Por Roberto Caldas (*)
A mente humana é uma verdadeira caixa de
surpresas. Muitas vezes nem sempre a própria pessoa consegue entender a si
mesma. Imagine-se, então a dificuldade que é conseguir entender o outro.
Existem idéias e argumentos tão diversos que podem arrazoar qualquer teoria,
daí quando estivermos diante de propostas que nos fujam à compreensão imediata
é importante deixar um espaço antes de condenar a mensagem divergente.
Curiosamente,
a crença em algo geralmente provém de uma condição instintiva. Já a compreensão
a esse respeito emana da capacidade da razão. Exemplificando tal assertiva é
possível dizer que crer em Deus é uma condição instintiva e faz parte do
reflexo inconsciente da alma, enquanto compreendê-LO exige um exercício da
inteligência.
É
surpreendente a quantidade de textos e opiniões que nos dias de hoje abonam a
teoria do ateísmo, doutrina que difere do agnosticismo, pois não admite a
existência de Deus enquanto o segundo apenas identifica a nossa incapacidade de
alcançar através da razão os conteúdos metafísicos. A resposta à questão 73 de
O Livro dos Espíritos que indaga se o instinto é independente da inteligência
lança luzes ao tema: “Não precisamente, mas ele é uma espécie de inteligência. O
instinto é uma inteligência não-racional. É por meio dele que todos os seres
provêm as suas necessidades”.
A
essência das opiniões que expressam o grau de ateísmo da maioria dos opositores
à existência de Deus expressa uma lacuna na compreensão do que seja a
causalidade. A defesa explícita que as vertentes das várias religiões expressam
a respeito da divindade é uma das maiores responsáveis por esse fenômeno.
Quando a Religião defende a doutrina da existência única lança sobre Deus uma
condição de ocasionalidade. Ora, como se pode acreditar num ser que se dispõe
casual em suas decisões, ainda por cima quando decide a respeito de nossas
existências? Se as situações da vida não se explicam sob a óptica da Justiça
Divina e é isso de acontece quando a morte finaliza definitivamente a
participação do Espírito de sua saga eterna, de que forma poderá ser benéfico
aceitar a existência de um ser superior?
Grande quantidade de pessoas busca a teoria da
não existência de Deus como medida protetiva de suas condições de sanidade
mental. Muitas delas são cidadãos inseridos de forma saudável na vida social e
gozam de grande carinho dos seus pares, apenas se afastam da ideia de estarem
nas mãos do acaso.
A Doutrina
Espírita faz um convite ao grande abraço com Deus. “Inteligência Suprema, Causa primária de todas as coisas” (LE; q
01), Deus é o Pai Nosso que está nos Céus, cuja Casa tem muitas moradas e
jamais haverá abandonar nenhum dos seus filhos. Mandou-nos Jesus para ensinar
que é necessário “nascer de novo” para encontrar o Reino dos Céus. Essa a
informação que precisa ser repetida a todos que tem ouvido para ouvir. Enfim
propalar que não são ao teoria que nos fazem crescer como seres espirituais e
sim a prática do Bem que nos torna todos irmãos, independente da forma como
pensamos, desde que harmonizados com o bem comum.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 19.07.2015.
(*) escritor, editorialista do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda. Obra recentemente lançada, "Antena de Luz".
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