"Mas bem-aventurados os vossos olhos que veem,
e os vossos ouvidos, porque ouvem." (Jesus)
José Herculano Pires (1914-1979),
paulista de Avaré, jornalista, filósofo, educador e escritor espírita, na
opinião do Espírito Emmanuel, guia espiritual de Francisco Cândido Xavier, foi
o “metro
que melhor mediu Kardec.”
Sem sombra de dúvidas, o Profr Herculano
Pires em suas obras, elaborou “procedimento cirúrgico invasivo” no movimento
espírita brasileiro, penetrando em suas entranhas e diagnosticando todas as
mazelas que se disseminam em seu corpo doutrinário
e diretivo. Apresentou a terapêutica adequada para a cura desses processos
“infecciosos.”
Não deixava nada nas entrelinhas.
Foi crítico e engajado no combate a tudo que poderia impedir o progresso da
Doutrina Espírita. Conclamava a todos à luta contra as proliferações nefastas e
deixava claro que o não engajamento seria incentivar a sua disseminação.
Por isso, não agradou a muitos. Hoje é pouco lido e desconhecido pela maioria
dos espíritas.
No meu entendimento, foi e continua
sendo o espírita que melhor elaborou interface da filosofia espírita com as
escolas filosóficas clássicas. Dessa interface ele exaltou a ciência e a
moral espíritas.
Herculano Pires foi o intérprete fidelíssimo
de Allan Kardec e das Obras Básicas do Espiritismo.
Portanto, é o grande paradigma do significado de fidelidade a Allan
Kardec. Transgredia no pensar, próprio da reflexão de filósofo que era e por
isso não permitia meio termo ao
combater comportamentos e procedimentos que ferissem aos princípios espíritas e
ao pensamento Kardeciano. Encarnava o “sim, sim; não, nao” de Jesus. Estude-mo-lo!
Allan Kardec elaborou o Espiritismo
de forma clara e objetiva de não deixar dúvidas para os profitentes. Embora
sejam simétricas, no meu entendimento, é preciso distinguir fidelidade
doutrinária e fidelidade a Kardec.
Por quê?
A fidelidade doutrinária está
claramente consubstanciada nas obras básicas, basta compulsá-las. A fidelidade
a Kardec que aqui me refiro, é comportamental; atitudinal; de caráter;
moral. É ser um Ser pedagógico. Kardec
viveu o Espiritismo, da mesma forma
que Jesus viveu o Cristianismo.
Para que não pairem dúvidas, fidelidade
a Kardec é ser:
a.
Sensato:
Camille Flamarion, no
seu discurso junto ao túmulo de Kardec foi muito feliz quando o chamou de bom
senso encarnado. Kardec era a circunspecção viva. Refutava os
princípios, não os indivíduos.
b.
Humilde: Fez-se anônimo. Tornou-se “pequeno”
para que a Doutrina fosse vista em toda a sua pujança. Nunca se disse chefe de
coisa alguma, porém afirmava que se os espíritas entendiam essa autoridade, era
puramente moral. Aspirava apenas o “modesto título de propagador” da
Doutrina Espírita.
c.
Tolerante e Solidário:
André Moreil,
biógrafo de Allan Kardec assim se pronuncia: ”Em sua bandeira inscrevera o mestre estas palavras: Trabalho, Solidariedade e Tolerância. Em
mensagem psicografada em abril de 1869, 30 dias após o seu passamento, ele
conclama: “O que vos recomendo
principalmente e antes de tudo, é a tolerância, a afeição, a simpatia
uns para com os outros e também para com os incrédulos.”
d.
Judicioso:
Tratava todos com
igualdade. Ele afirmou certa ocasião, que em suas reuniões o príncipe
sentava-se ao lado do operário.
e. Corajoso:
Tinha consciência da
sua tarefa e sabia que não era toda de rosas, mas afirmava: “Não me lamenteis, porque eu próprio não me
queixo; tenho a pele de um elefante para as mordidelas; ela é a prova de bala.”
Editou o primeiro número Revista Espírita sem dispor de recursos suficientes. André
Compte-Sponville, filósofo francês, afirma que a coragem, como traço psicológico,
só se torna uma virtude quando a serviço
de outrem ou de uma causa geral ou generosa. Kardec é virtuoso pela
coragem.
Enfrentou
o pensamento materialista científico e niilista do seu século, afirmando que os
fenômenos das mesas que giravam eram inteligentes e tinham como origem a
inteligência daqueles considerados “mortos”.
Dizia:
“existem polêmicas e polêmicas. Jamais se
afastava de uma discussão séria, em defesa dos princípios que professava.”
f. Ceticista: Anna Blackwell que o conheceu
pessoalmente considerou-o “incrédulo por
natureza e por educação, pensador seguro e lógico, e eminentemente prático no
pensamento e na ação. Era igualmente emancipado do misticismo e do entusiasmo.”
g. Caridoso: Documento achado em seus papéis após
sua desencarnação foi revelado pensamentos íntimos seus sobre a caridade onde
afirmou: “Estes princípios, para mim, não
existem apenas em teoria, pois que os ponho em pratica.” (...) Continuarei,
pois, a fazer todo o bem que me seja possível, mesmo aos meus inimigos,
porquanto o ódio não me cega. Sempre estenderei as mãos, para tirá-los de um
precipício, se se oferecer oportunidades.”
Poderia
ir mais além, digo-me, no entanto, satisfeito.
Por
questão de sobrevivência, necessitamos que a fidelidade a Kardec saia de simbologia-ortodoxa-doutrinária, para os
exercícios práticos das nossas vidas
e instituições. Para que se tire o Espiritismo desse caos doutrinário que
assola o seu movimento ideológico, há a necessidade da fidelidade a Kardec da
parte de todo espírita convicto de suas responsabilidades sociais, culturais e
espirituais.
Fica, por último, a advertência do
Espírito Bezerra de Menezes: “Seja Allan Kardec, não apenas crido ou
sentido, apregoado ou manifestado, a nossa bandeira, mas suficientemente vivido,
sofrido, chorado e realizado em nossas próprias vidas. Sem essa base é difícil
forjar o caráter do espírita-cristão que o mundo conturbado espera de nós pela
unificação.”
Pensemos
nisso!
Jorge, parabéns por esse material!
ResponderExcluirKardec precisa não apenas ser lembrado, sobretudo compreendido. Muito oportuna a sua publicação! Um grande abraço, que vocês do blob possam continuar dando essa contribuição tão importante para o movimento espírita. Ao sucesso, sempre!!!!!!!
Caro Jorge,
ResponderExcluirAssino embaixo o seu artigo. Penso que eu não faria melhor. Parabéns!
Jorge parabéns, como a Ligiane disse " Kardec precisa não apenas ser lembrado", precisamos combater o pensamento de alguns que ousam dizer que Kardec esta ultrapassado, como ja ouvi de alguns que se dizem espiritas, enquanto tiver foça estarei trabalhando e divulgando e combatendo certas ideias, mas precisamos de muitas inicativas com a sua para fortalecer cada vez mais o movimento.
ResponderExcluirAbraço.