Por Gilberto Veras (*)
Não há obra que prescinda da base de sustentação, a
fundação não pode ser esquecida, pois dela origina-se o produto, isso é válido
para qualquer natureza de empreendimento, tanto material como espiritual. Se
essa fase for omitida os objetivos do projeto não serão alcançados, morrem na
beira da praia, exaustos de tanto nadar contra ondas revoltas que não encontram
apoio solidário e estabilizador, apenas o tempo de ocorrência do desastre se
apresenta diferenciado nos dois casos (o das obras espirituais é mais lento do
que o das materiais, fenômeno sempre observado nas duas modalidades de
trabalho, as realizações do espírito são mais demoradas do que as da matéria).
Restringir-me-ei
ao labor espiritual para defender esse entendimento, e aqui me parece óbvia a
necessidade de a execução do projeto iniciar pelo primeiro passo (a base, a
fundação), para alcançar, de modo eficaz e eficiente, desiderato divino, a
Felicidade do Espírito imortal que somos todos nós, filhos poderosos do Pai da
Vida. E qual é a primeira providência, aquela que se alinha com as leis
superiores?
Não
tenho dúvida de que o amor é a base de qualquer virtude com proposta de
melhoramento espiritual, é a força propulsora que motiva pelo efeito agradável
do bem-estar. Ninguém pode negar que o sentimento do amor é incentivador, nos
anima a vivenciá-lo fortemente, com entusiasmo natural e compreensivo, essa
energia impelente não pode ser descartada nos bons propósitos de vida, já que
nos sensibiliza, toca nossos corações, para que, de alma sentida, caminhemos
vitoriosos. Mas é preciso também compreender que a primeira atitude não deve
ser repetida indefinidamente, simplesmente por suscitar conforto pessoal, este
proceder resulta em marcar espaço, não engendra avanço como nos solicita a
vontade do Todo-Amoroso. Seguramente,
a sensibilidade amorosa é necessária, imprescindível mesmo, porém não é
suficiente, preciso se faz adiantar o movimento, articulá-lo para frente e para
cima, em novos caminhares, orientandos pelo estudo instrutivo.
Percebo
que a ordem das palavras no binômio doutrinário “amai-vos e instruí-vos” não
foi estabelecida por critério alfabético (embora assim se apresente), também
não foi disposta de modo aleatório, há razão maior, de conteúdo filosófico e
construtivo, e com intenção de nos remeter à disposição natural do sentir para fazer
e do fazer para sentir, em retroalimentação. Em dimensão maior, o exemplo do
Mestre Jesus na Terra confirma a sábia sequência, primeiramente implantou o
procedimento fundamental (amor) através do seu evangelho sentimental, e
prometeu novos ensinamentos no tempo apropriado, quando preparado estivesse o
homem para recebê-los (instrução).
Não
devemos nos acomodar com o sentir simples do primeiro degrau como, também, não
é sensato iniciar por passos vindouros, sem a necessária sustentação do
sentimento-motor, tal proceder acarretará, em algum momento, desânimo ou
desmascaramento, pois não há progresso efetivo impulsionado pelo sopro
impotente do orgulho vaidoso que atua isolado da faculdade áurea.
(*) poeta, escritor e voluntário do Instituto de Cultura Espírita - ICE.
A Lei que se faz necessária... sempre! Só verdade!!!
ResponderExcluirCompartilhado...
ResponderExcluir