“Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva
com a sua astúcia, assim também sejam de alguma
sorte
corrompidos os vossos entendimentos, e se apartem
da simplicidade que há em Cristo.” (2Cor, 11:3)
Como
a simplicidade da unidade de Allan Kardec tornou-se o “bicho de sete cabeças”
chamado unificação do movimento espírita brasileiro.
Jesus utilizou-se da simplicidade
das parábolas para facilitar o entendimento daqueles que o ouviam.
O triunfo da simplicidade é o surgimento
do fogo. Mentes simples e ignorantes através de um pedaço de madeira esfregando
noutro realizam a maior conquista do ser humano na pré-história. Podemos
vislumbrar essa epopeia no belíssimo filme “Guerra
do Fogo”.
Segundo o professor Herculano Pires,
Jesus criou a didática naturalista, ao recorrer frequentemente em termos
comparativos, sem artifícios, com simplicidade e naturalidade. A Pedagogia de
Jesus e sua didática naturalista renascem em Pestalozzi, que as transmite a
Allan Kardec.
Portanto a didática de Kardec segue
a didática naturalista de Jesus, que emprega uma linguagem de simplicidade e os
métodos naturais da razão e intuição.
Na sua condição de educador, Allan
Kardec utilizou-se da maiêutica socrática para a elaboração de “O Livro dos Espíritos”. Através do
diálogo com as Vozes do Céu, com perguntas simples, em “O Livro dos Espíritos” traz luz aos mais complexos problemas do
passado e do futuro da Humanidade.
Procurou formular a Doutrina com
clareza e precisão até nos mínimos detalhes com vista a propiciar aos
discípulos a construção da unidade, fundamental para a sua marcha progressiva.
Elaborou para isso o Projeto 1868.
Na edição da Revista Espírita de dezembro de 1861, em artigo intitulado “Organização do Espiritismo”, Kardec
mostra de forma clara e simples o caminho a ser seguido para se fundar a
unidade de princípios. Observem:
“(...) Quer a sociedade seja uma ou
fracionada, a uniformidade será a consequência natural da unidade de base que
os grupos adotarem. Será completa em todos os que seguirem a linha traçada em “O
Livro dos Espíritos” e em “O Livro dos Médiuns”. Um contém os
princípios da filosofia da ciência; o outro, as regras da parte experimental e
prática. Estas obras estão escritas com bastante clareza, de modo a não ensejar
interpretações divergentes, condição essencial de toda doutrina nova.”
A simplicidade para Kardec
seria o estudo sistematizado das obras acima citadas. Deveria ser. Mas, como nos versos de Drummond,
no meio do caminho tinha uma pedra. Tinha
uma pedra no meio do caminho: a vaidade humana. A vaidade subtrai o
bom senso.
Sistematizado significa, reduzido a
sistema, metódico, ordenado ou sistemático.
Em função da palavra sistematizado, somaram-se
os cursos em busca dessa sistematização. Surge a complexidade, nascida da
multiplicidade. Processos que oneram a instituição e o educando.
Economizar
tempo e recursos de toda ordem é simplicidade.
O Mestre lionês previu que o
Espiritismo teria que lutar contra as ideias tenazes daqueles que sempre estão
prontos por ligar seus nomes a uma inovação qualquer. Dos que adoram criar
novidades, pois sofrem com o amor-próprio por ocuparem posição secundária.
A complexidade corrompeu o
entendimento e apartou-nos da simplicidade que há em Cristo e em Kardec.
Atualmente, temos um contexto
doutrinário de superfície e o exercício da mediunidade distante dos singelos
ensinamentos dos Espíritos Reveladores.
Para Paulo Freire (1921-1997) a
simplicidade é a eterna virtude existencial. A simplicidade como virtude está
na atitude de ir direto às coisas, de não fazer curvas, de não ser cavernoso.
Por isso, a simplicidade de Paulo Freire não é sinônimo de facilidade, ao
contrário, ser simples não é ser fácil.
Simplicidade é perceber o essencial.
O Universo é simples. Da simplicidade de uma célula é que nascemos e nos
multiplicamos.
Para John Maeda, designer gráfico,
artista visual e cientista da computação estadunidense, a simplicidade consiste em subtrair o óbvio e acrescentar o significativo.
Não tendo o Espiritismo obviedades, nada tem, portanto, a se subtrair ou
acrescentar nas obras assinaladas por Kardec.
A simplicidade é a porta aberta para
a sabedoria.
A simplicidade segundo Rubem Alves,
é o voo das aves de volta à casa ao crepúsculo.
Simplicidade é isso, quando o
coração busca uma só coisa.
Compartilho nesse cenário, um verso
do Espírito Casimiro Cunha:
“Recorres, em pranto, ao Mestre,
Na
luta que te complica,
E
Jesus pede em silêncio:
Simplifica,
simplifica.
Simplifiquemos ! Sigamos Kardec! Sigamos Jesus!
Post Scriptum: É
bem provável que amanhã saiam por aí a dizer que sou contra o ESDE, ou tantos outros cursos. Não sou. O
propósito do texto foi apenas o de expor a ideia que Kardec defendeu para o
concurso da unidade de princípios e não afirmar se essa ou aquela metodologia é
ou não adequada. Eximir-me, ainda, de tecer comentários sobre a influência histórica, cultural e religiosa que interferem no processo em comento.
Parabéns Jorge, muito dirigente e espiritas precisam ler, ouvir e atentar pra simplicidade há muito perdida, como diz Herculano Pires, o Amadorismo precisa voltar aos centros espiritas.
ResponderExcluirOu talvez a empatia, observando o outro com aquele se ar de... "se fosse eu no lugar dele, será que eu aprenderia assim"... é quase um sentimento de companherismo.
ExcluirParabéns amigo! Entendi o que vc disse!
ResponderExcluirParabéns pelo texto amigo. Abraço fraterno a todos!
ResponderExcluirFernando Bezerra
Parabéns, gente boa! Excelente conselho!!!
ResponderExcluirHey, parabéns a simplicidade! Pestalozzi é de fato um marco na educação, visto que na época em que atuou os castigos físicos eram comuns nas escolas. Paulo Freire renovou a questão dos métodos de alfabezição.
ResponderExcluirNeles o sucesso se deu atraves da metodologia que utilizavam. Observe o aprendiz e aí terá o método.
Gostei da simplicidade do artigo, foi direto ao ponto: metodologia.
T+
*alfabetização
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