quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

SÓ QUEM É VIVO É QUE SEMPRE APARECE?

 


            Há um adágio popular que é expressado quando alguém surge num ambiente depois de algum tempo de ausência, seja por alegria ou por ironia. Quem é vivo sempre aparece. Apesar da validade do dito, ele não faz justiça ao incluir apenas os considerados vivos no ROM daqueles que aparecem.

            Nos relatos do Novo testamento foi Jesus quem tornou diferente essa tradição. Lucas (9: 28 a 36) conta que em companhia de Pedro, João e Tiago, o Mestre subiu ao Monte Hermon. Enquanto os três permaneciam em oração, um pouco mais adiante Jesus se encontra com Moisés e Elias. Aquelas presenças foram tão incontestáveis que Pedro questionou se devia serem elevadas três tendas para abrigar os três dialogantes. Claramente ali, não eram os chamados vivos que vieram a aparecer.

            Ratificando a sua certeza e dando inequívoca prova de que os chamados mortos também aparecem, eis que Jesus ressurge do sepulcro e oferece as próprias chagas para serem tocadas e algumas vezes se fez presente alguns encontros daqueles que se reuniam em seu nome naqueles tão difíceis momentos de resistência dos seus discípulos.

O Espiritismo foi produto, em seus primórdios, de uma escalada daqueles que, sem serem considerados vivos, resolveram aparecer cantando a libertária melodia da imortalidade como bandeira desfraldada pelo aniquilamento da ideia da morte como final de jogo para a existência do ser espiritual. Decididamente a vida espiritual não foi uma invenção da Doutrina Espírita, cuja maior virtude foi tornar essa compreensão simples de ser entendida. Baseada em fatos tão catalogados e irrefutáveis quanto aqueles vivenciados por Jesus.

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, (VI- Resumo da Doutrina Espírita) é categórico: ” Os seres que se manifestam designam-se a si mesmos, como dissemos com o nome de Espíritos ou Gênios, e dizem, alguns pelo menos, que viveram como homens na Terra”. Completa a informação com as seguintes questões no citado livro: “149. Em que se transforma a alma no instante da morte? — Volta a ser Espírito, ou seja, retorna ao mundo dos Espíritos que ela havia deixado temporariamente. 150. A alma conserva a sua individualidade após a morte? — Sim, não a perde jamais. O que seria ela se não a conservasse? ”

Sim, não apenas os que estão vivos que aparecem. Os chamados mortos também o fazem. A vida não cessa e essa verdade precisa ser repetida A VIDA NÃO CESSA. Essa a lição que precisa ser aprendida e jamais esquecida. Só assim haveria Justiça em Deus. Misericórdia também. Aprender que não morremos é grande mola que haverá de fazer a sintonia do mundo mudar. Torna-nos responsáveis por cada ato praticado. Consola da saudade que a morte produz naqueles que ficam. Assegura que cedo ou tarde a consciência divina que há em cada Espírito haverá de se iluminar. Auxilia-nos a adotar a compassividade com aquele que se desviou do caminho, conquanto lhe combata as ideias.

Saudemos os vivos que retornam para o abraço depois de algum tempo de separação, mas estejamos abertos àqueles outros MUITO VIVOS que do mundo espiritual colaboram com os cometimentos de cada dia. E cuidemos da sintonia que seleciona as presenças invisíveis.

 

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