Jesus, ilustração feita por especialista Richard Neave para documentário da BBC em 2001 (Foto: BBC)
Jesus tem espaço na sociedade contemporânea? Qual o alcance de suas palavras e exemplos diante dos graves problemas que afligem as pessoas que povoam as nossas cidades? Quando evocamos Jesus ao pensamento é possível coadunar os conceitos que emanam de sua doutrina com a qualidade das bandeiras que empunhamos em nossa lida e do rumo que decidimos para as nossas vidas? Faz sentido um Jesus nos templos e outro nas ruas?
Diante do desenrolar dos ciclos da civilização humana, mercê de mudanças que se contrapõem, a depender das crenças que as alimentam, o maior desafio para qualificar a condição de cada pessoa que diz aceitar a atualidade de Jesus, é saber como desenhar o papel que ele representa nas escolhas do caminho a seguir.
Na linguagem do Espiritismo Jesus surge como “modelo e guia”. Saber qual o molde ele nos propõe e tê-lo a frente gerando as pegadas se torna imperioso, não apenas um convite, caso o intento for confirmar o dito. Ter clareza a respeito da atitude que repita o modelo e dos passos que obedeça à bússola.
Salvo equívoco de interpretação, Jesus foi claro ao defender suas ideias. Sua pregação reverberou sobre as misérias morais e principalmente foi incisiva em condenar as distorções de comportamento dos frequentadores dos templos que adoravam Deus pelo dia para negá-Lo à noite, dependendo das conveniências.
O homem que dividiu a história ocidental em antes e depois de sua vinda tem um discurso inconveniente a todo aquele que opte pelas conveniências e hesite em olhar para a humanidade com a necessária empatia por todas as dores que assolam à grande maioria de pessoas que desfilam em cortejos com as cores das minorias e da desigualdade. Tentaram até mesmo substituí-lo pela lenda do papai noel, aparentemente mais palatável aos olhos que cultivam outras prioridades que não seja a espiritualidade nem a partilha.
Entender a atualidade de Jesus não é tão simples como se possa supor. Num mundo de contrastes, não é fácil ser imparcial em presumir qual a direção dos seus passos diante da crise de valores que assola o mundo. Uma coisa não há se contestar, provavelmente ainda seria firme em separar Deus e Mamon e não claudicaria na exigência do SIM SIM, NÃO NÃO em seu falar e no seu agir.
Numa sociedade que suporte o peso da atualidade de Jesus há de ser exigido o sentido do compartilhamento do afeto, a defesa da vida planetária, o respeito pela existência do outro, a obrigatoriedade da proteção aos mais frágeis, o atendimento das necessidades essenciais dos semelhantes. Afinal, quanto mais o mundo se torna complexo e plural maior a carência de Jesus. A simplicidade de sua mensagem e a Paz que sugeriu poder ser alcançada são atemporais, transcendem ao passar das épocas.
Torná-lo atual é papel de cada pessoa que decida tê-lo como companheiro de viagem, como consultor de atitudes, passo a passo, minuto a minuto, na qualidade de mentor que nos convida à realidade além das aparências, á conquista da própria essência.
Necessário trazer sempre temas atuais.
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