Em mundos mais aperfeiçoados, os homens se acham submetidos à mesma necessidade de trabalhar?
A
natureza do trabalho está em relação com a natureza das necessidades. Quanto
menos materiais são estas, menos material é o trabalho. Mas, não deduzais daí
que o homem se conserve inativo e inútil. A ociosidade seria um suplício, em
vez de ser um benefício. Questão 678,
em O Livro dos Espíritos.
Consciência
cósmica do Universo, presença imanente na obra da Criação, Deus é, segundo a
definição magistral contida na primeira questão de O Livro dos Espíritos, a
inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
A
semente que germina, a flor que desabrocha, a criança que vem à luz,
originam-se de outros seres. A Natureza lhes oferece alimento, o tempo lhes
impõe transformismo incessante, a Vida cumpre seus ciclos, mas é o Governador
Supremo quem sustenta e comanda o processo.
Segundo
a narrativa bíblica, fomos criados à imagem e semelhança de Deus.
Consequentemente, há algo em nós que identifica essa filiação divina. Trata-se
do poder criador, que nos distingue dos demais seres da Criação. Seu
desenvolvimento e equilíbrio estão subordinados à ação disciplinada ou
trabalho. Sem esse exercício nosso universo interior estaria submetido à mesma
desagregação que atingiria o Mundo se Deus decidisse descansar.
No atual estágio evolutivo
mergulhados na matéria, usamos pesado escafandro
– o corpo – cuja sustentação exige intermináveis labores que, indispensáveis à
preservação da vida física, ajudam-nos a superar a dificuldade de iniciativa e
a indolência que decorrem da pouca familiaridade com o uso disciplinado de
nossas potencialidades criadoras. Enquanto permanecíamos no ventre da natureza, estagiando na
irracionalidade, antes da conquista da razão, essa passividade era natural.
Hoje ela é comprometedora e nos desestabiliza. Por isso costuma-se dizer que mente vazia é forja do demônio.
A
passagem mitológica de Jeová impondo a Adão e Eva o sustento com o suor do rosto, oferece-nos um simbolismo
precioso. Longe de significar um castigo, o trabalho pela sustentação da vida
na Terra é um abençoado recurso de equilíbrio para o Homem que, emergindo do sono
milenar da animalidade, não aprendeu, ainda, a usar os prodigiosos poderes que
configuram sua filiação divina.
À
medida que o Espírito evolui, seu labor, que em principio atendia
exclusivamente às próprias necessidades, orienta-se no sentido de contribuir
para a harmonia universal, transformando-o, progressivamente, na Terra ou no
Além, em instrumento legítimo da vontade do Senhor, copartícipe na obra da
Criação, como o filho adulto que, consciente e esclarecido, conhece suas
responsabilidades, dispondo-se a colaborar com o pai.
Em
estágios mais altos de espiritualidade e desenvolvimento das potencialidades
criadoras, encontramos os Engenheiros Siderais que presidem as manifestações da
Natureza, executando a Vontade Divina.
O
exemplo maior está em Jesus, governador da Terra, segundo Emmanuel, que
orienta, desde os primórdios de nosso planeta, as coletividades que aqui evoluem.
Por isso, em João, 5:17, após proclamar que Deus trabalha incessantemente, o
Mestre completa: ...e eu trabalho também.
Mesmo
na Terra, se buscarmos exercitar a mente em raciocínios relativos à Vida
Eterna, tenderemos a orientar nosso trabalho muito mais em favor do bem-estar
coletivo do que em nosso próprio benefício, integrando-nos no ritmo da harmonia
universal, sob a batuta de Deus, o
Supremo Regente.
Natural, portanto, que os
grandes benfeitores, em todos os setores da atividade humana, sejam,
essencialmente, grandes servidores, dedicando suas existências ao ideal sublime
da fraternidade humana. Compreensivelmente, são sempre fortes e empreendedores,
perseverantes e capazes, ainda que enfrentando problemas e dificuldades
variadas. É que, plenamente identificados aos propósitos da Vida, instrumentos
fiéis do Bem, fluem incessantes por eles, a se expandirem ao seu redor, as
bênçãos de Deus.
(*) participa do
movimento espírita desde 1957, quando integrou-se no Centro Espírita "Amor
e Caridade", que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário de
assistência e promoção social.
Articulou o movimento
inicial de instalação dos Clubes do Livro Espírita, que prestam relevantes
serviços de divulgação em dezenas de cidades. É colaborador assíduo de jornais
e revistas espíritas, notadamente "O Reformador", "O
Clarim" e "Folha Espírita".
Algumas de suas
obras: Abaixo a Depressão!, Antes que o Galo Cante, Mediunidade - Tudo o
que Você Precisa Saber, Para Rir e Refletir, Quem Tem Medo da Morte?
Reencarnação, Tudo o que Você Precisa Saber, Rindo e Refletindo com Chico
Xavier, Setenta Vezes Sete, Suicídio Tudo o Que Você Precisa Saber!,Trinta
Segundos.
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