Por Francisco Castro (*)
- – É obrigatória a filiação do CE a uma Federação
Espírita?
Os pequenos trechos abaixo, transcritos de Obras Póstumas e do Livro dos
Médiuns, são mais do que elucidativos a respeito dessa questão. Pensemos nisso!
“Daí vem que os centros que
se acharem penetrados do verdadeiro espírito do Espiritismo deverão estender as
mãos uns aos outros, fraternalmente, e unir-se para combater os inimigos
comuns: a incredulidade e o fanatismo” (Obras Póstumas – Amplitude da Comissão
Central, in fine) – Grifamos.
“Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando
observações, podem desde já, formar o núcleo da grande família espírita,
que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento:
o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã.” (Livro dos médiuns –
item 334) – Grifamos.
“A bandeira do Espiritismo Cristão e humanitário (...) aí é que está a
âncora de salvação, a salvaguarda da ordem pública, o sinal de uma nova era
para a Humanidade.”
“Convidamos, pois, todas as Sociedades Espíritas a colaborar nessa
grande obra. Que de um extremo ao outro do mundo elas se estendam
fraternalmente as mãos e eis que terão colhido o mal em
inextrincáveis malhas.” (Livro dos Médiuns – item 350, in fine) – Grifamos.
Para o Centro Espírita participar do Movimento Federativo é demonstrar
que aceitou o convite do Codificador para colaborar nessa grande obra de
Regeneração da Humanidade de forma unida e organizada.
- – Por que essa denominação Centro Espírita?
Centro - “Na linguagem associativa, serve para designar certas espécies
de sociedades, possuindo, assim, o mesmo sentido de sociedade ou associação,
tendo ainda a acepção de local em que se reúne certo número de pessoas,
tornando-se, em tal caso, no mesmo sentido de cenáculo.” (De Plácido e Silva –
Dicionário Jurídico – Ed. Forense)
Centro Espírita – pode ser considerado, assim, um local onde se reúne um
grupo de pessoas com o fim de desenvolver atividades gerais de estudo, difusão
e prática da Doutrina Espírita e pode ser de pequeno, médio ou grande porte.
- – O CE deve manter curso de Espiritismo?
A respeito dessa questão transcrevemos o pensamento do Codificador, que
se encontra consignado no Projeto 1868 – em Obras Póstumas:
“Um curso
regular de Espiritismo seria professado com o fim de desenvolver os
princípios da Ciência e de difundir o gosto pelos estudos sérios. Esse curso
teria a vantagem de fundar a unidade de princípios, de fazer adeptos
esclarecidos, capazes de espalhar as idéias espíritas e desenvolver
grande número de médiuns. Considero esse curso como de natureza a exercer
capital influência sobre o futuro do Espiritismo e sobre suas
conseqüências.”(Grifamos)
- – A formação de médiuns no CE é importante?
“O estudo e educação da mediunidade visa proporcionar o necessário
conhecimento aos portadores da faculdade mediúnica, para seu exercício em
perfeita harmonia com os princípios da Doutrina Espírita.” (Orientação ao
Centro Espírita, p.30)
- – O CE deve manter um quadro de associados?
Sendo o Centro Espírita uma associação de pessoas, nada mais adequado que
mantenha um corpo de associados, que mensalmente dar uma contribuição
estipulada pelo próprio grupo e com isso custeia suas atividades. Lembramos as
palavras do Codificador aos espíritas de Lyon e Bordeaux, extraídas do Livro
Viagens Espíritas em 1862 – Casa Editora o Clarim:
“Uma entidade espírita deve prover às suas necessidades; ela deve
dividir entre todos as suas despesas e nunca lançá-las aos ombros de um só”.
(Grifamos)
- – Como se pode reconhecer o verdadeiro espírita em
um CE?
Pode parecer que esse tipo de pergunta esteja fora de contexto, no
entanto, ela é mais pertinente do que se possa imaginar, veja-se o conteúdo do
item 350 de O Livro do Médiuns:
“Se o
Espiritismo, conforme foi anunciado, tem que determinar a transformação da
humanidade, claro é que esse efeito ele só poderá produzir melhorando as
massas, o que se verificará gradualmente, pouco a pouco, em conseqüência do
aperfeiçoamento dos indivíduos. Que importa crer na existência dos
espíritos, se essa crença não faz aquele que a tem se torne melhor, mais
benigno e indulgente para com os seus semelhantes, mais humilde e paciente na
adversidade? De que serve ao avarento ser espírita, se continua avarento; ao
orgulhoso, se se conserva cheio de si; ao invejoso, se permanece dominado pela
inveja? Assim, poderiam todos os homens acreditar nas manifestações dos
Espíritos e a Humanidade ficar estacionária. Tais porém não são os desígnios de
Deus. Para o objetivo providencial, portanto, é que devem tender todas as
sociedades espíritas sérias, grupando todos os que se achem animados dos mesmos
sentimentos.”(Grifamos)
- – Como um CE pode se defender do ataque de outras
religiões?
Veja-se o que Allan Kardec diz no item 341, último parágrafo, de O Livro
dos Médiuns:
“(...) que as reuniões
verdadeiramente sérias, como as que já se realizam em diversas localidades,
se multiplicarão e não hesitamos em dizer que a elas é que o Espiritismo será
devedor da sua mais ampla propagação.
Religando os homens honestos e conscienciosos, elas imporão silêncio à crítica
e, quanto mais puras forem suas intenções, mais respeitadas serão, mesmo pelos
seus adversários: Quando a zombaria ataca o bem, deixa de provocar o
riso: Torna-se desprezível.” (Grifamos)
- – O CE deve exigir algum tipo de traje especial dos
seus frequentadores?
“Os Centros Espíritas se caracterizam pela simplicidade própria das
primeiras casas do Cristianismo nascente, pela prática da caridade e pela total
ausência de imagens, símbolos, rituais ou outras manifestações exteriores;”
(Orientação Ao Centro Espírita)
Espera-se que as pessoas em um Centro Espírita estejam adequadamente
vestidas, não se admitindo trajes que ficariam mais adequados a um dia na praia
ou em clubes sociais. Mas exigir qualquer tipo de indumentária padrão é
esquecer que “O Espiritismo é uma questão de fundo; prender-se à forma seria
puerilidade indigna da grandeza do assunto” como nos disse o Codificador em
Obras Póstumas – Constituição do Espiritismo – item VI.
- – Qual deve ser o comportamento dos assistentes nas
reuniões do CE?
Relembremos o que disse o
Codificador e que se encontra publicado no Livro Viagens Espíritas em 1862
(Casa Editora O Clarim - 2ª edição em língua portuguesa, p.21/23):
“Em sua
maioria os grupos são muito bem dirigidos, alguns mesmo de notável maneira, com
o emprego pleno dos verdadeiros princípios da ciência espírita. (...). Nesses
grupos reina, de modo geral, uma ordem e um recolhimento perfeitos.
(Grifamos)
Qualquer comportamento contrário à ordem e ao
recolhimento, portanto, é desaconselhável em um Centro Espírita.
- – O CE é uma escola?
“é uma escola de formação espiritual e moral que trabalha à luz da
Doutrina Espírita.”(CEI-FEB)
- – O CE é um hospital?
“é posto de atendimento fraternal para todos os que o procuram com o
propósito de obter orientação, esclarecimento, ajuda e consolação.”(CEI-FEB)
- – O CE é uma oficina de trabalho?
“é oficina de trabalho que proporciona aos seus frequentadores
oportunidades de exercitarem o próprio aprimoramento íntimo pela prática do
Evangelho em suas atividades.”(CEI-FEB)
- – O CE é um lar?
“é lar onde as crianças, os jovens, os adultos e os idosos têm
oportunidade de conviver, estudar e trabalhar, unindo a família sob a
orientação do Espiritismo.”(CEI-FEB)
- – Que tempo deve durar uma reunião no CE?
O bom senso recomenda que, para um bom aproveitamento, as reuniões nas
Casas Espíritas não devem ultrapassar 2 (duas) horas de duração.
- – O CE deve manter algum tipo de reunião para crianças
e jovens?
Allan Kardec, no Livro Viagens Espíritas em 1862, publicação da Casa
Editora O Clarim – 2ª edição em língua portuguesa, p.30/31 – faz o seguinte
comentário:
“É notável verificar que as
crianças educadas nos princípios espíritas adquirem capacidade de
raciocinar precoce que as torna infinitamente mais fáceis de serem conduzidas.
Nós as vimos em grande número, de todas as idades e dos dois sexos, nas
diversas famílias onde fomos recebidos, e pudemos fazer essa observação pessoalmente.
Isso não as priva da natural alegria,
nem da jovialidade.”
“Se podemos analisar aqui os
sentimentos que a crença espírita tende a desenvolver nas crianças,
facilmente conceber-se-ão os resultados que pode produzir.”
(...) “Há, pois, uma geração espírita que cresce e que vai
incessantemente aumentando. Essas
crianças, por sua vez, educarão seus filhos nos mesmos princípios, e,
enquanto isso, os velhos preconceitos irão, de pouco em pouco, desaparecendo
com as velhas gerações. Torna-se
evidente que a crença espírita será, um dia, a crença universal.”(Grifamos)
A FEB – Federação Espírita Brasileira mantém uma publicação específica
para orientar as atividades para a infância e a juventude: CURRÍCULO PARA AS
ESCOLAS DE EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA INFANTO – JUVENIL que pode ser acessada pela
internet na página www.febnet.org.br
Receberemos
com prazer os comentários e/ou sugestões do leitor, que poderão nos auxiliar no
desenvolvimento e aperfeiçoamento desse trabalho.
Na
próxima semana concluiremos a nossa contribuição sobre o tema apresentando a
Última Parte de: COMO FUNDAR UM CENTRO ESPÍRITA.
(*) voluntário do C.E. Grão de Mostarda, do programa Antena Espírita e do blog Canteiro de Ideias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário