Por Alkíndar de Oliveira (*)
Existem duas
principais maneiras de tornar possível o impossível, a primeira: utilizarmos do
bom senso; a segunda: não utilizarmos do bom senso. Pode parecer paradoxal esta
afirmação, e de fato ela a é. O lado positivo desta questão: a criatividade
aflora com mais facilidade a partir de análises meticulosas de questões paradoxais.
Uma interessante
informação: se fizermos a seguinte pergunta: “Qual é a qualidade que poucos
possuem, mas todos julgam possuí-la?”, a resposta mais óbvia será: bom senso.
Faça uma pesquisa sobre este tema. Pergunte a dez pessoas do seu relacionamento
se elas julgam ter bom senso. Essa é uma das poucas questões em que há
unanimidade nas respostas. Todos os seus amigos, sem nenhuma exceção, irão
dizer a você que são pessoas de bom senso. Mas, como você conhece-os bem,
concluirá que não é bem assim... Se quiser continuar a pesquisa, faça a mesma
pergunta a uma pessoa que você comprovadamente sabe que, se há uma qualidade
que ela não possui, essa qualidade é o bom senso. Porém, essa pessoa totalmente
desprovida de bom senso também dirá que tem essa qualidade.
Em meu livro Torne
Possível o Impossível, Editora Butterfly, comento sobre o que é uma pessoa
de bom senso: “É aquela pessoa ponderada. É aquela que, ao necessitar tomar uma
decisão em relação a determinada questão, sabe ponderar, isto é tem habilidade
para segmentá-la e atribuir pesos adequados a cada parte da questão. Na análise
de um problema, a pessoa de bom senso enxerga à sua frente uma pizza fatiada.
Cada fatia representa um ângulo do problema a ser analisado. E, assim, a pessoa
de bom senso valoriza cada um dos ângulos e toma a decisão mais conveniente,
que, como qualquer decisão, certamente desagradará a uns e outros (algo que a
pessoa de bom senso tem plena consciência, pois ela sabe respeitar e entender
as naturais diferenças de opiniões). A pessoa de bom senso também tem consciência
de que – uma vez tomada determinada decisão – terá que ‘trabalhar’ os
descontentes, pois, caso isso não seja feito, eles poderão influir
negativamente no resultado da ação a ser executada. Sabe a pessoa de bom senso
que o descontente em relação a determinada decisão geralmente torce (muitas
vezes de forma inconsciente até) para a ocorrência do insucesso.”
Vimos que
“utilizar o bom senso” é a primeira das duas principais maneiras de tornar
possível o impossível. Vamos à segunda maneira de tornar possível o impossível,
que é não utilizar o bom senso. “Não utilizar o bom senso!!!!?” Uma vez
que esta afirmação contraria o que afirmei em linhas anteriores, não é paradoxal
fazer tal afirmação? Acontece que não necessariamente a lógica linear deve
prevalecer.
Conviver com
paradoxos, agir muitas vezes de forma não-lógica (considerando o pensamento comum) devem ser
características básicas do líder atual. O líder que sempre segue a corrente faz
o que todos fazem. E quando uma empresa faz o que todas fazem, ela não inova. E
quem não inova não consegue tornar possível o impossível.
Peço especial
atenção para a afirmação a seguir: “não utilizar o bom senso”.Perceba
que não disse “não ter bom senso”. Em vez de não ter bom senso,
escrevi não utilizar o bom senso, o que é bem diferente. A pessoa de bom
senso pode, por sua conveniência, não o utilizar às vezes. A pessoa de bom
senso precisa ter consciência de que assim como em muitos momentos basta utilizar
o bom senso, também existirão momentos outros — em número cada vez mais
crescente — em que não utilizar o bom senso é a melhor saída. É aquele
momento em que você desprende-se das normas, ignora as regras, enfim,
reforçando, é o momento em que você contraria o senso comum.
Tornar possível o
impossível é consequência da inovação. E a inovação é fruto da criatividade
que, por sua vez, manifesta-se mais facilmente quando utilizamos de certa
irreverência, quando nos libertamos de normas e regras. Por isso é importante
deixar o bom senso de lado se quisermos criar um ambiente de certa irreverência.
Embora em alguns
momentos possamos reprimir o bom senso para que a criatividade tenha espaço
para aflorar, em outros devemos solicitá-lo a fim de colocarmos em ação as
idéias inovadoras que nos ocorrerem. Quando utilizar o bom senso? Quando não
utilizar o bom senso? O que irá determinar a crucial decisão será o nosso grau
de sensibilidade.
Concluindo,
utilizemos ou não o bom senso para o aflorar da criatividade, é importante que
saibamos que ele sempre deve estar presente na hora de colocarmos em ação as
idéias inovadoras que tivemos.
CURRÍCULO DO AUTOR:
(*) Alkindar
de Oliveira, Palestrante, Escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP,
profere palestras e ministra treinamentos comportamentais em todo o Brasil.
Juntamente
com sua equipe de consultores, tem seu foco de atuação em diversas áreas de treinamento,
como VISÃO SISTÊMICA, CULTURA DO DIÁLOGO, ORATÓRIA, LIDERANÇA, COACHING,
RELACIONAMENTO, MOTIVAÇÃO, COMUNICAÇÃO ESCRITA, COMUNICAÇÃO VERBAL,
CRIATIVIDADE, HUMANIZAÇÃO DO AMBIENTE EMPRESARIAL, VENDAS, FINANÇAS, EFICAZ
COMUNICAÇÃO INTERNA, NEGOCIAÇÃO, PRODUÇÃO/CHÃO DE FÁBRICA, ETC.
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