O que nos falta é a capacidade de traduzir em proposta aquilo que ilumina a nossa inteligência e mobiliza nossos corações: a construção de um novo mundo. ( Betinho )
Dia 11 de novembro p.p,
participei da Marcha Pela Vida, ato
organizado pelo Movimento Pró Vida,
que visa barrar a descriminalização do aborto e da eutanásia prevista no
pré-projeto da reforma do Código Penal Brasileiro, em curso no Congresso
Nacional. Segundo os organizadores, a marcha contou com cerca de cinco mil
pessoas e com apoio de artistas, religiosos, políticos e populares.
A
Instituição na qual sou voluntário suspendeu as atividades do dia para que,
juntamente com os frequentadores, pudéssemos participar do movimento. A
iniciativa tocou-me profundamente. Isso é ativismo espírita.
Não
contabilizei meia dúzia de Instituições espíritas presentes. Situação não muito
diferente entre católicos, protestantes e evangélicos. Vale registrar que 83%
da população brasileira dizem-se contrária à descriminalização do aborto. Isso
é significativo.
Ativismo
espírita está bem delineado no capítulo XVII, de “O Evangelho Segundo Espiritismo”, mensagem “O Homem no Mundo”, assinada por Um Espírito Protetor, quando ele afirma que somente encontraremos
oportunidades de praticar a caridade sem limites no contato com os semelhantes
e nas lutas mais penosas que afligem o Homem.
Ativismo
espírita são iniciativas práticas de contextura moral que privilegiam ações
em favor da vida, da ética e das transformações da realidade pela
transformação do homem, tendo como fundamentos os princípios espíritas.
Ativismo
espírita é revolucionário, mas não reacionário. É viril, mas não intolerante. É
político, não partidarista. Emula a
coragem, não a valentia e a desordem. Faz do dever uma obrigação moral para
consigo e com o próximo. É racional, e não fanático. É pacífico e fraterno.
Ativismo
espírita dá-se através de meios de comunicação, nas instituições espíritas, na
integração dos espíritas e suas instituições em movimentos sociais pela
transformação do homem e em defesa e valorização da vida.
É denominado “ativismo de sofá” quem
se dedica a utilizar de forma ética a internet
para disseminar suas ideologias, fortalecendo a causa que defende e
argumentar em favor delas. Há muita polêmica sobre o assunto. Fica aqui apenas
o registro.
É
preciso se fazer distinção entre ativismo e divulgação espírita.
Divulgação espírita são iniciativas que buscam popularizar o Espiritismo. O ativismo espírita é uma ação
direta em defesa de uma causa, que violentem os direitos à Vida e do homem,
enquanto Espírito encarnado. Assuntos que estejam na ordem do dia,
necessariamente devem ser analisados e discutidos com a Sociedade através das
suas Instituições representativas, sob a óptica espírita. Exemplos: suicídio,
aborto, eutanásia, criminalidade, pena de morte, doação de órgãos, embriões
congelados, células tronco etc.
O
ativismo espírita da Associação Médico-Espírita do Brasil, na pessoa da Dra.
Marlene Nobre deve ser inspirador para todos nós. O ativismo espírita nas
iniciativas em assistência social deve se estender em todos os níveis da problemática
humana.
Allan
Kardec é decisivo sobre essa questão quando da elaboração do Projeto 1868. Ele afirma que as
instituições espíritas devem exercer uma grande influência sobre a Sociedade, servindo de centro e de ponto de ligação donde
parta um ensinamento preponderante sobre a opinião pública.
O
ativista espírita não deve se conformar com o mundo, como bem afirma o Apóstolo
Paulo em sua Epístola aos Romanos, mas transformá-lo renovando a maneira de
pensar e julgar, sabendo diferenciar o que é da vontade de Deus e dos homens.
É
preciso, pois, resgatar o ativismo espírita de Herculano Pires, Cairbar Schutel,
Eurípedes Barsanulfo, Anália Franco, Francisco Cândido Xavier e Aparecida
Ferreira.
Não
será aplicando passes, água fluidificada e em constante comunicação do o Alto
que iremos transformar o mundo. Só realizaremos isso com ativismo espírita.
Pensemos
nisso!
Post Scriptum: além dos voluntários e
frequentadores do Instituto de Cultura Espírita, do meu conhecimento, constatei
a presença de voluntários do Grão de Mostarda, do Paulo Estevão e da Federação
Espírita do Estado do Ceará.
(*)
Professional & Personal Coach, expositor espírita e voluntário do ICE.
Plenamente concordado!!! Muita Paz!
ResponderExcluirCaro amigo Jorge, parabéns pela matéria! Mas gostaria de fazer uma pergunta. Não seria o trabalho na casa espírita um ativismo espírita? Pelos cursos que proporciona, pelo esclarecimento que oferta e o consolo aos aflitos do mundo? Entendo que seja muito tímida a participação do movimento espírita em causas tão importantes para a humanidade, muito bem colocado em sua dissertação. Então, como poderemos fazer para estimular os espíritas a participarem desse ativismo fora da casa espírita, mas empunhando a bandeira espírita com seus ideais de um mundo de bem? Como sensibilizar os dirigentes espíritas para esse fim? Ficam aqui minha indagações para a participação de todos. Um abraço fraterno a todos!
ResponderExcluirFernando Bezerra
Caro Fernando,
ExcluirGrato pelas considerações e provocações!
A instituição espírita é o foro adequado para se realizar o ativismo espírita, como citei no texto. No entanto, maioria dos dirigentes espíritas não articulam essa possibilidade. Há um receio de se abordar temas polêmicos, principalmente os que tocam em questões políticas, por exemplo. O homem é político por natureza, isso não quer dizer que tome defesa partidária. Portanto, questões que afetam a Sociedade como um todo devem ser discutidas em nossas Instituições para se construir consciências cidadãs-espíritas. A Doutrina espírita é revolucionária e os espíritas assim devem ser. O dirigente espírita tem que ter consciência dessa realidade.
Caro amigo Jorge, as minhas provocações são justamente para suscitar o debate a cerca do tema, até porque vemos algumas dessas questões levantadas como o caso do ABORTO, não serem discutidas de uma forma mais abragente dentro da concepção espírita trazida pelos espíritos reveladores e muitas vezes não ser permitido palestras a esse respeito em determinadas casas espíritas. Nesse ponto precisamos avançar muito, por isso felicito a sua matéria publicada hoje. Grande abraço.
ExcluirFernando Bezerra