Filha dos ventos, filha do tempo, feita de relâmpagos e trovões, corria o fogo e a água em suas veias e artérias. Desafiar o mundo e permanecer inteira é tarefa para poucos, mesmo que tenha tido os caminhos destroçados e ao coração atingido por golpes de maldades e incompreensões. Andar a frente de sua época e pisar a cada momento em terreno minado. Essa a realidade de Madalena, aquela que teria de Jesus o reconhecimento e o respeito.
São muitas e controversas as informações que fazem referência à Miriam naqueles tempos missionários de Jesus. A maioria desses comentários são resultado da dificuldade da cultura machista em conviver com a fortaleza feminina. Madalena foi uma mulher que transcendia ao seu tempo. Não espanta a resistência por parte da sociedade dominada pelos homens, inclusive entre aqueles que faziam parte do grupo que seguia a Jesus.
Alguns não conseguiam aceitar a sua performance em entender a mensagem do Messias, e mais, interpretá-la às pessoas do caminho, com a provável aprovação de Jesus que, segundo alguns estudiosos, solicitava a sua presença em tais ocasiões.
Sobressaia o seu amor pelo Mestre, amor esse que era intenso ao ponto que fazer-lhe largar a sua antiga vida para seguir-lhe os passos sem titubear, atitude que fez crescer a seu respeito uma série de preconceitos relativos ao tipo de vida que elegera para viver. Afinal a sociedade daquela época não era compreensiva com uma mulher que havia abandonado tudo para seguir os passos do homem que amava.
Alguns entendimentos levaram a crer tratar-se de alguém que comercializava o corpo criando a versão de que teria sido uma prostituta. Se assim o fosse, e isso não está comprovado, pouca diferença teve para Jesus, cujo acolhimento foi suficiente para que tal preconceito não tivesse prosperado. Jesus jamais condenara alguém pelos caminhos anteriores e via a pureza do coração das pessoas, independente de como se chegasse até ele.
Essa mulher representava tanto para Jesus que teria sido escolhida para receber as primeiras manifestações do Mestre quando retorna refulgente para comprovar que o espírito segue vivo depois da morte, envergando o seu corpo espiritual. Não foi por acaso e sem propósito aquela aparição, como de resto nada foi improvisado nos caminhos de Jesus.
Ninguém melhor que Maria de Magdala para poder explicar aos homens assustados daqueles dias difíceis que Jesus vivia. Ela que ficara até o final de sua crucificação e chorou os seus últimos momentos. A sua mente inquieta sabia que o seu amado ainda tinha muito a ensinar e jamais deixaria de cumprir a sua promessa de retono passados os três dias de sua morte. Madalena não deixou arrefecer o seu ânimo frente à desconfiança dos discípulos que, enciumados uns e incrédulos outros insistiam em não aceitar que ela tivesse sido a designada para aquele momento.
A irrepreensível adesão de Madalena a Jesus lhe valeu a condição de se tornar uma Apóstola, a mulher que Jesus apresentou ao mundo como uma verdadeira representante da força feminina na compreensão e divulgação de sua mensagem de luz.
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