quinta-feira, 13 de setembro de 2012

PENSO, LOGO SOU!





“Pedir que os outros pensem com a nossa cabeça seria exigir que o mundo se adaptasse aos nossos caprichos, (...).” (Espírito Emmanuel)



Por Jorge Luiz (*)





Allan Kardec em a Revista Espírita de janeiro de 1867, afirma que todo homem que não se guia pela fé cega é, por isto mesmo, livre-pensador. A esse título os espíritas também são livres-pensadores. No entanto, ele faz uma distinção bem clara entre os espíritas e aqueles que são chamados os radicais do livre pensamento, numa acepção mais restrita.
            O Espiritismo estruturado em uma filosofia espiritualista, e sendo a filosofia o debruçar-se sobre si mesmo, não haveria uma denominação tão adequada.
            A liberdade de pensamento é bem clara na questão nº 833 de “O Livro dos Espíritos” quando os Reveladores espirituais afirmam que “é pelo pensamento que o homem goza de liberdade sem limites...”
            A Doutrina Espírita é uma doutrina dialógica, estruturada na reflexão e no debate. Não fosse Kardec um livre-pensador o Espiritismo não teria sido organizado e sistematizado pelo método da observação e da razão. Portanto, o Espiritismo é uma doutrina do livre-pensar, pois toca de perto todos os gêneros do conhecimento humano. Daí a expansibilidade que ela oferece ao espírita para exercer toda a sua potencialidade do livre-pensar.

            O espírita é livre-pensador. Ele não está sujeito à dominação, a estrutura de poder, a dogmas de fé, ritualística e espírito de seita. O livre-pensar não se sujeita a tempo e espaço. O livre-pensador é anarquista.
            O anarquismo (1) do espírita não é sem propósitos, sem proposta e sem mensagem, ele é estimulado para uma avaliação crítica e uma reavaliação do conhecimento tendo como paradigma o ensinamento dos Espíritos. O pensar espírita reconstrói permanentemente o conhecimento. Conhece a Verdade que liberta.
            O homem que não exerce o livre-pensar permite que a sua mente seja tomada por empréstimo. Alugada. Enclausurada. Não se dá conta que as ideias nela existentes nada há de original.  Com o livre-pensar a mente vive o presente. Sem ele a mente vive de promessas. Observemos o cenário religioso brasileiro.
            Sem o livre-pensar não há a filosofia espírita, pois é dele que ela se personifica e reconstrói para a expansibilidade do Ser moral e imortal; a alma Kardeciana.
            Confidenciava uma confreira e amiga que vivemos uma dicotomia muito grande no movimento espírita; uma doutrina que conclama a uma fé raciocinada à liberdade de pensamento e um movimento espírita dogmatizante, fechado para o exercício da liberdade de consciência. Muito reflexivo o seu posicionamento.
            No processo do pensar corre-se o risco de se disseminar a hipocrisia, assim dizem os Espíritos, no momento em que constrangemos o próximo a pensar como nós. Léon Denis lembra-nos que Allan Kardec “pôs-nos sempre de sobreaviso contra o dogmatismo e o espírito de seita; recomenda-nos sem cessar, nas suas obras, que não deixemos cristalizar o Espiritismo (...)”.
            A forma de pensar exigido pelas transformações morais que se operam no Planeta é includente, pois integra saberes. É um pensar compassivo, solidário, ético, leal, respeitoso e responsável.
            Só há redenção espiritual a partir desse pensar, que evolui para a compreensão, para o sentir, à assimilação que se integra à individualidade e resultará na vivência.. Sem esse processo o conhecimento fica a nível periférico do ego, construindo eruditismo árido, estéril e sem resultados morais sustentáveis. Portanto, o pensar não includente leva ao erro e a ilusão, parasitando a mente.
            A esse respeito Allan Kardec adverte-nos “que devemos compreender, procurarmos compreender, por que não queremos crer como cegos: o raciocínio é o facho luminoso que nos guia.”
            Essa racionalidade pregada por Kardec é fruto de uma consciência aberta pela sua própria natureza para a dialética espírita, num ir e vir incessante em existência lógica, pela própria lógica da Doutrina Espírita. O erro e a ilusão não cabem nesse sistema por força do exercício do livre-pensar.
            Estando a lei de Deus escrita em nossa Consciência só poderemos realizá-La através de ações voltadas para o Bem, nascidas da boa ordem que direcionarmos  nossos pensamentos.
            Pensando, eu Sou!  Tu És!  Nós Somos!

 (1) anarquia significa ausência de coerção, e não ausência de normas como o termo se popularizou por força de propagandas patronais de interesses políticos e religiosos.
 



 *Jorge Luiz, Personal Professional Coach, aposentado do Banco do Brasil, expositor espírita, livre-pensador e voluntário no Instituto de Cultura Espírita - ICE

7 comentários:

  1. Parabéns,
    Jorge.
    Brilhante dissertação, nos leva a uma profunda reflexão. Parabéns pelos 4 meses de blog!

    Luciana Lucas

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  2. Ligiane Neves - Casa do Caminho de Aquiraz13 de setembro de 2012 às 22:36

    A cada novo assunto fica a certeza do quanto está sendo importante esse trabalho para muitos de nós. Parabéns Jorge, pelo excelente trabalho de divulgação que vocês estão realizando.
    O assunto de hoje nos convida a uma reflexão muito profunda!

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    1. Olá, Ligiane!
      Aguardamos vocês no 20º ENESE. Soube que teremos um ônibus lotado.
      Valeu pela força!

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  3. Parabéns! Arquivo todos os trabalhos divulgados aqui! Muita Paz!!!

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  4. Clodoaldo Garcia Junior18 de setembro de 2012 às 10:25

    Parabéns Jorge!

    Nas ideias de Kardec e dos espíritos é que contém o pensar espírita. Sem o estudo sério por parte de cada um de nós da Doutrina Espírita continuará a existir os tradutores oficiais da obra de Jesus. Cada um tem o direito de aprender sem opressão e imposição orgulhosa de ninguém. Que pensar? saiba primeiro de que se trata. ninguém pode pensar com o cerébro do outro. Por isso, só se torna um livre pensador daquilo que se quer pensar se souber sobre o que esta se pensando. Sem isso continuaremos a colocar a direção de nosso caminho nas mãos dos outros e como consequencia nunca assumiremos nossas culpas.

    Muita paz!

    Clodoaldo

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