segunda-feira, 10 de março de 2014

CERTO OU ERRADO?¹

          


Por Roberto Caldas (*)


          O que falar acerca do que é estar certo ou errado? A nossa época flexibiliza a atitude sob a retórica de que tudo é relativo e algo que pode ser certo para alguém pode visto como um erro para outrem, o que é bastante razoável, afinal de contas. Parece que o entendimento é que passa por crivos diferentes e os diversos referenciais permitem uma apreciação ética capaz de condenar ou absolver os cometimentos observados no relacionamento humano.

            Podemos ver a evolução das relações humanas a partir da formação da família, ainda na pré-história, especificamente no Período Paleolítico quando ainda se vivia na infância do gênero humano, em Estado Selvagem, havia o agrupamento em busca mútua de proteção sem graus de pertencimentos. Tal situação se modifica na passagem desse período para o Período Neolítico, quando o ajuntamento de provisões passa a separar os grupos dando início à idéia de propriedade e herança criando laços que dá fim à poligamia/poliandria estabelecendo os alicerces para a chegada da Civilização (Engels, 1982). A civilização entendida como o topo do agrupamento humano, vencidos os períodos da selvageria e da barbárie, permite a formação da sociedade humana planetária e passa a cobrar compromissos civilizatórios que permitam a convivência das individualidades sob a proteção do Estado e da noção de espaço pessoal. A sociedade humana, apesar de suas imperfeições, sinaliza para os cometimentos de cada um enquadrando todos os atos do cidadão em legislações que garantem o trânsito das pessoas entre si.
            As leis humanas progridem à medida que o pensamento humano evolui, a partir de necessidades novas. Esse contexto evolutivo dos costumes é que trazem à discussão o conceito do certo e do errado no presente. A obrigação da convivência gera reflexões a respeito de nossas atitudes em relação aos outros e a legislação humana é que julga as contradições que extrapolam e levam ao desentendimento. Os fatos novos servem para gerar leis mais atualizadas às necessidades contemporâneas.

            A Doutrina Espírita entende que as leis naturais seriam suficientes para gerir as relações humanas, caso o homem/mulher tivesse condições de praticá-las de forma adequada, mas a atual evolução da grande maioria dos habitantes do planeta ainda exige leis humanas e particulares que estabeleçam os limites das ações (LE – q. 794). Allan Kardec em Obras Póstumas reflete sobre o advento da Aristocracia Intelecto-moral como uma evolução natural da sociedade, quando os princípios da justiça e da caridade serão norteadores da atitude das pessoas que se relacionam nos diversos ambientes do Planeta. Quando vivermos nesse tempo teremos a exata compreensão a respeito do que significa o certo e o errado, pois a consciência desperta nos indicará o caminho de descobrirmos tal enigma. Bastará que perguntemos ao nosso Cristo interior, diante de qualquer situação que se proponha duvidosa e Ele haverá de nos responder da forma mais didática possível se estaremos nos beneficiando ou nos prejudicando com a nossa atitude. Se pudermos antecipar esse tempo para os dias atuais teremos a resposta mais cedo e com isso estaremos colaborando com a chegada da Aristocracia Intelecto-moral, antes do que imaginamos, no seio da humanidade.


¹ editorial do programa Antena Espírita de 09.03.2014.

(*) editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário