As reações “reacionárias” que alguns textos que publico em grupos espíritas dispostos nas redes sociais costumam provocar, por vezes me prendem a atenção, se mostram dignas de observação, afinal o intuito também é aprender com o erro, que pode ser meu ou do outro.
Mas não é este simplismo que motiva a leitura, pois de cantilena “palestrista” esta alma anda esgotada. E quando considero a existência do erro não é para crucificar, julgar e condenar, mas para compreender os processos históricos, culturais e políticos que influíram de maneira contundente nisso que nos tornamos socialmente.
O texto em questão trazia como título “Repulsa ao bolsonarismo em alta” e em nenhum trecho fazia apologia a um espectro político, muito menos abordava questões de cunho partidário. Embora a política como essência, jamais será dissociada de nenhum tipo de texto produzido por qualquer um de nós.
As reações curiosas iniciaram com a ameaça de saída do grupo. Condenações de abordagens sobre “esquerda” e “direita” naquele nicho, que por ser espírita, deveria tratar somente de “coisas da alma”.
Eis o ponto nevrálgico! Eis meu interesse acirrado. Para compreender em qual ponto da história conseguimos a façanha de separar “coisas da alma” de “coisas da vida da alma”.
É isso: reencarnados somos almas vivendo em um mundo material onde nossas ações vibram politicamente o tempo todo, portanto, não é possível ao espiritismo nem a orientação espiritualista alguma, separar o ser daquilo que vive e faz, pois é exatamente nisso que ele existe.
Haveremos de romper estes tabus religiosistas para que consigamos aquele passo evolutivo que a hora pede.
A alma é política! Os reflexos dessa identidade podem se manifestar com adesões partidárias? Claro que sim, mas não necessariamente.
Pois amar incondicionalmente é uma carga política dificílima de colocar em prática, mas nossas bocas suaves garantem que amaremos, mesmo quando ao sair das reuniões apoiamos chacinas e genocídios. O espírito é político!
Essa política variável, se alimenta de éticas distintas. O amor seletivo, as mães que somente oram pelos filhos delas, o cidadão de bem que só defende os interesses da família dele, tudo isso é expressão do nível de evolução política dos espíritos encarnados.
Talvez um pouco de leitura híbrida possa ajudar a quebrar o cristal que faz as bolhas espíritas parecerem ser iluminadas, quando na verdade, se tornaram gaiolas do ego.
Como amar não é fácil e nós desejamos ser amorosos, seguimos estudando sem praguejar porque o Brasil já está demasiado perturbado pela pandemia casada com a necropolítica de Bolsonaro e nós firmamos um ponto de resistência para sobreviver, escrevendo.
Mas que é tudo é política, é.
Muito bom.
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