O tema
parece ingrato, faz as pessoas de “bem” mudar o olhar rapidamente, e o sobejo
moralismo estruturante esborra fácil, mas nós precisamos falar sobre estupro!
O Brasil protagoniza mais um desfecho revoltante vindo dos lados do judiciário, desta vez vem de Santa Catarina, onde o juiz Rudson Marcos da 3ª Vara Criminal de Florianópolis, absolveu André de Camargo Aranha em sintonia com a recomendação do Ministério Público que considerou a denúncia feita pela vítima, vídeo, sêmen, comprovação de adulteração nos exames e toda manipulação de imagem feitas pela defesa do acusado, como falta de provas.
A
Índia, que carrega pesado karma coletivo com relação a estupros, está chocando
o mundo mais uma vez com o caso de uma jovem de 19 anos, infectada por
coronavírus ter sido estuprada por um paramédico dentro da ambulância que
deveria transportá-la a um hospital.
Mariana
Ferrer foi estuprada no Café de la Musique da capital catarinense, após ter
sido dopada pelo empresário André de Camargo Aranha em dezembro de 2018. O caso
veio a público em maio de 2019, e a segunda violência seguiu seu curso desde
então, quando a sociedade misógina fortalece as justificativas do estuprador
com discursos de favorecimento e práticas de penalização sequencial da vítima.
A
jovem estuprada na Índia, recebeu do algoz um pedido de desculpas e a famosa
ameaça se viesse a contar o ocorrido para alguém. Ela fez a denúncia e o acusado está detido,
aguardando a justiça indiana decidir.
Fato
inconteste: seja no Brasil ou na Índia, ou em qualquer parte do mundo, a vítima
sempre perde!
Estupro
é algo tão terrível que muitas mulheres sentem medo até de falar sobre ele,
imagina de denunciar!
Agora
vejamos, quando uma mulher enfrenta o escárnio público (pois não há
solidariedade) e recebe como desfecho da luta imensa a absolvição do culpado
por falta de provas (mesmo com todas as provas apresentadas) o que isto
significa? Que não vale a pena denunciar! Eis a mensagem.
Por
outro lado, o varão recebe o incentivo à continuidade da prática, pois não há
punição para ele.
André
de Camargo Aranha é empresário e rico, agora se tornou símbolo da referência
master do machismo e da misoginia brasileira, que o judiciário catarinense
exibiu ao mundo.
A
atitude é no mínimo criminosa, e todas nós mulheres estamos sendo cada vez mais
acossadas por esta expansão do ódio ao corpo feminino.
Se
formos resgatar os casos de estupro que nos chegam, com suas peculiaridades,
seriam necessárias muitas laudas. E se pudéssemos acrescentar aqueles que são
silenciados, talvez não coubesse no espaço…
Quando
as vozes das mulheres de luta interpelam o silenciamento misógino e abrem ao
mundo nossas dores é para denunciar os tantos crimes que nos afetam pelo
simples fato de sermos mulheres!
Precisamos
de feminismo, e não somente. Precisamos de Direitos Humanos, e não somente.
Precisamos unir forças e defender a causa das mulheres de maneira uníssona.
Os
fatos mostram as razões para não desistirmos de lutar! Pois os homens se unem
para defender este tipo de sentença em causa própria: “Melhor absolver cem
culpados do que condenar um inocente”.
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