Por Roberto Caldas (*)
O que falar acerca do
que é estar certo ou errado? A nossa época flexibiliza a atitude sob a retórica
de que tudo é relativo e algo que pode ser certo para alguém pode visto como um
erro para outrem, o que é bastante razoável, afinal de contas. Parece que o
entendimento é que passa por crivos diferentes e os diversos referenciais
permitem uma apreciação ética capaz de condenar ou absolver os cometimentos
observados no relacionamento humano.
Podemos ver a evolução das relações humanas
a partir da formação da família, ainda na pré-história, especificamente no
Período Paleolítico quando ainda se vivia na infância do gênero humano, em
Estado Selvagem, havia o agrupamento em busca mútua de proteção sem graus de
pertencimentos. Tal situação se modifica na passagem desse período para o
Período Neolítico, quando o ajuntamento de provisões passa a separar os grupos
dando início à idéia de propriedade e herança criando laços que dá fim à
poligamia/poliandria estabelecendo os alicerces para a chegada da Civilização
(Engels, 1982). A civilização entendida como o topo do agrupamento humano,
vencidos os períodos da selvageria e da barbárie, permite a formação da
sociedade humana planetária e passa a cobrar compromissos civilizatórios que
permitam a convivência das individualidades sob a proteção do Estado e da noção
de espaço pessoal. A sociedade humana, apesar de suas imperfeições, sinaliza
para os cometimentos de cada um enquadrando todos os atos do cidadão em
legislações que garantem o trânsito das pessoas entre si.
As leis humanas progridem à medida
que o pensamento humano evolui, a partir de necessidades novas. Esse contexto
evolutivo dos costumes é que trazem à discussão o conceito do certo e do errado
no presente. A obrigação da convivência gera reflexões a respeito de nossas
atitudes em relação aos outros e a legislação humana é que julga as
contradições que extrapolam e levam ao desentendimento. Os fatos novos servem
para gerar leis mais atualizadas às necessidades contemporâneas.
A Doutrina Espírita entende que as
leis naturais seriam suficientes para gerir as relações humanas, caso o
homem/mulher tivesse condições de praticá-las de forma adequada, mas a atual
evolução da grande maioria dos habitantes do planeta ainda exige leis humanas e
particulares que estabeleçam os limites das ações (LE – q. 794). Allan Kardec
em Obras Póstumas reflete sobre o advento da Aristocracia Intelecto-moral como
uma evolução natural da sociedade, quando os princípios da justiça e da
caridade serão norteadores da atitude das pessoas que se relacionam nos
diversos ambientes do Planeta. Quando vivermos nesse tempo teremos a exata
compreensão a respeito do que significa o certo e o errado, pois a consciência
desperta nos indicará o caminho de descobrirmos tal enigma. Bastará que
perguntemos ao nosso Cristo interior, diante de qualquer situação que se
proponha duvidosa e Ele haverá de nos responder da forma mais didática possível
se estaremos nos beneficiando ou nos prejudicando com a nossa atitude. Se
pudermos antecipar esse tempo para os dias atuais teremos a resposta mais cedo
e com isso estaremos colaborando com a chegada da Aristocracia Intelecto-moral,
antes do que imaginamos, no seio da humanidade.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 09.03.2014.
(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
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