Por Jorge Luiz (*)
O Brasil acompanha atentamente o
julgamento do “mensalão” pelo Supremo Tribunal Federal. Fato interessante que
tem marcado o julgamento são os debates jurisprudenciais entre os ministros
Joaquim Barbosa, relator do processo e o revisor Ricardo Lewandowski. Palavras
fortes vêm sendo usadas e também intervenções de outros ministros.
O espírito de cizânia que se observa
talvez até torne as relações entre os envolvidos numa convivência difícil, o
que não acredito, tratando-se de magistrados integrantes da Alta Corte do
Brasil.
Aquilo que pareceria um problema, no
meu entendimento, é sinal de que realmente o órgão é suficientemente plural e
de que seus integrantes estão, de fato, empenhados na missão que lhes foi
confiada.
A rudeza discordante vista como
defeito no âmbito individual, converte-se em qualidade em uma corte da qual se
exige diversidade.
Essas lições ofertadas pelos
ministros do STF são importantes para um confrontamento com algumas situações
pitorescas que ocorrem nos grupamentos espíritas.
Recentemente, um confrade me
confidenciou que em função de discordância doutrinária com dirigentes da casa
que era voluntário foi convidado a não mais participar das atividades. Isto não
é um fato pontual, por incrível que pareça, mas ocorre com certa frequência.
Esse tipo de comportamento é de
extrema falta de caridade, rudeza, tirania, autoritarismo, e fere profundamente
os princípios espiritistas que esposamos.
Já comentamos algumas vezes nesse
blog da importância e riqueza que existe no pensar plural para o enriquecimento
individual e grupal.
Allan Kardec escreve em sua bandeira
o lema “Trabalho, Solidariedade e
Tolerância.” É óbvio que muitos ainda utilizam-na como mero exercício de
retórica. A ética espírita, no entanto, exige de cada um de nós a vivência
dessa tríade em nossas relações na vida ritual e especificamente na convivência
espírita.
A diversidade individual é a marca
do Criador em nós, construída pelas páginas reencarnatórias através da esteira
do tempo. A sua valorização é o próprio reconhecimento da reencarnação,
juntamente com o amor, de paradigmas maiores na estruturação de uma nova ordem
que já começa a vigorar no Planeta Terra.
Não gostamos de conviver com a
diferença quando exige de nós certo grau de tolerância, mas isso não ocorre
quando queremos exercer esse direito.
O que pesa e chama a atenção nessas
situações é que costumeiramente as discordâncias são de ordem doutrinária. Ora,
onde devemos buscar o esclarecimento das divergências dessa natureza? Nas obras
básicas, é óbvio. Sem emitir nenhum julgamento, há de se presumir que não há o
estudo espírita adequado nas Instituições em que situação da espécie ocorre.
Oscar Wilde (1854-1900), foi um dos
maiores escritores de língua inglesa do século XIX, afirmava que o
descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem e de uma nação.
No contexto espírita a tese de Wilde
não é verdadeira, pois, “os
incomodados não mudam”, duplo sentido. É de lamentável constatação!
Espera-se que todo dirigente de um
Centro Espírita bem organizado estruture sua instituição nas obras básicas
espíritas. Os aspectos científicos, filosóficos e morais, através dos seus
estudos, oferecem uma estrutura dinâmica e sólida que não permitirá
divergências desse vexame.
Allan Kardec a esse respeito é muito
claro: “Dissemos que o Espiritismo é toda
uma Ciência, toda uma Filosofia. Quem desejar conhecê-lo seriamente deve, pois,
como primeira condição submeter-se a um estudo sério e persuadir-se de
que, mais do que qualquer ciência, não se pode aprender brincando.”
A idéia que temos é que estão
realmente brincando de “faz de conta”, em nome do Espiritismo.
Os incomodados não mudam. Muito pelo
contrário!
(*)
Personal
& Professional Coach, expositor espírita, livre-pensador e voluntário do
Instituto de Cultura Espírita do Ceará.
Para o País mudar, é necessário que eles mudem!!!
ResponderExcluirPor Jackson Façanha
ResponderExcluirComentários Sobre Artigo de Jorge Luiz
Desde antes do surgimento dos primeiros sinais do desabrochar do Espiritismo, o seu idealizador espiritual o “Espirito da Verdade”, preocupou-se com a questão da União e da Humildade universal.
Ao delegar mais tarde a um de seus pupilos a responsabilidade de trabalhar na organização dos seus antigos ensinamentos e trabalhando novas reflexões... O “Espirito da Verdade” mostra a importância da união no sucesso de todo trabalho, orientando Kardec através da universalidade do s ensinos dos Espíritos deixa claro a importância da analise de todas as opiniões.
Refletindo a trazendo a realidade para os nossos dias, uma grande massa dos centros e casas Espiritas vem esquecendo alguns detalhes que é crucial na harmonia dos trabalhos... a orientação incondicional através das obras básicas é a bussola que norteia todos os que estão ou já afundaram no mar do personalismo. Tenho observado que este estudo individual e coletivo das obras básicas tem cada vez mais assim como o próprio Kardec ficado bem esquecido nos círculos de “Estudos Espíritas”.
Relembrando as palavras de Kardec como lema: Trabalho, Solidariedade e Tolerância que nos dias de hoje estão completamente esquecidos. Allan KARDEC: "Um dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade. O único meio de evitá-la, senão quanto ao presente, pelo menos quanto ao futuro, é formulá-la em todas as suas partes e até nos mais mínimos detalhes, com tanta precisão e clareza, que impossível se torne qualquer interpretação divergente."
Allan Kardec, Obras Póstumas, Projeto 1868.
É uma pena que pessoas que prezam pela fidelidade doutrinária sejam tachadas de Conservadores, Puritanos, ou mesmo revolucionários. Mas qual revolução está estes a levantar... se ser fiel a Doutrina dos Espíritos é obrigação de todo Espírita que se preze.
Jackson Façanha Damasceno. 20/10/2012
"Ditadura é a designação dos regimes não-democráticos ou antidemocráticos, ou seja, governos onde não há participação popular, ou que essa participação ocorre de maneira muito restrita. Na ditadura, o poder está em apenas uma instância, ao contrário do que acontece na democracia, onde o poder está em várias instâncias, como o Legislativo, o Executivo e o Judiciário."*
ResponderExcluirO que "Ditadura" tem a ver com o texto do Mestre Jorge Luiz?
Acredito que todo organização social, de qualquer origem, tem que viver sobre os preceitos democráticos, inclusive os Centros Espíritas. A atitude de tal dirigente, nos remete aos autoritarismos, vigente nos regimes ditatoriais onde, por um opinião diferente, um pensador seja convidado a se retirar (expulso mesmo!). E como toda democracia, é benéfica a troca de dirigentes de tempos em tempos, evitando assim, a fascinação.
*fonte: Wikipedia