Por Roberto Caldas (*)
Jesus sabia o
quanto as suas lições precisariam da teimosia e da capacidade de Pedro, depois
que tivesse deixado o planeta, para que o grupo de homens e mulheres que
escolhera se mantivesse junto na divulgação da Boa Nova, no entanto via no
companheiro que abandonara as redes de pesca para segui-lo, um temperamento
estouvado e pueril que o tornava pouco confiável na execução da tarefa que lhe
seria apresentado depois que fossem finalizados os rituais da cruz.
Sábio e
conhecedor das técnicas de engrandecimento humano, eis que Jesus, no relato de
João(21:15 a 19) chama o pescador de Cafarnaum e lhe questiona inconteste:
Pedro, tu me amas? Ao que o interpelado responde com veemência que sim.
Questiona-o mais uma vez e escuta uma resposta positiva mais forte. Fá-lo pela
terceira vez até que percebe ter chamado a atenção do homem inquieto que
transitava dentro da alma do discípulo querido, pois a resposta vem carregada
de inquietação, força e entremeada de tristeza: Senhor, tu sabes
todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Na noite que precederia a sua prisão
novamente Jesus se volta a Pedro e lhe sentencia (Mateus 26:37) : Em verdade te digo: nesta noite mesma, antes
que o galo cante, três vezes me negarás.
O Mestre
queria vê-lo motivado a provar a si mesmo a abnegação que precisaria ter com o
libelo de liberdade e vida que deixaria em suas mãos depois de sua partida,
porque o sabia comprometido com a palavra e com a honra.
Qual não
terá sido o desespero de Pedro ao ouvir o canto do galo naquela madrugada e
lembrar as palavras de Jesus, “antes que o galo cante três vezes me negarás”. Jesus
tinha implantado em seu cérebro o mecanismo do insight, aquele clarão que põe
por terra qualquer dúvida e todo o medo de executar algo que não havíamos
percebido com clareza ainda.
As três
investidas de Jesus sobre o amor e a previsão de traição foram as cartadas
finais para o amadurecimento do amigo tão importante na propagação da Boa Nova
anos afora, amigo que terminou por cumprir a palavra que daria a própria vida
em seu nome.
Passados
2000 do daquela ocorrência resta-nos repassar o diálogo mental e silencioso de
Jesus com cada um de nós. Aquele mesmo diálogo sobre a possibilidade de O
amarmos. Depois termos a coragem de ouvir o galo cantando nas madrugadas de
nossas vidas enquanto O negamos pelas ruas das cidades, durante o exercício da
profissão, diante de um trânsito engarrafado, nas nossas lides dentro dos
centros espíritas, nas relações com as pessoas da família, nos momentos em que
somos chamados para testemunhar as nossas mudanças de comportamento. Sob o
argumento de que somos ainda imperfeitos nos escondemos da luz da renovação e
tecemos um rosário de desculpas ante os convites que a Doutrina Espírita nos
faz todos os dias em tornar-nos uma pessoa melhor, aquela pessoa que se
compromete em transformar-se em solução diante de qualquer problema que apareça
em nossas vidas.
Por quanto
tempo ainda vamos postergar o insight que consentiu a Pedro, o apóstolo, o
direito de tornar-se um amigo de Jesus?
(*) Roberto Caldas (foto) é médico, expositor espírita, integra o programa radiofônico Antena Espírita e é voluntário do Centro Espírita Grão de Mostarda
Na minha modesta aceitação, eu já aceitei! Muito Obrigado, Senhor!!! Que assim seja!
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