Foi Aristóteles (Grécia 385 – 323 AC) quem o disse – “o homem é um animal político”. Animal porque tem uma condição biológica absolutamente comparável com os demais seres a quem distinguimos com essa expressão. Vivermos em sociedade e em vida urbana (cidade, do grego Pólis), isso nos faz animais políticos. Naturalmente há quem desdenhe ou deponha dessa condição, mas essa tentativa é, na prática, quase impossível. Exceto se quem o pretenda vá habitar em área, onde seja pessoa única e não precise de qualquer tipo de interação com outrem, apenas consigo mesma. Quem encontrar essa fórmula pode prescindir da opinião de Aristóteles, do contrário é animal político.
Observa-se que uma parcela
de pessoas insiste em se manter isoladas de questões que implicam em
repercussões sobre a vida da humanidade, nas diversas áreas, o que indica que estão
abrindo mão da discussão quanto ao que deveria ser interesse sobre sua própria
vida, naturalmente quando as implicações disso aparentemente ainda não as
atingiram, apesar de fazer vítimas mundo afora.
Nesse contexto cabe uma
interrogação. Ser político é pertencer a agremiações e defender bandeiras por
associação a partidos e ideologias? Arrisca-se que a resposta é “Não, não é
isso”. Essa é uma opção no universo de politização, sem que se constitua em
algo a ser exigido ou reprovado. Porém, qualquer das alternativas enseja que
não deveria ser possível declinar da condição obrigatória de “ter posição”
diante dos temas decorrentes dos problemas humanos. Abrir mão de ter posição implica
em acumpliciar-se com as forças vencedoras, independente do mérito ou ética que
defina a hegemonia. A tentativa do calar-se é a busca de um isolamento dentro
sociedade, o que jamais confere isenção. Somos responsáveis pela ação ou pela
“não ação” que por si é uma forma disfarçada de agir.
O Espiritismo é uma doutrina
que interpreta os temas políticos sob uma visão mais ampla, pois chama para a
mesa de negociação até mesmos os desencarnados. A sua ética promove a emissão
do pensamento ao patamar de ação real, qualificando-o pela intenção interior
que o produza. O compromisso com a atitude independe de estar ou não sendo
vista. As freqüências de vibração emitidas agrupam, consciente ou
inconscientemente, companhias (visíveis e invisíveis) em nosso entorno por
associação espontânea e instantânea. Na Política do Espiritismo, o líder é
Jesus, e os princípios que defende não permitem “ficar-se em cima do muro” (sem
opinião). Esses princípios não se definem apenas no discurso, senão pela
linguagem que começa silenciosa e se exterioriza na atitude. As palavras e as
atitudes que sejam infiéis ao pensamento representam gramados vistosos que
escondem peçonha. Viver a Política em Espiritismo deve considerar o comentário
exalado por Allan Kardec ao final das questões que tratam do tema (LE – q 769 a
772) ‘Vida de Isolamento - Voto de Silêncio’: “o voto de silêncio absoluto, da
mesma maneira que o voto de isolamento, priva o homem das relações sociais que
lhe podem fornecer as ocasiões de fazer o bem e de cumprir a lei do progresso”.
O Espiritismo é instrumento político para a Política Espiritual de evolução da
humanidade. Os espíritas, animais políticos, são chamados a opinar a respeito,
não apenas em assuntos transcendentais, mas enquanto encarnados, também a
respeito dos destinos de nossa sociedade, com base em justiça transcendental e
defesa do planeta.
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