Somos aqueles que ficaram para curtir as saudades depois de sua partida. Aos poucos vamos aprendendo a viver com as ausências e o tempo é o único remédio para aliviar a falta que a sua presença provoca em nossa rotina. Os primeiros dias provocaram uma espécie de sensação de vazio e as horas pareciam cruéis estacas perfurando-nos o coração. Não é fácil lidar com essa realidade, mas vamos aos poucos nos adaptando.
Lembrá-los parece uma confortante atitude que nos leva a imaginar que a qualquer momento reaparecerão a nossa frente, como num despertar de pesadelo, quando a agonia termina ao abrirmos os olhos. A certeza do adeus desnuda essa ilusão e passamos aos poucos a aceitar a tristeza da separação. Apenas uma crença pode nos manter serenos apesar da dor. É aquela que afirma a continuidade da existência depois de concluído o expediente acima desse chão que nos sustenta.
Sabê-los vivos em toda a plenitude que esse termo determina é refresco para a despedida não desejada. Pensá-los no poder de todas as potencialidades é alimento para o nosso coração saudoso. Imaginá-los em pleno gozo da vida e cercados das pessoas que lhes antecederam é refrigério para a aflição que nos aperta o peito.
O entendimento que nos alcança de que ainda haveremos de um dia nos encontrar transcende ao medo da perda inusitada. Se porventura deixamos assuntos em aberto, sempre haverá a oportunidade de concluí-los e se infelizmente, desentendimentos nos afastaram nessa existência, chegará o momento em que nossos corações vão se abraçar.
A regra da vida nos lança à continuidade das tarefas que vocês deixaram e é em homenagem as suas memórias que levantaremos todos os dias para realizar as tarefas que nos cabem enquanto a existência nos permitir. Porque desistir de viver pelo peso de suas ausências é fraquejar diante do tempo que ainda nos é forçoso permanecer no corpo.
Admitir que a morte não é opção e sim um chamado é o arrazoado que confere confiança a todo aquele que enxerga em Deus a absoluta justiça e a generosidade infinita. Por não nos oferecer outra porta de saída da vida na Terra, jamais poderia Deus fazer da morte um caminho que não de bênção, sob a pena de se tornar um Ser Cruel, que sabemos não ser.
Portanto, amigos, irmãos, filhos, pais e mães que se foram de nossas vidas, apesar da falta que vocês nos fazem; não obstante a dor que sentimos por não podermos continuar o caminho juntos; além do pesar de não termos conseguido nos despedir como gostaríamos; mesmo com a tristeza de ter que adiar aquela nossa conversa tão prazerosa; nós os amigos, irmãos, filhos, pais e mães que ficamos do lado de cá enviamos todo o nosso sentimento e oração para que vocês possam desse lado de lá usufruir da vida plena, enquanto nos preparamos aqui e aí, para o nosso reencontro. Então, festejaremos juntos, a plenitude da vida, que não finaliza com o sepulcro, mas se expande à eternidade, cuja destinação é a celebração do amor que nos une.
Muito importante sempre levar mensagens como essas, especialmente lembrando a mensagem consoladora que a doutrina espírita nos transmite: a morte não existe, apesar da ausência física.
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