos isso é pelo exemplo. Me coloco à sua disposição pelo endereço: castro.adv@bol.com.br Castro

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