A onda mística religiosista que avassala a compreensão do Espiritismo no Brasil carrega muitos elementos que aos poucos precisam ser melhor analisados, pois o ser espírita não distingue o indivíduo do seu meio cultural, a não ser pelas crenças e convicções sobre processos reencarnacionistas, continuidade da vida espiritual na erraticidade e os caminhos individuais e coletivos que levam à evolução.
Assim sendo, o espírita vive processos de luto da mesma maneira que seu meio social costuma processar estes momentos.
Desconsiderar a vivência do luto gerado pelo desencarne de um parente ou pessoa de convívio aproximado, é algo que pode soar violento ao outro, seja este espírita ou não.
O fato de compreendermos que a vida continua para quem desencarnou (e mesmo a certeza de que também iremos desencarnar) não nos isenta de derramar lágrimas de tristeza pela separação, ainda que momentânea. Sentir ausência como perda é algo muito individual, portanto, a melhor postura por certo, é respeitar o outro em seu agir.
Não precisamos ter pressa para sorrir, se a alma não o deseja. O vento abranda as paisagens quando se transforma em brisa e chorar é humano, é libertador. Portanto, tenhamos paciência com os nossos momentos de sofrimento, pois eles nos abrem espaços internos de auto-percepção, são caminhos de interiorização que a humanidade abriu em si quando se percebeu morrente.
O consolo flui quando aquieta a turbulência e as benevolências das crenças espiritualistas são mãos suaves de mães seculares, acalentando o infante choroso, ninando o futuro com a esperança da fé.
Tenhamos empatia com quem sofre, não importa quem seja.
E acreditemos juntos que estas similaridades nos reúnem por sobre as divergências opinativas, como feixes ora dispersos que se aglutinam em volta de uma verdade grande: a vida nunca termina, mas está sempre mudando.
Cultivemos a amorosidade que transforma dias tristes em finais de tarde matizados pelo sol distante, com ares de amanhãs melhores.
Sejamos espíritas que vivem o luto como processos naturais da escalada de humana espiritualização.
Respeitemos o luto do outro jorrando carinho e abençoando o fluxo renovador, na certeza de que a vida faz de cada um de nós parte do feminino acalanto que embala os que sofrem.
A vitória da vida segue incólume. O canto mavioso do amor nos renovará sempre!
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