Por Francisco Castro (*)
- – Qualquer pessoa pode ser um
trabalhador do CE?
O Centro Espírita, como
escola de formação espiritual e moral, só deve considerar na condição de
trabalhador, aqueles que participem ativamente das atividades de estudo da
Doutrina e demonstrem estar “esforçando-se por fazer o bem e coibir os seus
maus pendores”.
- – Qual a melhor maneira de
formar trabalhadores para o CE?
A experiência tem
demonstrado que a melhor forma de preparar trabalhadores para a Casa Espírita é
através das reuniões de Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita e de Grupos
de Estudo da Mediunidade. Através do estudo prepara-se para o trabalho, sempre
se levando em consideração a aptidão de cada um.
- – É obrigatório um CE ter
reunião mediúnica?
No item 347 de O Livro dos
Médiuns, encontramos a resposta para essa pergunta:
“Os grupos recém
criados se vêm, às vezes, tolhidos em seus trabalhos por falta de médiuns. (...) Sem dúvida, os que se reúnem
apenas com o fim de realizar experimentações não podem, sem médiuns, fazer mais
do que fazem músicos, num concerto, sem instrumentos. Porém os que
objetivam o estudo sério, a esses se deparam mil assuntos com que se ocupem,
tão úteis e proveitosos como se pudessem operar por si mesmos. (...) As
sociedades espíritas devem fazer o mesmo e grande proveito tirarão daí para
o seu progresso, instituindo conferências em que seja lido e comentado tudo o
que diga respeito ao Espiritismo, pró ou contra. (...) Garantimos que uma
sociedade espírita, cujos trabalhos se mostrassem organizados nesse sentido,
munida ela dos materiais necessários a executá-los, não sobraria tempo bastante
para consagrar às comunicações diretas dos Espíritos.”(Grifamos).
É sempre bom lembrar que
um Centro Espírita só deve iniciar reuniões mediúnicas depois que disponha de
um grupo de médiuns devidamente esclarecidos e com suficiente conhecimento da
Doutrina Espírita.
- – Deve-se cobrar alguma
contribuição dos frequentadores do CE?
A título de resposta a essa
questão transcreveremos algumas palavras do Codificador aos espíritas de Lyon e
Bordeaux, extraídas do Livro Viagens Espíritas em 1862, da Casa Editora O
Clarim – 2ª edição em língua portuguesa, p.52:
“É
evidente que não se pode considerar uma exploração a mensalidade que se paga
a uma sociedade, para que enfrente as despesas de sua manutenção.
Outrossim, a mais vulgar equidade diz que não se pode impor esse gasto a
pessoas que não dispõem de possibilidades financeiras ou de tempo de frequência
contínua como associados. A especulação consiste em se fazer uma indústria
da situação, em convocar o primeiro que surge, curioso ou indiferente, para
exigir o seu dinheiro. Uma sociedade que assim agisse, seria tão repreensível
ainda, do que o indivíduo, e não mereceria nenhuma confiança. Uma entidade
espírita deve prover às suas necessidades; ela deve dividir entre todos
as suas despesas e nunca lançá-las aos ombros de um só. Isto é justo, e não
existe neste critério nem exploração, nem especulação.”(Grifamos)
Embora o texto de Kardec
seja autoexplicativo, podemos acrescentar que, a partir de três meses de
frequência contínua ou intermitente, já se pode convidar um frequentador a se
tornar um sócio colaborador, depois de um ano essa pessoa já pode se tornar, se
quiser, sócio efetivo da instituição. A contribuição mínima deve ser fixada em
função das necessidades da casa, mas a pessoa é livre para, se puder,
contribuir com mais, de acordo com as suas possibilidades. Todos os sócios
colaboradores ou efetivos além da contribuição financeira devem colaborar
também com trabalho, mas aqueles que não puderem contribuir financeiramente
devem dar sua contribuição pessoal através do trabalho, porque isso representa
uma oportunidade da pessoa se sentir útil.
5 - Que atividades são incompatíveis com as finalidades
do CE?
Mais uma vez, antes de darmos a
resposta à pergunta, vamos transcrever mais um trecho daquele célebre discurso
de Allan Kardec aos espíritas de Lyon e Bordeaux, extraídos do mesmo Livro
Viagens Espíritas em 1862, publicado pela Casa Editora O Clarim:
“Aqueles,
pois, que se queixarem de ter sido enganados, ou de não haver obtido as
respostas que desejariam, podemos dizer: ‘Se tivésseis estudado o
Espiritismo, saberíeis em que condições ele pode ser experimentado com
frutos; saberíeis quais são os legítimos motivos de confiança e de
desconfiança, o que, em suma, se pode esperar; e não teríeis ido consultar
um médium como a um cartomante, para solicitar aos Espíritos revelações,
conselhos sobre heranças, descobertas de tesouros e cem outras coisas
semelhantes que não são da alçada do Espiritismo’.”(Grifamos)
Aproveitamos para transcrever alguns itens das
Recomendações Gerais do Livro Orientação ao Centro Espírita, publicação da FEB,
de atividades desaconselhadas a sua prática em uma instituição espírita:
-
“Desaprovar o emprego de rituais, imagens ou
símbolos de qualquer natureza nas sessões;”
-
“Desaprovar a conservação de retratos, quadros,
legendas ou quaisquer objetos que possam ser tidos na conta de apetrechos para
ritual, tão usados em diversos meios religiosos;”
-
“Banir dos templos espíritas as cerimônias que,
em nome da Doutrina, visem a consagração de esponsais ou nascimentos e outras
práticas estranhas à Doutrina, tais como velórios e encomendações, colação de
grau, etc.”
-
“Em nenhuma oportunidade, transformar a tribuna
espírita em palanque de propaganda política, nem mesmo com sutilezas
comovedoras em nome da caridade;”
Dentre outras que o bom senso indicar.
6.
–
Um CE deve manter reuniões de cura?
A cura do corpo é objeto
das preocupações das Ciências Médicas e não da Ciência Espírita. O Espiritismo
objetiva a que as pessoas se tornem boas e não a lhes curar as feridas do
corpo. O hospital que é o Centro Espírita é um hospital de almas, e não no
sentido convencional do termo. O corpo pode até ficar bom, mas se o espírito
não se tornar bom, de nada vai lhe adiantar ter um corpo são.
Nas atividades
recomendadas pelo Conselho Federativo Nacional aos Centros Espíritas não se
encontra esse tipo de atividade, no entanto, nada obsta a que um Centro
Espírita mantenha reuniões de assistência espiritual dirigida para hospitais,
com o fim de minorar os sofrimentos das pessoas que lá se encontram, mas é um
trabalho realizado à distância, indistintamente dirigido a todos os pacientes.
7.
–
O CE deve manter atividades na área social?
Quando o Centro Espírita dispuser
de pessoal e de recursos suficientes pode, se assim entender o grupo que é
conveniente, implementar atividades na área social, aí entendida Assistência
Social Espírita, lembrando sempre que se deve associar à caridade material a
indispensável oportunidade da prática da caridade moral e espiritual e de
evangelização das pessoas assistidas. De nada adiantará dar o peixe, se, à
pessoa assistida, não lhe for facultada a oportunidade de aprender a pescar.
Receberemos
com prazer os comentários e/ou sugestões do leitor, que poderão nos auxiliar no
desenvolvimento e aperfeiçoamento desse trabalho.
Na
próxima semana daremos continuidade com a Parte V.
(*) voluntário do programa Antena Espírita, do C.E. Grão de Mostarda e articulista do blog Canteiro de Ideias.
Essa é uma temática muito proveitosa e preciosa. Porém na realidade acontece numa grande maioria de toda forma e maneira. Casas sendo dirigidas por trabalhadores com falta de instrução,maturidade,conhecimento , orgulho mascarado e amor em prática. Acredito eu que não basta ter apenas boa vontade e viver de faz de conta que sei,que gosto,que sou fraterno,faço caridade , topo tudo e leio demais. E caminhamos preguiçosamente querendo, sem fazer esforços. Pois diferenças existiram! Desculpas também,principalmente quando é para apontar o esforço menor do outro e engrandecer o esforço próprio. Parece ser mais fácil agirmos assim. Sem esforços,mas querendo casas cheias.Me pergunto como um cego guiará outro? Por isso já foi dito : Espíritas instruí-vos!
ResponderExcluirSe fosse cumprido cada pauta deixada sabiamente em seu artigo sr. Castro, possivelmente a realidade de muitas casas seriam outra.
Importante que a análise como em mim!
Caro leitor, não esqueça que o livre arbítrio é um patrimônio do espírito e que cada um é responsável pelos seus atos. De nossa parte devemos esclarecer a partir do ensino dos espíritos e da experiência de quem já compreendeu melhor, mas não podemos interferir no livre modo de agir de ninguém. Obrigado pelo seu comentário, outras pessoas irão ler também o você escreveu e certamente refletirão nas práticas que adotam, podendo modificá-las ou não se assim desejarem!
ExcluirÉ bom que fique claro que, quando o confrade e amigo Castro se refere no item 2, sobre "Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, não é necessariamente o curso ESDE, mas o estudo da Doutrina em si, que pode ser pelo estudo de "O Livro dos Espíritos", palestras expositivas, etc.
ExcluirMeu Caro Jorge Luiz, muito bem lembrado. Embora eu tenha citado o ESDE, é apenas para exemplificar, porque esse material é encontrado hoje com muita facilidade nas Livrarias Espíritas e nas Casas Espíritas, são livros muito bem elaborados tornando-se assim muito fácil aquisição dos mesmos. Para complementar esse assunto eu sugiro ao leitor que veja aqui no Canteiro de Ideias, na 2ª semana de 2012 um texto que eu postei sob o título A Importância do Estudo da Doutrina Espírita para o Centro Espírita, onde trato dessa questão de forma mais ampla, em que eu transcrevo uma citação de Kardec no Livro Viagens Espíritas 1862, na qual ele se refere aos chamados grupos de ensino, onde pessoas de boa vontade leem o Livro dos Espíritos pra as pessoas que não sabem ler. Eu já usei no Grão de Mostarda o CBE - Curso Básico de Espiritismo, o ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita e agora estou orientando uma turma de EADE - Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita. Portanto, o que importa mesmo é que a Casa Espírita mantenha o Estudo da Doutrina Espírita de forma sistemática, e não eventualmente! Obrigado Jorge, pela oportunidade de acrescentar essas observações!
ResponderExcluirEu Quis dizer na 2ª semana de JUNHO de 2012! Desculpem!
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