Por
Jorge Luiz (*)
Certa feita,
realçava as competências de um confrade que na minha compreensão reúne
condições para exercer o principal cargo do movimento federativo cearense. Meu
interlocutor concordou com as minhas ponderações, contudo, fez questão de
frisar que o mesmo era tido por alguns como “radical”.
Aqui
e acolá deparamo-nos com esse rótulo-meme aplicado àqueles companheiros que de alguma
forma ou outra se posicionam contrários a comportamentos ou práticas que
conflitam com os fundamentos do Espiritismo.
Antes
de adentramos ao assunto na sua especificidade vamos ao verdadeiro significado
da palavra radical, recorrendo ao dicionário Michaelis: “Radical – Pertencente ou relativo à raiz. Que parte ou
provém da raiz. Relativo à base, ao fundamento, à origem de qualquer coisa;
fundamental.(...)”
Pela
substância natural da palavra é fácil de concluir que o adjetivo enriquece
alguém pelo sentimento da coerência; da convicção; do bom senso e da lógica. Enfim,
é uma virtude daquele que esposa uma ideia. Longe está, portanto, de ser uma
característica pejorativa e perniciosa que desqualifique e inabilite a quem
assim procede ao concurso de qualquer atividade no campo do ideal que abraçou.
Allan
Kardec em vários momentos mostrou o seu radicalismo diante de situações da
natureza. Em seu artigo Olhar
Retrospectivo Sobre o Movimento Espírita, (Revista Espírita – jan/1867),
assim ele reage ao relatar sobre pontos que poderiam comprometer a Doutrina
Espírita: “Que fazer nesta ocorrência? Uma coisa muito simples; fechar-se nos
estritos limites dos preceitos da Doutrina; esforçar-se em mostrar o que ela é
por seu próprio exemplo e declinar toda solidariedade com o que pudesse ser
feito em seu nome e que fosse capaz de desacreditá-la, porque não seria este o
caso de adeptos sérios e convictos.(...)”.
Parafraseando
Moisés¹, na belíssima assertiva sobre a mediunidade: oxalá que todo espírita fosse
radical! Certamente, estaríamos livres das práticas, estruturas e
ideias que tentam, vez por outra, introduzir no seio espírita, confundindo com
outras formas religiosas, num sincretismo de todo inaceitável, desvios
desnecessários, obstáculos tenazes no processo de unificação. É fácil de
estabelecer o nexo.
É preciso despojarmo-nos dos valores
preconcebidos, herdados da política-partidarista e deixarmo-nos inundar pelos
fundamentos espíritas, basilares para a construção de uma consciência lúcida,
desanuviadas do preconceito e da precipitação, dois vícios comuns da
espécie humana que, segundo René Descartes, prejudicam o juízo e impedem a
descoberta da verdade.
A
literalidade da palavra converte a todos os que pontuam suas atitudes e zelam
para que as diretrizes de suas casas sejam fundamentadas nas Obras Básicas,
como radicais, e deveríamos nos vangloriar por isso.
É
fácil de concluir que Confúcio tinha sábia razão ao afirmar que: “sem
conhecer a força das palavras é impossível conhecer os homens.”
¹ (Nm 11:26-29)
(*)
Professional & Personal Coach, expositor espírita, livre-pensador e
voluntário do Instituto de Cultura Espírita do Ceará – ICE.
Parabéns pelo texto...Sr. Jorge!
ResponderExcluirMuito Obrigado!!!
Belo texto!
ResponderExcluirMuito bom Jorge! Como sempre o que complica é o desconhecimento e o julgamento prévio daquilo que não se conhece... Espero que mais pessoas tenham acesso ao seu Canteiro de idéias. Com isso, quem sabe caia a trave dos olhos de quem faz críticas mas não faz a autocrítica.
ResponderExcluir