“Eu adoro quando alguém me tira da
ignorância
e me mostra alguma coisa que eu não
sabia;
isso acontece praticamente todo o dia” (*)
(Zélia Ducan)
Por Jorge Luiz (**)
São inegáveis os avanços das ciências no que diz
respeito à fisiologia do homem. No entanto, pela ausência de um diálogo entre
os vários pensares científicos, o homem continua sendo o “grande desconhecido” de si mesmo. O homem é, portanto, o cadáver
da anatomia, o cérebro da neurociência, os genes da biologia, a consciência
observada pelos psicólogos e mestres espirituais.
Por falta de referência lógica e racional da sua origem, natureza e destinação,
o autoconhecimento fica sendo difícil desafio para as experiências do Homem na
Terra. Vivemos imersos em oceano de subjetividades tão real como o mundo das
objetividades. Alexis Carrel (1873-1944), prêmio Nobel de Medicina de 1912,
afirmava que “Cada um de nós é uma
procissão de fantasmas, no meio da qual marcha a realidade incognoscível.”
Sócrates (469 a.C-399 a.C), filósofo ateniense, foi quem melhor expressou
acerca da ignorância humana através da sua clássica afirmativa: “parece que sou um nadinha mais sábio que
ele exatamente em não supor que saiba o que não sei”, daí,
fez-se o homem mais sábio de Atenas, seguindo a consulta de Querefonte ao
oráculo de Delfos. Outro que se declarou ignorante foi Santo Agostinho
(350-430), o bispo de Hipona, sobre a definição do tempo: “Se ninguém me perguntar, eu sei, porém, se
quiser explicar a quem me perguntar, já não sei”.
A ignorância de Sócrates justapõe-se à ignorância Agostiniana. A confissão da
ignorância socrática evidencia-se em seus diálogos em dois tipos de
conhecimento: o verdadeiro ou
justificado e a certeza. O que ele dizia nada saber era sobre a certeza; o conhecimento absolutamente certo, pois esse, na compreensão grega
e socrática, só pertencia aos deuses.
Ao atestar a sua ignorância Zélia Ducan revela mente de aprendiz. A mente de
aprendiz é permitir-se aberto radicalmente para a dúvida ante a possibilidade
de estarmos enganados sobre nós mesmos, nossas crenças, idiossincrasias,
paixões e valores. É um permanente estágio exploratório e dialógico. O saudoso
Chico Xavier afirmava que a sabedoria
superior é ser um eterno aprendiz da escola da vida.
Na questão 115 de “O Livro dos
Espíritos”, os Reveladores Celestes afirmam que todos os Espíritos são
criados simples e ignorantes e se instruem através das múltiplas
experiências na vida material. Já na questão 919 o Espírito Santo Agostinho
recomenda o conhecimento de si mesmo
como o meio mais prático e eficaz para se melhorar nessa vida. É óbvio,
portanto, que o conhecimento de si mesmo inicia-se com o reconhecimento da
própria ignorância. São indissociáveis
O orgulho e o egoísmo são os maiores obstáculos para a concretização desse
desiderato.
Tinha bastas razões Albert Einstein quando elaborou a fórmula matemática do
conhecimento, associando-o ao ego: "Quanto mais conhecimento, menor o
ego; quanto maior o ego, menor o conhecimento."
Podemos deduzir do conceito dos Benfeitores Espirituais que o estado quando da
criação – simples e ignorante - é permanente na trajetória evolutiva do
Espírito. Dirigidos pela Lei do Progresso, as caractrísticas de simplicidade e
ignorância variarão por matizes diversos, de acordo com a moral e a
intelectualidade. É a Verdade que liberta, no ensino do Meigo Nazareno.
O Espiritismo apresenta
conceitos novos sobre o homem e tudo que o cerca, toca em todas as áreas do
conhecimento humano, das atividades e dos comportamentos do Homem, abrindo uma
nova era para a regeneração da Humanidade: a
Era do Espírito.
Dessa forma, o Espiritismo
possibilita àqueles que se dedicam a estudá-lo uma riqueza de conhecimentos. O
estudioso do Espiritismo habilita-se
a ter uma mundividência que foge aos padrões de segmentos científicos,
filosóficos e religiosos. Isso, no entanto, não significa domínio circunscrito
do vastíssimo e infinito conhecimento humano. É uma gota d’agua no oceano da
Vida.
Insuflado pelo ego do individualismo, o movimento espírita brasileiro perdeu-se
em eruditismo sem relevo, verborrágico e estéril, subvertendo o poder de
criticidade e a prorrogativa de construção da cultura espírita, como estrutura
viva e operadora de mudanças do homem e consequentemente do meio onde ele se
insere.
(*) a frase inspiradora do texto que consta no show
DVD da autora e foi enviada pela seguidora do Canteiro de Ideias, Kátia Abreu,
voluntária do ICE.
(**) livre pensador, expositor espírita e voluntário
do ICE.
Gostei do texto... adorei a formula do Albert Einstein!
ResponderExcluirInteressante Jorge, na nossa caminhada nossa condição de simples e ignorantes, estará sempre conosco. É verdade, o egoismo é nosso maior obstáculo. Acredito que ao estudarmos a doutrina e sobretudo sentí-la, poderemos lançar mao desse vasto conhecimento que somente ela pode nos oferta. Parabéns, Jorge, por mais um texto maravilhoso! Um grande abraço e feliz 2013 para todos os colaboradores do Canteiro! Esse cantinho das ideias tem causado, sem dúvida, muitas reflexões!
ResponderExcluirOlá, Ligiane!
ResponderExcluirValeu pelas palavras de incentivo.
Adorei o "cantinho das ideias e "muitas reflexões". Esse é o propósito do blog.
Feliz 2013!
Citaria o orgulho como grande insuflador de egos e maior obstaculo a ser transposto... principalmente em relacao aos q 'ousaram' nos magoar ! Bjao carissimo ! Aline Loiola
ResponderExcluir