Por Luciano Klein (*)
Neste
ano de 2013, um dos grades nomes da História do espiritismo em nosso País,
completará 120 de nascimento. Refiro-me ao ilustre conterrâneo Júlio Abreu Filho,
lamentavelmente esquecido pelo nosso movimento espírita, não obstante a sua
grande contribuição na divulgação segura da Doutrina sistematizada Por Allan
Kardec.
Filho do historiador e jornalista Júlio
Abreu e Maria de Queiroz Abreu, nasceu na cidade de Quixadá, no sertão
cearense, em 10 de dezembro de 1893. Em 1907 iniciou o curso de humanidades no
Ginásio São José na Serra do Estêvão, concluindo-o em 1910 no Liceu do Ceará.
Posteriormente, dedicou-se ao magistério, em Quixadá, e serviu como desenhista,
na Inspetoria de Obras Contra as Secas, cargo que abandonou para cursar a Escola
de Engenharia da Bahia.
Encerrados os estudos superiores,
passou a residir em Ilhéus com seus pais em 1915, onde exerceu um cargo técnico
na Delegacia de Terras tendo, também, se dedicado ao magistério no Colégio
Diocesano e ao jornalismo, colaborando no “Jornal
de Ilhéus”, então redatoriado por seu pai.
Em 1921, mudou-se para o Rio de
Janeiro, onde exerceu, por algum tempo, suas atividades profissionais,
transferindo-se depois para São Paulo onde projetou suas aptidões em vários
setores técnicos e culturais. Serviu na Secretaria de Agricultura daquele
Estado, ao mesmo tempo em que lecionava línguas e matemática em vários colégios
da Capital. Figurou em empresas e escritórios de construção e arquitetura, entregando-se
à tradução e edição de obras científicas e literárias.
Como espírita, exerceu numerosas e
intensas atividades. Foi membro da diretoria da União Federativa Espírita
Paulista durante vários anos. Tomou parte no I Congresso Espírita do Estado de
São Paulo, do qual resultou a fundação da União das Sociedades Espíritas de São
Paulo, passando a integrar o seu Conselho Deliberativo. Participou, ainda, do
Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, ocorrido em São Paulo, em junho de
1947.
Em 1949, empreendeu a ciclópica
tarefa de verter para o português a “Revue
Spirite”, publicada por Allan Kardec, durante 11 anos e três meses. Para
isso fundou a “Édipo” – Edições
Populares Limitada, lançando concomitantemente o jornal “Édipo”. A tradução da “Revista Espírita” foi um exaustivo mas
profícuo trabalho que abrangeu todos os números publicados pelo Codificador, de
1858 a 1869. Posteriormente, a difusão dessa publicação teve prosseguimento
através da Editora Cultural Espírita Limitada (EDICEL).
Orador apreciado e de largos recursos,
espírito dinâmico, realizador, Júlio Abreu Filho tornou-se merecedor da
admiração dos espíritas brasileiros, mormente pelo seu acendrado amor a Kardec,
o que o fez converter-se num fiel zelador da Codificação.
Assíduo colaborador de muitos
jornais e publicações espiritistas, representou no Brasil vários organismos
espíritas internacionais. Publicou “Poeira
da Estrada” e “Erros Doutrinários”,
em1949. Dentre as suas principais traduções, destacamos: “Revista Espírita” (Allan Kardec), “Dialética e Metapsíquica” (Humberto Mariotti), “As profecias de Daniel e o Apocalipse”
(Isaac Newton), “Cosmogonias, Origens da
Vida na Terra”, “Estudos dos Seres e das Formas” e “História do Espiritismo” (Arthur Conan Doyle).
Nos derradeiros anos de sua
existência, experimentou acerbas provas. Ficou paralítico e, após prolongada
enfermidade, regressou ao Mundo Espiritual. Seu
desenlace ocorreu em São Paulo no dia 28 de setembro de 1971.
Ao lado de Bezerra de Menezes,
Vianna de Carvalho, Francisco Peixoto Lins (“Peixotinho”),
Júlio Abreu Filho é um dos nomes que honram o Estado que o viu nascer.
(*) historiador e presidente da Federação Espírita do Ceará.
A colaboração do confrade Luciano é sempre muito oportuna e enriquecedora. Não podemos ter um movimento espírita sem memória. Como dizia Miguel de Cervantes: "A história é êmula do tempo, repositória dos fatos,testemunha do passado, exemplo do presente,advertência do futuro." Quem ganha com isso somos nós espíritas.
ResponderExcluirFantástica a biografia desse ilustre filho de nossa terra. Parabéns!
ResponderExcluirImpossível não gostar desse texto, ou melhor, dessa biografia. Parabéns pela iniciativa.
ResponderExcluirQuero agradecer pessoalmente ao amigo Luciano com tão especial texto nos premia. No momento atual do movimento espírita, quando sofremos o risco de enxertias e desvios, propalar um nome tão ilustre que defendeu com unhas, dentes , garras e CULTURA o pensamento de Kardec, nos deixa felizes. Roberto Caldas
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