Vaso e oleiro formam um só corpo, uma composição que exprime a arte bidirecional, quando mãos e argila projetam a forma de beleza. A metáfora que confunde obra e autor surge do completo acasalamento que a ideia e o objeto concretizam.
O útero que alberga a forma é a fôrma que acolhe e nutre uma vida que pulsa num compasso de pertencimentos. A casa da fertilidade que abraça a um projeto de vida que cresce sendo anexo enquanto se lança independente e apartado do casulo.
Toda mulher alcançada pela gravidez é arrebatada pelo mais auspicioso e ímpar período de sua existência, mesmo que o repita algumas vezes, não importa, será sempre uma experiência criação sem igual. Ali, naquele espaço emocional haverá a mais intensa fusão, a mais profunda conexão entre dois seres.
Como terá sido com Maria, a mulher-útero que recebeu Jesus? Muito jovem, adolescente talvez, inexperiente e aparentemente despreparada... de repente, grávida. No íntimo do seu corpo uma luz se desenvolve, não qualquer luz. Emoção? Medo? Perplexidade? Uma certeza se impõe: esse encontro não foi por mero acaso.
Tomada de surpresa apenas se dispõe, serva do inusitado. Criança ainda, apenas aceita sem questionar o tornar-se mulher. Seu corpo capturava das zonas superiores do Universo a maior expressão humana que a Terra receberia desde o alvorecer dos primeiros raios de sol. Sua mente vibrante o modelo para a corporificação do governador transcendental do planeta.
Provavelmente parceira de outros tempos emprestava o domínio do seu organismo para servir de base funcional a um Espírito com vibração de estrela, cuja intensidade poderia desestabilizar o frágil embrião em início de desenvolvimento. A afinidade de ambos permitiu exitosa gestação. Depois a seiva dos próprios seios, o afeto da infância, a liberdade da adolescência, a admiração ao adulto emancipado, a presença de seguidora do caminho. Antes a dor da perda, sem que pudesse protegê-lo da violência do mundo, as lágrimas de tão difíceis momentos.
Teve que conviver com a dor de uma separação que sabia ser temporária. Abençoou aquele corpo martirizado com o mesmo afeto que o embalava nos braços ainda criança. E tornou a sua casa a casa dos amigos de Jesus, venerada pelos seguidores e fonte de carinho aos aflitos do caminho. Referência aos que chegavam noviços à conversão aos ensinamentos dos apóstolos. Foi fermento de maturação para os primeiros teóricos do evangelho, entre eles João, o Evangelista e Lucas.
Vaso e oleiro, mãos e argila. Maria de Jesus ou Jesus da Maria, metáforas. Espíritos de grandeza. Luz e velador. Apoio imprescindível à missão de evangelização do mundo. Dileta amiga daquele que já era antes que a Terra fosse. Bendita entre as mulheres. Cheia de graça. Arvore frutífera do maior fruto de Deus no planeta. Ave Maria, Mãe de Luz!
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