Diógenes, o filósofo, o mendigo e o cínico
(412 – 323 A.C) foi descrito como alguém que carregava uma lamparina em pleno
dia à procura de um homem honesto. Acreditava que uma virtude teria que
forçosamente constituir-se em uma prática de vida e criticava com extrema
veemência o verniz social com que a sociedade se vestia. Viveu a sua história
com a simplicidade daqueles que sabem exatamente o que querem para si durante
uma existência.
Passado
tanto tempo de proferidas as suas sentenças e alcançadas tantas novas lições de
convivência social-escritas e pactuadas leis e constituições - e o homem ainda
se vê incapaz de acreditar nas palavras dos seus semelhantes. Continuamos a
exercitar a virtude das palavras e deixamos que a atitude se permita cobrir com
os vernizes da desfaçatez diante das experiências do outro. O interesse pessoal
sobrepuja as fórmulas da convivência compartilhada e mergulhamos na piscina do
próprio umbigo, completamente embriagados pelo devaneio do querermos nos provar
em posse da razão. Estamos em grupo e conseguimos viver numa condição de
solidão demasiado dolorosa. Vivemos uma realidade ditada pelos princípios da
vida material e se exibimos crenças religiosas, as mesmas nem sempre se
revestem com os princípios da espiritualidade.
Vencer os ranços do
personalismo se constitui num dos mais poderosos obstáculos a serem vencidos na
trajetória do homem comum. Na pergunta 914 de O Livro dos Espíritos (“Parece bem difícil extinguir inteiramente
o egoísmo do coração do homem se ele estiver baseado no interesse pessoal;
pode-se conseguir isso?”) os amigos da espiritualidade propõem uma fórmula para o verdadeiro
encontro com a própria essência ao nos ensinarem que “à medida que os homens se esclarecem sobre as coisas
espirituais, dão menos valor às materiais. É preciso reformar as instituições
humanas que estimulam e mantêm o egoísmo. Isso depende da educação”.
Ralph Emerson,
filósofo do transcendentalismo nos convida à reflexão superior quando sentencia
que “a única recompensa da virtude é a própria virtude. O único modo de ter um
amigo é ser um”. Jesus nos ensina no Sermão do Monte a lição da convivência ao
asseverar: Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a
qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que
quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se
qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil. (Mateus 5:39 a
41).
Se é realmente nosso
propósito tornarmos a atual existência proveitosa à finalidade educativa, o que
haverá de nos permitir um caminho de autosuperação, tenhamos firmeza de espírito
na conquista desses três passos: O desafio de tornar-nos aquele homem a quem
Diógenes acharia em plena manhã, no meio da multidão. A aquisição da virtude da
amizade que exigimos no outro como o maior presente descrito por Emerson. A
capacidade de superarmos sem reatividade as exigências dos nossos pares ao largo
do caminho como proposto por Jesus.
Parabéns Roberto Caldas!
ResponderExcluirTaí... que eu gostei da passagem "Viveu a sua história com a simplicidade daqueles que sabem exatamente o que querem para si durante uma existência.", poucos sabem....
ResponderExcluirMuito bommmm!!!!
ResponderExcluirBem pensado...!!!! Parabéns, otima provocação pra reflexão💓💓
ResponderExcluirPassados quase 7 anos dessa publicação, eis que me encontro surpreendido pela necessidade da luta diária para a aquisição de tais virtudes sem que deixe de provar muitas derrotas ainda. Roberto Caldas
ResponderExcluirUm calunga sabe mais que um sapien.
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