Por Luciano Klein (*)
Certa vez, quando passava por uma
das praças de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, a caminho da Federação Espírita
Brasileira, Leopoldo Machado topou com um jovem alcoolizado, alvo de chacotas e
zombarias. Profundamente sensibilizado com aquela cena, começou a pensar no
futuro dos jovens, principalmente os filhos de espíritas. Desde então, ao lado
de outros seareiros, passou a pensar na fundação de mocidades.
A primeira delas surgiu no Rio, na década de 1930,
no Centro Espírita Amaral Ornelas. A
segunda, em Nova Iguaçu, no Centro
Espírita Fé, esperança e Caridade, dirigida por Leopoldo. E a terceira, em
Três Rios, também no Rio de Janeiro, no Grupo
Espírita Fé e Esperança, coordenada por Ramiro Gama. Na década seguinte,
inúmeras outras apareceram em todo o País. O corolário desse esforço foi a
realização, no ano de 1948, do primeiro congresso de mocidades espíritas do
Brasil, no teatro João Caetano, na antiga capital da república.
Sob
a inspiração de Leopoldo Machado, José Borges dos Santos, presidente da Confederação Espírita Cearense, instituição
vinculada à Liga Espírita do Brasil, organizou, em 31 de março de 1948, a União das Mocidades Espíritas do Ceará, que
foi, ao que tudo indica, a primeira associação juvenil espiritista da terra de
Bezerra de Menezes.
Com um corpo de mais de 50 jovens, a Mocidade Espírita Cearense (nome com o
qual ficou conhecida) se evidenciaria pelo ímpeto, entusiasmo e determinação na
divulgação doutrinária. Sob a orientação de experientes “mentores” ( expressão
usada à época equivalente ao termo de
monitor), entre os quais, Theodorico da Costa Barroso – um dos bandeirantes do
nosso Movimento e autor, em 1954, da letra do hino da Mocidade , José Elias
Corrêa e o major Antônio Leite de Araújo (futuro General Leite), o grupo esteve
à frente de importantes atividades, sobressaindo-se: a implantação da Campanha
do Quilo, a formação de escolas de evangelização para crianças e a organização
de um conjunto de arte teatral. Seus membros idealizaram e promoveram
confraternizações de âmbito estadual e nacional. Milton Borges dos Santos, um
de seus coordenadores, em artigo no jornal “Terceiro Milênio”, edição de
setembro/outubro de 1978, vasculhando os escaninhos da memória, recorda
emocionado dos velhos companheiros: “(...)
Com os olhos da saudade, vejo aqueles jovens destemidos que durante anos
lutaram lado a lado: José Coriolano de Castro, Raimundo Rios, Raimundo M
Arrais, Mário Kaúla, Fernando, Wagner e Maria Amélia Menezes, Francisco
Firmiano, José Alves Filho, Orlando Borges, Raimundo Clóvis Queiroz, Maria de
Lourdes e Elizabeth de Carvalho, Alzira e Eunice Passos, Núbia e Noélia
Barbosa, Glice Sales, Laís e Helena Correia, Antônia Alice, Adamir Campos,
Francisco Carlos e tantos outros!(...)”.
O evento de maior repercussão realizado por
esses jovens foi a III Confraternização
de Mocidades e Juventudes Espíritas do Norte e Nordeste do Brasil, ocorrida
de 21 a 24 de julho de 1955. Patrocinada pelo Departamento de Juventude da
União Espírita Cearense (entidade federativa sucessora da Confederação a partir
de 1951), o certame teve apoio integral dos departamentos de juventudes de
órgãos espíritas federativos estaduais e do Departamento de Juventude da
Federação Espírita Brasileira.
Dentre os
participantes e representantes desse memorável conclave, a guisa de
curiosidade, anotamos: Agadyr Teixeira Torres, Jocer de Lacerda Santos,
Clemente Martins (Federação Espírita Brasileira); Yvonne Ellnvanger (RS); Avany
e Laurindo Cavalcanti (PB); Virgílio Sobrinho e Francisco Bispo (BA); Antônio
Monteiro de Jesus (SE); Heli da Rocha Nunes (PI); Lúcia Ramos Pinto (PA); João
Batista Guimarães Carvalho e Yóle Arsênia Silva (MA); Ismael Ramos Neves e Geraldo
Pereira de Paula (RN); Alfredo Ramos, Nerícia Tavares e Elisabeth Dantas
Cavalcanti (PE).
As
atividades previstas aconteceram na sede da União
Espírita Cearense, no Centro Espírita
Cearense e no auditório da Escola Normal. Para termos uma idéia da dimensão
desse fato, transcrevemos trecho da reportagem da autoria de Nerícia Tavares,
publicada na revista “A Voz da União”, de Recife, na edição julho/agosto de
1955, aludindo à conclusão dos trabalhos: “À noite do dia 24, no salão nobre da
Escola Normal, precisamente às 20 horas, teve início a sessão de encerramento,
irradiada pela PRE-9 (Ceará Rádio Clube). Encontravam-se presentes o Sr. General
Celso de Freitas; representante do Prefeito; o Sr. Major Antônio Leite,
representando a 10.ª Região Militar; Senhores Deputados e Vereadores; Imprensa
falada e escrita; presidentes de inúmeras sociedades espíritas e uma multidão
incalculável de espiritistas e admiradores que proporcionaram um ‘que’ de
beleza espiritual àquela cerimônia cristã (...) O Sr. Agadyr Torres pronunciou
a prece final, entregando a Deus a chave simbólica do encerramento(...)”.
(*) professor, historiador e Presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará - FEEC.
Parabenizo os leitores deste Blog por terem oportunidade de ler matérias da lavra do historiador Luciano Klein Filho, que deixou de citar ser ele mesmo, em passado não muito distante, integrante da Mocidade Espírita da Comunhão Espíritas Cearense. Ressalto o nome de confrades com quem convivi, mas que hoje já se encontram no plano espiritual, Mário kaula, Francisco Carlos (Chico Carlos) e José Alves Filho, todos da UEC - União Espírita Cearense e Agadir Teixeira Torres como atuante Secretário do CFN. Parabéns, portanto, ao Blog e ao Luciano.
ResponderExcluirSábado (15.12.) demos boas vindas ao Paulo Eduardo, hoje ao Luciano Klein. Assim, o blog vai em direção aos propósitos da sua construção: um espaço democrático onde as ideias publicadas favorecem ao fortalecimento da divulgação e vivência do Ideal Espírita.
ResponderExcluirQuem ganha com isso, além dos nossos leitores, é o movimento espírita como um todo.
Excelente matéria de registro histórico de nossas Mocidades Espíritas. fiz parte de uma Mocidade Espírita e, muito aprendi com os ensinamentos ali absorvidos. Na minha época, as mocidades Espíritas eram dinâmicas e, atuantes e, elegiam pelo voto direto seu presidente e, seu vice-presidente. Fazíamos, grandes seminários para discutirmos os postulados da Doutrina Espírita e, fomos formadores de uma geração que estudava com afinco a Codificação de Allan Kardec. Eu, fui Presidente da Mocidade da SECA-Sociedade Espírita de Cultura e Assistência, eleito quatro vezes (janeiro de 1980 a junho de 1986). Renunciei ao meu quarto mandato de Presidente de Mocidade para assumir o cargo de vice-presidente da CASA DE CARIDADE ADOLFO BEZERRA DE MENEZES DE NATAL-RN. As Mocidades Espíritas de outrora, prepara o jovem para a administração da Casa Espírita. Parabéns pelo trabalho de registro histórico! Fraternalmente, Esmeraldo Bezerra Cavalcanti Tomaz Villas-Boas (Dinho), ex-presidente da Mocidade da SECA.
ResponderExcluirExcelente matéria de registro histórico de nossas Mocidades Espíritas. fiz parte de uma Mocidade Espírita e, muito aprendi com os ensinamentos ali absorvidos. Na minha época, as mocidades Espíritas eram dinâmicas e, atuantes e, elegiam pelo voto direto seu presidente e, seu vice-presidente. Fazíamos, grandes seminários para discutirmos os postulados da Doutrina Espírita e, fomos formadores de uma geração que estudava com afinco a Codificação de Allan Kardec. Eu, fui Presidente da Mocidade da SECA-Sociedade Espírita de Cultura e Assistência, eleito quatro vezes (janeiro de 1980 a junho de 1986). Renunciei ao meu quarto mandato de Presidente de Mocidade para assumir o cargo de vice-presidente da CASA DE CARIDADE ADOLFO BEZERRA DE MENEZES DE NATAL-RN. As Mocidades Espíritas de outrora, prepara o jovem para a administração da Casa Espírita. Parabéns pelo trabalho de registro histórico! Fraternalmente, Esmeraldo Bezerra Cavalcanti Tomaz Villas-Boas (Dinho), ex-presidente da Mocidade da SECA.
ResponderExcluirRaimundo Clóvis Queiroz meu avô
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