“Bem sabeis que os governadores
dos gentios os dominam e que os grandes
exercem autoridade sobre eles.
Não será assim entre vós.
Pelo contrário, todo aquele que, entre
vós,
quiser tornar-se grande, seja vosso
servo,
e quem dentre vós quiser ser o primeiro,
seja vosso escravo – (...)
Jesus (Mt, 20:25-28)
Por
Jorge Luiz (*)
Não há dúvidas que
atravessamos uma crise no movimento espírita. Não há necessidade de
clarividência para isso. Considero que a gênese de todos eles, sem medo de
errar, reside no perfil de gestão. Há escassez de líderes espíritas.
Consequentemente, o estilo diretivo de competências não construiu uma identidade.
Paulo Gaudêncio, médico psiquiatra com foco no ajustamento humano no campo
profissional, afirma que a crise origina-se com o choque que se
estabelece entre a ideia que caminhou e a estrutura que permaneceu. Fortalece meu
ponto de vista.
Utilizo três terminologias para estabelecer,
tecnicamente, uma diferença entre gestor, líder e dirigente.
Para isso utilizarei a proposta da professora Betânia Tanure, pesquisadora da
Universidade Católica de Minas Gerais, relacionando os três papéis às sete
dimensões principais que ela identificou em uma organização:
·
Gestor
- Dimensões mais racionais: estratégia, estrutura e processo;
·
Líder
- Dimensões mais emocionais: pessoas, cultura e liderança;
·
Dirigente
- Dimensão da visão de futuro (movimento espírita): articula os dois grupos em torno do propósito da organização.
Pelo esquema acima, deduz-se que o
gestor detém cargo de chefia, lida com mais com o racional, estando vinculado
mais à parte operacional da organização. No entanto, esse perfil é pouco para
uma organização que trabalha com transformação de pessoas, como é o caso do
centro espírita. Surge, portanto, a necessidade do espírito de liderança. O
líder estando voltado para o lado mais emocional da organização é legitimado
pelos liderados, seguindo-o voluntariamente, o que não ocorre com o gestor. Considero
dimensões transformadoras do líder espírita: conhecimento doutrinário, visão de movimento espírita, legitimidade, poder
de relacionamento transformador, comportamento “agridoce” e elevado grau de autoconhecimento. (itálicos meus)
O dirigente engloba as
dimensões do gestor e do líder.
O movimento espírita criou
verdadeira ojeriza à adesão aos princípios de gestão do mundo corporativo na administração
do centro espírita. À primeira vista parece justificável. Oportunizaram-se dois
modelos de gestão muito especiais: Kardec e Jesus.
Kardec oportuniza estilo de direção
compartilhada; descentralizada. Jesus é o modelo do líder
servidor. Liderar com Jesus e Kardec é jornada de transformação,
transformadora.
Mas, “nem lé, nem cré!”
A
“crise de identidade” que se constata na administração da casa espírita tem sua
gênese na não adoção de nenhum desses modelos de gestão. A administração
espírita tende para a mediocridade (de médio), devido ao surgimento de um
grande paradoxo.
Grande paradoxo: a gestão
espírita trilha estilo diretivo, com forte tendência hierarquizante, centralizadora,
controladora, não participativa, distante das metodologias exemplificadas por Jesus
e Kardec.
Os resultados dessa gestão ocorrem a
custos altíssimos. Com o tempo, o gestor com esse perfil acaba por ficar
isolado e perder o contato com as pessoas concretas, com os seus problemas e
aspirações, com as suas esperanças, afirma Francesco Alberoni, italiano,
considerado um dos maiores expoentes da sociologia europeia. Será um dos fatores
para o esvaziamento das nossas casas espíritas?
Já Ken Blanchard e Phil Hodges, na
obra “Lidere como Jesus”, afirmam que
liderar como Jesus significa considerar as questões do coração, da cabeça,
das mãos e dos hábitos. Esse é o modelo que o
mundo das corporações descobriu e já começa a trilhar.
E nós espíritas?
(*) livre pensador, blogueiro e voluntário do ICE.
Muito oportuna a sua matéria! Amigo Jorge, porque o lider espírita está tão distante da verdadeira postura?
ResponderExcluirAh! parabéns pelas mudanças no blog, ficou muito legal!
Ligiane,
ExcluirAgradecidos pelas palavras generosas quando às mudanças do blog.
A maior dificuldade que observo na dinâmica diretiva do movimento espírita, diz respeito ao personalismo e a negligência quanto ao estudo das obras básicas.