Por Gilberto Veras (*)
A marcha que movimenta o Espírito em
aperfeiçoamento é evolutiva, não há dúvida, mas a velocidade com que se
desenvolve não é regular, nem constante e muito menos comum a todos. Cada
pessoa caminha em função do grau de adiantamento espiritual que lhe é próprio,
singular, não existem duas criaturas humanas com a mesma capacidade ativa de
desenvolvimento, potencialmente sim, mas em operação não.
O Espírito numa mesma encarnação avança em diferentes
momentos de velocidades, como um veículo que se desloca no trânsito em função
de congestionamentos, ora é mais rápido, ora é mais devagar, e, diante de sinal
vermelho, paralisa. Nós também nos conduzimos assim. Quando o trânsito no rumo
de nossa potencialidade divina está relativamente saneado de sujeiras e
entulhos, nos deslocamos com certa liberdade e, em consequência, mais rápido
subimos, quando, no entanto, nos expomos às investidas do mal, seduzidos por
paixões egoísticas, a estrada recebe resíduos escorregadios deixados por chuva
de miasmas, e somos forçados a conter os passos e até mesmo estacionar no
aguardo de ventos favoráveis, mister compreender com lucidez que essa brisa boa
só nos beneficiará se houver de nossa parte empenho, força de vontade e conduta
receptiva a auxílios fraternos de ordem superior.
A consciência de limitações de progresso leva-nos à
compreensão do próximo e à tolerância com ele, porque todos nós estamos
submetidos às mesmas regras divinas, navegamos em velocidade relativa e única,
mas com a mesma destinação determinada pelo Inventor da Vida.
A preocupação deve se concentrar na vigilância com
a estrada íntima que nos conduz à sala divina de que fomos dotados pelo
Criador, é de bom alvitre envidar esforços para que esse caminho mantenha-se
limpo, livre e de fácil acesso, só assim evitaremos retardamentos
ininteligíveis na entrada triunfal ao reino dos céus, aperfeiçoados, de alma
depurada e livre das incursões maléficas. Mas como efetivar essa manutenção
especial num mundo inferior como o nosso, sob constante bombardeio pernicioso
de projéteis venenosos?
Realmente não é fácil porque por mais que
estejamos protegidos não faltarão irmãos outros para servirem de instrumentos
aos ataques do mal, e como ainda estamos em processo de aperfeiçoamento, sempre
seremos mais ou menos vitimados, o que não nos impede de reagir para
minimizarmos cada vez mais os estragos, até sairmos vitoriosos dessas agressões
vis e inevitáveis. E só há um procedimento válido: não se acomodar e perseverar
no bem com confiança na Bondade de Deus.
(*) aposentado do Banco do Brasil, poeta, escritor e autor das obras A Recompensa do Bem, O Extrato do Ser, Vinte Contos Conclusivos, dentre outras.
"...a compreensão das limitações do próximo e a tolerância para com suas atitudes ainda "infantis", são degraus para a nossa evolução..." Que guardemos em nossa mente essa verdade inquestionável e que a usemos sempre antes de nossas atitudes. Muita PAZ!!!!!!
ResponderExcluirMeu caro Gilberto, artigo muito interessante, bem colocado à luz da Doutrina Espírita, utilizando exemplos metafóricos que ajudam na assimilação da matéria. Abraços do Paulo Vale.
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