Por Roberto Caldas (*)
O momento da sociedade humana é conturbado.
Enquanto o Oriente explode com as pelejas e ódios seculares pela ocupação de
terras, a Europa expõe as feridas de longos anos de despotismo, a América do
Norte estertora na agonia dos conquistadores falidos e o Sul titubeia vitimado
pela colonização escravocrata que retira a legitimidade do seu povo. Como
consequência, vemos o homem matando o seu semelhante cobrindo o seu ato com
bandeiras das mais diversas cores e tons, numa tentativa de esconder o
principal motivo de tanta luta sangrenta. Definitivamente estamos longe da
aquisição da libertação pelo entendimento e pelo amor.
A
Filosofia e os filósofos buscaram em todos os tempos uma explicação para o
flagelo que a espécie humana impõe a si mesma. Thomas Hobbes (1588/1679)
acreditava que o homem no estado natural era essencialmente mau necessitando de
um contrato social que estabelecesse um poder absoluto que o privasse em parte
de sua liberdade de agir. Jean- Jacques Rousseau (1712/1778) considerava que o
homem nascia bom e acabava pervertido pela sociedade, apesar de creditá-lo como
um ser completamente livre para escolher. Montesquieu (1689/1755) asseverava
que o cidadão deveria ser protegido do juiz que legisla e julga ao mesmo tempo
e que as leis inúteis enfraquecem as leis necessárias. Diante de todas as incertezas que despontam do clima
belicoso, no qual estamos mergulhados, não é incomum que se tema pela
insolvência da humanidade, como se estivéssemos condenados eternamente a
amargar tão funestos resultados de convivência doentia ou mesmo próximos da
completa dissolução enquanto civilização.
Se
considerarmos que há um propósito mais amplo para a existência de uma
humanidade no planeta Terra, facilmente haveremos de perceber a necessidade da
vida social como um imperativo para a marcha de aprendizados que as várias
culturas propõem para o enriquecimento da civilização. Importante, porém que
lembremos que o estágio de imperfeição da massa humana que o habita é
responsável pelos momentos nebulosos que vivemos, os quais já foram muito mais
difíceis, quando vivíamos agonias isoladas pela falta de informação, num estado
de privação do direito, sem que houvesse organismos internacionais que, mesmo
de forma frágil, já exercem pressão para mudanças que se prenunciam aos poucos.
Allan Kardec (1803/1869) considera que “à medida que a civilização se
aperfeiçoa, faz cessar alguns males que gerou, e esses males desaparecerão
completamente com o progresso moral”.
É
com essa visão otimista que a Doutrina Espírita estabelece uma ponte entre os
problemas humanos da atualidade e a visão de futuro que caracteriza a mensagem
de Jesus reavivada pelos Espíritos mentores da Codificação, cuja maior
qualidade se retrata na crença de que um olhar do homem para si mesmo é a
medida terapêutica para pôr fim a qualquer ensejo de guerra que carregamos em
nossos corações. Modificado o homem, transformada a Terra.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 23.02.2014
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Olá, Roberto!
ResponderExcluirPara aplaudir o seu artigo, vou usar um refrão de um confrade espírita que gosta de fazer um exercício de ficção quando afirma que um ET vistando o planeta Terra indagaria, certamente, se existe vida inteligente neste planeta.
Parabéns!