Por Sérgio Aleixo (*)
Precisamos de ajuda uns dos outros. Ninguém
prescinde disso. O amor, a compaixão são sempre o que são se verdadeiros. A fé
toma parte em quase tudo, entretanto se diferencia caso raciocinada em termos
espíritas. Por exemplo... O Espiritismo traz uma variável nova e fundamental: a
existência de uma escala espírita. Jesus seria um espírito de mesmo nível
doutros “mestres”? O Espírito de Verdade, que é um ente espiritual, assumiu as
palavras de Jesus, não importando aqui se foi ou não Jesus quando esteve na
Terra. Por que não se reportou a Buda, ou Maomé? Determinismo etnocêntrico? Por
que então a Revelação Espírita não veio de início na China, ou na Índia?
Parece-me que não devemos nos preocupar em falar
a essas outras culturas religiosas senão da mesma forma que se preocupem em
falar a nós outros. A reciprocidade é o padrão nisso, como em tudo. Os budistas
se preocupam em não nos impor Buda? Os muçulmanos se preocupam em não nos impor
Maomé? Ora! O Espiritismo não quer ser aceito senão por convicção, como dizia
Kardec. Não se deve torná-lo pílula mais dourada a fim de ser mais prontamente
engolido por determinados pacientes.
O que um budista irá pensar do Espiritismo
não é um problema com o qual temos de nos preocupar, ou como o Espiritismo
teria que se dirigir a budistas. Conheço um “espírita” que se tornou budista. O
contrário também é perfeitamente possível. E tudo bem. O mais me parece
preocupação proselitista enrustida. As pessoas devem conhecer tudo e aderir
livremente às propostas, ou não. Liberdade de escolha. Que “vença” a melhor
proposta para cada caso individualmente, conforme suas necessidades
personalíssimas.
Por outro lado, se é verdade que existe
evolução do espírito, a que termos as religiões tradicionais deverão chegar?
Continuarão ignorando quase que por completo as reais condições da vida espiritual?
Em face disso, o Espiritismo é que se deveria preocupar com mudanças? Ou seriam
essas religiões mais necessitadas delas?
Devemos ser convictos, deixando que os demais
igualmente o sejam a seu modo, respeitados os limites legais.
O Espiritismo não descobriu nem inventou os
Espíritos, como não descobriu o mundo espiritual, no qual se acreditou em todos
os tempos; todavia, ele o prova por fatos materiais e o apresenta em sua verdadeira
luz, desembaraçando-o dos preconceitos e ideias supersticiosas, filhos da
dúvida e da incredulidade. [1]
1] KARDEC. O Que é o Espiritismo, 104.
(*) escritor e orador espírita.
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