Falar de uma pessoa da qual nós encontramos
pessoalmente uma única vez, pode parecer, à primeira vista, uma tarefa difícil
de ser executada, porém, sinto-me a vontade para tal, e estou consciente de que
não cometerei enganos nas minhas colocações sobre a digna pessoa do Coronel
Professor Ruy Kremer, Presidente da nossa querida Cruzada dos Militares
Espíritas (CME) que, no dia 30 de maio de 2002, completando a sua estada entre
nós, retornou triunfante ao Mundo Espiritual.
A simpatia e o respeito que sinto por este
grande amigo somente se explica com a existência de uma parentela espiritual,
que aliás, está muito bem discernida pela Doutrina Espírita e, acima de tudo,
pela intuição que me dá a certeza de que os nossos caminhos cruzaram-se,
outrora, muito antes desta nossa reencarnação. Se assim não fosse, tornar-se-ia
inexplicável este sentimento fraterno desenvolvido, apesar dos 3.000
quilômetros que nos distanciavam fisicamente.
Os meus primeiros contatos com o Cel Kremer
deram-se no ano de 1992, quando então, a seu convite, adentrei nas fileiras
doutrinárias da CME, como Delegado do Grupo de Estudos Doutrinários (GED) da 1ª
Companhia de Comunicações de Selva (1ª Cia Com Sl), em Manaus, Capital do
Amazonas.
Com espontânea atenção, este companheiro
sempre respondia as minhas cartas atenciosamente, esclarecendo-me as dúvidas
sobre a nossa Instituição, a Cruzada, como também, por intermédio das suas
sábias palavras, muitas vezes apaziguou o meu espírito quando alguns empecilhos
ou constrangimentos desarmonizavam o GED/1ª Cia Com Sl. As suas respostas e os
seus conselhos eram balsamizantes e, além de demonstrarem a sua alta
evangelização, denunciavam-lhe profundo conhecimento das finalidades e dos
objetivos da Cruzada, orientando-a sempre à luz dos preceitos espíritas com
fidelidade ao Codificador e lealdade com todos aqueles que o precederam na
árdua tarefa de bem conduzir esta Seara que abrange todo o território nacional.
Sensível e ponderado na maneira de ser e de
agir, como o bom comandante de um imenso exército, conhecia todos os problemas
que enfrentavam os diversos Núcleos e GED, distribuídos nos quatro cantos do
País, nas diversas Organizações Militares das Forças Armadas e Forças
Auxiliares, nunca lhe faltando o discernimento para a boa orientação daqueles que
passavam por dificuldades momentâneas.
As suas explicações didáticas sobre as várias
passagens evangélicas, cujas matérias sempre estampavam as páginas da “Revista
de O Cruzado”, editada pela CME, evidenciavam-lhe o caráter estudioso dos
textos neo-testamentários, como, também, um pesquisador dos usos e costumes da
época do Cristo, o que, somado aos estudos morfológicos das palavras empregadas
por Jesus no tocante ao seu significado original, conduzia-nos a uma verdadeira
viagem no passado dando-nos a oportunidade de vislumbrarmos Verdades esquecidas
ou distorcidas pelo tempo.
Foi em Setembro de 2001 que surgiu a
oportunidade de conhecer o Cel Kremer. Nesta época, servindo em Fortaleza,
Capital do Ceará, havia eu assumido a função de Delegado do GED do Parque
Regional de Manutenção da 10ª Região Militar e, participando do I Concurso de
Monografias com temáticas espíritas, promovido pelo Instituto de Cultura
Espírita do Brasil, fui convidado por este Instituto para fazer a apresentação
do meu trabalho, classificado em 2º lugar.
De todos os sentimentos de alegria que
reinavam no meu Espírito, o maior deles era o da oportunidade ímpar de conhecer
aquele que aprendi a ter admiração e que, por quase 10 anos, apenas o conhecia
por cartas, telefonemas e leitura das suas brilhantes matérias doutrinárias.
O nosso encontro se deu na sede da Cruzada
dos Militares Espíritas, no Rio de Janeiro. Quando lá cheguei, fui recebido
pelo ilustre militar com um largo sorriso e, com um forte abraço, disse que eu
era bem-vindo. Aquele momento para mim foi algo indescritível: estava na
Instituição que eu tanto amo, e na presença do seu Presidente que tanto
admirava.
Aquela manhã tornou-se inesquecível. Após
tecer várias considerações acerca da minha monografia, o Cel Kremer mostrou-me,
com o seu típico entusiasmo, os pormenores da grande estrutura que é a Cruzada:
A Galeria dos ex-presidentes; a livraria; os arquivos históricos com fotos e
escritos que guardam com impecável zelo toda a história da CME desde a sua
fundação, ocorrida em 1944; o auditório para as palestras públicas, etc.
Aquele homem de fibra, em momento algum, deu
mostras de estar com sua saúde física debilitada e, mesmo carregando em si a
doença que já se encontrava em um estágio avançado, prosseguia incansável na
sua nobre missão de divulgar a Doutrina Espírita com amor e dedicação
incorruptíveis. Foi um gigante. Não tenho dúvidas que, do Mundo Espiritual,
continuará com o trabalho que o Cristo lhe confiou, ou seja, disseminar no seio
da Família Militar, o conforto e a humanização que o Espiritismo é capaz de
proporcionar.
Assim, neste momento que os nossos Espíritos
são despertados pela saudade, rogamos ao Pai Celestial que abençoe o Cel
Kremer, como também todos os Cruzados que o antecederam na viagem de retorno e,
todos eles, amparados pelo Capitão Maurício, Patrono da iluminada Cruzada dos
Militares Espíritas, recebam o nosso inestimável amigo com os júbilos inerentes
aos vitoriosos do trabalho cristão.
(*) expositor espírita e voluntário do C.E. Jayme Rolemberg.
Conheci o prof. Cel Ruy Kremer agora, nas palavras do amigo Cap. Luiz Acioli, dá para sentir a verdade nas palavras de quem foi discípulo e pode perceber mesmo a distância o grande homem que esteve por aqui, tenho certeza da festa que aconteceu em 2002 no mundo espiritual pela saudade aqui deixada diferente de vazio.
ResponderExcluirMuito bom texto. Faço apenas uma ponderação, não seria a carreira militar uma contradição ao Espiritismo, já que muitas das vezes é usado a força braçal e/ou bélica?
ResponderExcluirPrezado confrade Robério Craveiro.
ResponderExcluirSobre a sua dúvida sobre haver ou nao uma contradição entre a carreira militar e o Espiritismo, sugiro ao amigo a leitura de outro texto "Os Militares Espíritas nas Forças Armadas", publicado anteriormente neste blog.
Fraternalmente,
Luiz Acioli
Craveiro, segue o link do artigo a que se refere o confrade Acioli:
ResponderExcluirhttp://canteiroideias.blogspot.com.br/2015/02/militares-espiritas_23.html
Acabei de ler o texto sugerido pelo Anônimo e por Jorge Luiz dos Santos, agradeço a atenção dispensada. Os relatos são muito bons, me fez ver por alguns ângulos distintos, porém sem querer causar nenhuma polêmica, longe disso, ainda vejo alguma incompatibilidade. Nosso país não é afeito a guerras, mas estamos falando do militarismo em geral. Pessoas matam, ou são mortas por ideias0por diferentes interesses. Por isso, vejo essa resistência natural da carreira militar e o espiritismo. Não que os mesmos não possam seguir a filosofia espírita, contudo há este lado negativo. Em todo caso vou refletir melhor sobre o assunto, pois como diz Sérgio Pinheiro (Rádio Verdes Mares), só não muda de ideia quem não as tem. Fraternal abraço.
ResponderExcluirSugiro o amigo ler a Revista Espírita.
ExcluirVários militares, da Marinha por exemplo, foram valorosos espíritas ao tempo de Kardec.
Professor Rui Kremer!
ResponderExcluirSeu livro PAULO, UM HOMEM EM CRISTO é um verdadeiro manancial.
Suas palavras realmente exalam a honradez, o caráter, a virtude!
Excelente texto Acioli. Parabéns. Também conheci nosso estimado Kremer por ocasião de uma reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB em Brasília. Você espelhou exatamente o caráter daquele grande amigo, irmão e valoroso cruzado. Abraços.
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