Por Alkíndar de Oliveira (*)
Uma das melhores médiuns de todos os tempos,
Yvonne A. Pereira, até hoje altamente referenciada no meio espírita, passou o
seguinte depoimento pessoal no seu livro Devassando o invisível (FEB): “No ano
de 1.915, no correr de memorável sessão a que assistiram nossos pais, em seu
próprio domicílio, na cidade de São João Del-Rey, em Minas Gerais, e na qual
servia o médium Silvestre Lobato, já falecido – o melhor médium de incorporação
por nós conhecido até hoje – o Espírito do Dr. Bezerra Menezes anunciou o advento
do Rádio e da Televisão, asseverando que este último invento (ou descoberta)
facultaria ao homem, mais tarde, captar panoramas e detalhes da própria vida no
Mundo Invisível, antecipando, assim, que a Ciência, mais o que a própria
Religião, levaria os espíritos muito positivos a admitir o mundo dos Espíritos
(...).”
Em 1.926, onze anos depois da reunião
mediúnica de 1915, o mundo conhecia os primeiros experimentos da televisão que,
de tão rudimentar (apresentava traços apenas) ainda não merecia este nome. Hoje
a televisão é uma realidade, e a comunicação do Mundo Invisível citada no
depoimento da Médium Yvonne Pereira, já ocorre de forma experimental (por ora
“traços” apenas).
O depoimento acima evidencia a importância da
divulgação do Espiritismo para que, quando for realidade o que Yvonne Pereira
preconizou, este acontecimento não seja visto como algo sobrenatural. Este é um
dos motivos que reforçam que precisamos dar passos mais rápidos para que o
Espiritismo possa chegar de forma ostensiva à televisão. Como popularizar o
Espiritismo sem utilizarmos da força da televisão? Popularizar o Espiritismo?
Em Obras Póstumas, disse Allan Kardec (em seu
Projeto 1.868): “Dois elementos devem concorrer para o progresso do
Espiritismo; estes são: o estabelecimento teórico da Doutrina e os meios para
popularizá-la. Uma publicidade, numa larga escala, feita nos jornais mais
divulgados, levaria ao mundo inteiro, e até aos lugares mais recuados, o
conhecimento das ideias espíritas, faria nascer o desejo de aprofundá-los, e,
multiplicando os adeptos, imporia silêncio aos detratores que logo deveriam
ceder diante do ascendente da opinião”.
Percebeu
que Allan Kardec falou em “popularizar a Doutrina”? E o que é popularizar?
Certamente popularizar a Doutrina não é ter Centros
Espíritas apenas para alguns poucos escolhidos. Percebeu que Allan Kardec
também falou em “uma publicidade, numa larga escala, feita nos jornais mais
divulgados”. Você já leu alguma publicidade espírita nos jornais “Folha de São
Paulo”, “Estadão”, “O Globo”, que são os jornais mais divulgados do país?
Estamos sendo espíritas “fazedores” ou espíritas “faladores”?
Outra pergunta: se na época em que viveu
Allan Kardec houvesse televisão será que ele não teria dito “uma publicidade,
numa larga escala, feita nos jornais mais divulgados e nos canais de televisão
de maior audiência”? Certamente que sim, pois a Doutrina Espírita é evolutiva.
Você já viu alguma publicidade de dois
minutos por semana nos intervalos do Jornal Nacional explicando, de forma didática
e criativa, o que é o Espiritismo?
Mas isto é caríssimo. Certo. Mas nada além do
que a criatividade e a união de todas as associações espíritas representativas
não pudessem resolver. A solução é união e criatividade.
Dois minutos por semana na televisão, em
horário nobre, durante seis meses, faria todos conhecerem o que é o verdadeiro
Espiritismo. E as igrejas que falam inverdades sobre nossa doutrina teriam que
explicar para seus seguidores tudo o que falaram de impropriedades. Seria uma
revolução cultural. Além do que aumentaria substancialmente os seguidores do
Espiritismo.
Mas o que se vê no meio espírita? Forças
aglutinando-se para terem atitudes “fazedoras”? Não. O que se vê, com raras
exceções, são instituições e associações representativas do Espiritismo
geralmente trabalharem dentro de quatro paredes, sem abrirem os olhos para a
necessidade do trabalho espírita lá fora, no mundo que circunda suas quatro
paredes. Os líderes espíritas precisam fazer um curso de criatividade.
No livro Reflexões Espíritas (Editora Leal,
psicografia de Divaldo Pereira Franco), disse o espírito Vianna de Carvalho:
“Na hora da informática com os seus valiosos recursos, o espírita não se pode
marginalizar, sob pretextos pueris, em que se disfarça a timidez, o desamor à
causa ou a indiferença pela divulgação, porquanto o único antídoto à má
Imprensa, na sua vária expressão, é a aplicação dos postulados espíritas”.
Certo amigo espírita disse-me “Alkíndar, nós
estamos falando para nós mesmos”. E é verdade. Enquanto Jesus divulgava sua
doutrina procurando atingir um público cada vez maior, nós nos contentamos com
nossos fechados congressos e com nossas palestras para nosso pessoal.
Vejamos se programas espíritas dão IBOPE: A
Federação Espírita do Paraná comprou o espaço de 1 hora em uma das Rádios FM de
Curitiba-PR para colocar no ar um programa espírita. Resultado: líder do
horário. Em Itajubá-MG há na Rádio local um programa semanal espírita de 30
minutos, também líder do horário. A Rádio Espírita do Rio de Janeiro transmite
aos domingos pela manhã um programa espírita de 1 hora, também líder do
horário.
Por que não seguirmos estes modelos?
Por
que não utilizamos da força da televisão?
Se Jesus voltasse à Terra que mídia será que
utilizaria para atingir o maior público possível? Será que não seria a
televisão?
O capítulo 5 do livro “Boa Nova” (de Humberto
de Campos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, FEB ), transcreve as
normas de ação que Jesus passou aos seus discípulos para que realizassem a
concretização dos ideais cristãos. Em dado momento Jesus falou aos seus
discípulos: “O que vos ensino em particular, difundi-o publicamente; porque que
o que agora escutais aos ouvidos será o objeto de vossas pregações de cima dos
telhados” (Vide Mateus, capítulo 10, versículo 27, “Os doze e sua missão”).
Numa interpretação atual, será que a expressão “vossas pregações de cima dos
telhados” não poderia ser uma antevisão da necessidade da divulgação através da
televisão? Pois, o que hoje vemos em cima dos telhados são antenas de
televisão. Não é?
Mais uma pergunta: Por que, o Estado de São
Paulo, o mais rico estado do país não tem na televisão com maior audiência um
programa espírita num bom horário?
Para quem não sabe, num dos livros de Divaldo
Pereira Franco o espírito João Cleofas informa que há Sanatórios na
espiritualidade que têm como principal clientela espíritas desencarnados
arrependidos. Espíritas que não entenderam, quando na terra, o que é “ser
espírita”.
Diz
Allan Kardec no capítulo XVIII do livro “A Gênese”:
“Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude
de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é
mais apto, do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento de regeneração”.
Se o Espiritismo é, como diz Kardec, a
Doutrina mais apta a secundar o movimento de regeneração (que se avizinha),
será que devemos deixar só para nós – seguidores do Espiritismo - este
vastíssimo conhecimento que a Doutrina Espírita proporciona?
Uma
importante observação: Não pense, caro leitor, que este
empenho em despertar a importância da divulgação da Doutrina Espírita seja
porque creio que todos devam ser espíritas. Não é isso. Penso que a Terceira
Revelação não pode caminhar timidamente como está ocorrendo. Afinal de contas é
a “Terceira Revelação”. As pessoas não precisam ser espíritas, mas os
postulados espíritas precisam ser conhecidos por todos.
Alguém já disse que o Espiritismo não será a
religião do futuro, mas sim, o futuro das religiões. E isso é tudo.
(*) palestrante e escritor espírita, escritor
e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, profere palestras e ministra
treinamentos comportamentais em todo o Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário