Roda de Samsara |
O ciclo das encarnações, conforme as orientações constantes em toda obra espírita, traz cada pessoa para vivências consoantes às necessidades típicas ao exercício do aprendizado mais específico aos problemas relacionados com o passado remoto.
O entendimento é que cada pessoa se encontre no ambiente emocional, familiar, cultural mais próprio para lhe desenvolver as aptidões mais importantes ao seu equilíbrio espiritual. As condições que cercam a existência é resultado de um aglomerado de decisões ratificadas pelo status de evolução individual, resultado do patamar de experiências.
Não é por acaso que acontecem os fatos que se repetem tantas vezes à revelia do desejo. Por outro lado é muito comum que grandes grupamentos de pessoas se confessem decepcionados com o tipo de rotina que os alcança. Cabem questionamentos quanto ao fato de haver voluntariedade nessas escolhas.
Desde que é dado ao encarnado, antes do nascimento, escolher o gênero de provas, porquê a opção pela luta, pela escassez, pelas dificuldades e sofrimentos?
Tratando desse tema no capítulo 6 de O Livro dos Espíritos (Escolha das Provas), Allan Kardec questionou essa curiosidade, nas perguntas que seguem: “258. No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida? – Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre arbítrio; 266. Não parece natural que os Espíritos escolham as provas menos penosas? – Para vós, sim; para o Espírito, não. Quando ele está liberto da matéria, cessa a ilusão, e a sua maneira de pensar é diferente”.
Não há regras para o tipo de prova ou expiação que é própria para cada Espírito. Há grandes missionários em todas as condições de existência, da mesma forma há incomensuráveis sofrimentos em situações consideradas privilegiadas por multidões. O que importa não são as condições externas e sim a forma como cada individualidade abraça as condições de sua vida e emprega os esforços na solução dos problemas intransferíveis.
A configuração que a Doutrina Espírita propõe para explicar a lógica das encarnações é baseada na solidariedade entre os caminhos. O verdadeiro mérito de uma existência não se encontra nos seus sinais exteriores, mas na forma funcional com que a vida transcorre. O empenho dos Espíritos mais esclarecidos em apoio aos menos lúcidos é o diferencial para o equilíbrio do grupo de convivência.
Definitivamente a Terra não é um planeta para passar férias. Cada pessoa tem o seu enredo para solucionar. É possível tornar a caminhada menos penosa. Colaborar com o outro amplia a capacidade de crescer. Riqueza ou escassez, saúde ou doença, acadêmicos ou analfabetos – em todos os casos há quem sucumba ou triunfe. Ter consciência das dores que nos alcançam é meio caminho para a solução dos problemas, cuja solução alcançada é a fórmula de passar adiante na experiência que nos cabe.
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