Por Alkíndar de Oliveira (*)
“Ide a pregai a palavra divina. É
chegada a hora em que deveis sacrificar, em favor da sua divulgação, hábitos,
trabalhos, ocupações fúteis. Ide e pregai: os Espíritos elevados estão
convosco."(Espírito Erasto)
As palavras do espírito protetor
Erasto, não só ressaltam a importância do espírita consciente em divulgar o
Espiritismo, como nos faz refletir sobre outro ângulo da necessária divulgação.
Leva-nos, as palavras de Erasto, a indagar:
"Será
que esse ‘Ide e pregai’ significa pregar as palavras divinas nas casas
espíritas, apenas?"
"Será
que Erasto não estava utilizando de uma amplitude maior, imaginando a
importância de pregarmos as palavras divinas não somente nas casas
espíritas?"
É importante que conscientizemo-nos,
que é missão dos espíritas, divulgar as palavras consoladoras não somente para
os espíritas, mas para todas as pessoas. Não teremos dúvida quanto a essa
dedução se atentarmos à seguinte frase contida no texto "Missão dos
Espíritas": "Certamente
falareis com pessoas que não quererão ouvir a palavra de Deus(...)".
Se o espírito Erasto disse que falaríamos a quem não quer ouvir a palavra de
Deus, certamente não estava se referindo aos frequentadores da Casa Espírita. A
boa lógica leva-nos a concluir que nossa missão vai além do que hoje estamos
fazendo. Precisamos começar uma
verdadeira cruzada a favor da divulgação de nossa Doutrina. O culto ao bezerro
de ouro precisa ser combatido com todas as forças.
Cruzada?
Combater o culto ao bezerro de ouro?
Ao leitor que assustou-se com as
palavras "cruzada" e "combater o o culto ao bezerro de
ouro", atenção: essas palavras não são do autor desse artigo. Estão no
Evangelho Segundo o Espiritismo, nosso guia de vida. Essas palavras são de Erasto,
que disse: "(...) parti em cruzada contra a injustiça e a maldade. Ide e
aniquilai esse culto ao bezerro de ouro, que se expande dia após dia. Ide, Deus
voz conduz!"
Talvez o leitor pense: "Será
que essas novas atitudes não implicariam em pisarmos em terreno perigoso?"
Caro leitor, Jesus e Kardec, não
pisaram em terrenos perigosos? Se Jesus e Kardec foram audaciosos, pisando em
terreno "minado", sendo maltratados, criticados e ultrajados, por que
nós espíritas devemos, tranquilos, continuar sendo levados ao sabor do vento
calmo?
Há um grande risco no ar!:
Somos humanos. Isso significa dizer,
somos falhos.
E, de repente, ansiosos por
seguirmos a sugestão de Erasto, ansiosos por sermos audaciosos, como foram
Jesus e Kardec, podemos errar. Podemos colocar os pés pelas mãos. A nossa
palavra, não obstante revestida da boa vontade, pode criar polêmicas inúteis.
Pode desrespeitar as demais instituições, pode projetar uma imagem negativa do
que é ser espírita, e do que é o Espiritismo. Por tudo isto, é importante que saibamos
que, para fazer parte do grupo que divulgue o Espiritismo além das quatro
paredes do Centro Espírita, é preciso que o espírita-divulgador tenha algumas
especiais qualidades, dentre elas:
Seja um profundo conhecedor da
Doutrina Espírita;
Seja espírita praticante;
Não faça proselitismo;
Respeite e valorize todas as
instituições religiosas;
Não entre em polêmicas inúteis;
Faça prevalecer, nas eventuais
discussões, o direito de escolha religiosa;
Agir sempre com brandura e bom
senso.
Sabemos que encontrar pessoas que
reúnam todas as qualidades acima não é impossível, mas, também, não é fácil. A
tendência natural é que acatem essa missão, os espíritas que mais abraçam as
palavras do que os atos,. E o ideal seria que estivessem à frente dessa cruzada,
aqueles espíritas que mais valorizam os atos do que as palavras. E geralmente,
obviamente com exceções, falta a esses por demais sensatos e grandiosos
espíritas uma qualidade extremamente necessária no mundo de hoje: falta
audácia.
Temos aí um dilema! Os que, por
direito adquirido (por serem espíritas exemplares) podem cumprir com essa
missão, tendem a não cumprir. Os que, ainda não adquiriram o direito de cumprir
com essa missão, querem cumpri-la.
Uma observação: a afirmação de que
os espíritas exemplares tendem a não cumprir com essa missão, talvez leve a
interpretações de que esses não trabalham a favor do Espiritismo. Não é isso.. Todos sabemos que cada vez mais os espíritas
estão atuando a favor do Espiritismo, que cada vez mais surgem compêndios e
livros esclarecedores, que cada vez mais a união e a unificação têm sido meta
de muitas casas espíritas. Fácil fica entender a afirmação de que "os
espíritas exemplares tendem a não cumprir com essa missão", se o leitor
não esquecer que esse artigo faz referência à um outro ângulo da divulgação,
que é a missão de levar o Espiritismo para fora da casa espírita. Caro leitor,
esse artigo que você está lendo deixa de ter sentido caso você já tenha visto
em sua cidade, através de cartazes, e também nos principais jornais, bem como
no rádio e na televisão, a divulgação de uma palestra espírita, dirigida aos
não espíritas, cujo tema seria (por exemplo) Conheça o Espiritismo e acabe com
seu preconceito. Aí vem a pergunta: é comum ocorrerem palestras espíritas dirigidas
aos não espíritas de sua cidade? A resposta, quase que geral, é
"não". Se assim é, estamos bem fazendo nossa parte em relação ao "Ide
e Pregai"?
Não podemos postergar essa nossa
missão de levar o Espiritismo além das quatro paredes do Centro Espírita.
O desafio aí está!
Joanna de Ângelis, de forma
explícita, também reforça a necessidade de levarmos, a outros cantos, a
essência da Doutrina Espírita. Nas páginas 175 e 176 do livro psicografado por
Divaldo Franco, Jesus e o Evangelho à luz da psicologia profunda, Leal Editora,
1ª edição, Joanna de Ângelis diz "cabem
neste momento graves compromissos que não podem e nem devem ser
postergados". Essa tão querida educadora espiritual passa-nos os
quatro procedimentos que cabem aos espíritas E que, repetindo, "não podem
e nem devem ser postergados":
Proclamar a Era Nova;
Demonstrar a existência do mundo
causal (causa e efeito);
Demonstrar a anterioridade do
Espírito ao corpo;
Demonstrar os incomparáveis recursos
saudáveis defluentes da conduta correta, dos pensamentos edificantes, da ação
do bem ininterrupto.
Joanna de Ângelis esclarece que os
procedimentos acima devem ser demonstrados "pela lógica e pelo bom senso,
assim como através da mediunidade dignificada". Alerta-nos ainda, que
esses procedimentos devem ser executados pelos "espíritas conscientes das
suas responsabilidades – aqueles mesmo que se equivocaram e agora recomeçam em
condições melhores –". E ainda complementa, devemos agir "sem
qualquer desconsideração pelos diferentes credos religiosos e filosofias
existentes."
Como espíritas, não nos esqueçamos: de
nossa missão, segundo Erasto, e dos nossos graves compromissos, segundo Joanna
de Ângelis.
Mãos à obra!
Sejamos espíritas audaciosos: sem
proselitismo e sem desrespeitar as demais instituições religiosas, levemos além
de nossas quatro paredes, as palavras consoladoras de nossa amada Doutrina.
Alkindar de Oliveira,
Palestrante, Escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, profere
palestras e ministra treinamentos comportamentais em todo o Brasil. Autor de
diversos livros pela editora Truffa
e-mail:
alkindar@terra.com.br
Site: http://www.alkindar.com.br
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