Por Ana Cláudia Laurindo
A cada época o mundo das formas cria mocinhos e vilões, para amarmos e temermos.
Já amamos princesas frágeis e odiamos bruxas ardilosas.
Assim muitas mulheres acreditaram no conto do vigário e dedicaram toda a existência a um príncipe, mesmo que em muitos casos tenham encontrado sapos e dragões.
O triunfo trabalha sobre coerções, sistemas de crenças e condução das atitudes, cristalizando noções, ajustando ideias e mentalidades, gerando com isso, aquela aura de assim todos ficam felizes!
Mas a felicidade não é para todos neste reino de consumos!
Por mais que as irmãs da Cinderela encolham os pés ou até mesmo cortem os dedos proeminentes, o ajuste da delicadeza já estava pré-determinado.
O capitalismo é rei.
Gosta de coroar sadicamente os personagens mais evidenciados nas tramas, como evento público no qual todo mundo mente mas ninguém se importa com isso, todos aplaudem e esperam a hora do lanche.
Neste jogo de personas e intenções, quem tem medo da pobreza?
Em tempos de cartões de crédito, vamos arrastar as dívidas e multiplicar juros embutidos nos empréstimos, salvando todas as preocupações por uma noite.
Quem tem medo da solidão?
Agregar no tabernáculo da internet é a saída.
Grupos altos ou baixos, pouco importa essa métrica qualitativa. O que não se admite é não ter grupos.
Afinal, quem toca o terror no tempo presente?
O algoritmo!
Um ser controlador de tiques e toques, que ninguém vê mas pressente, através de propagandas e limitações de contatos.
Um tipo de mestre dos magos tecnológicos que quando você mais precisa não sabe onde encontrar para um aconselhamento.
Saber que por trás dos algoritmos existem seres humanos pode ser tão decepcionante quanto descobrir que a monga era fruto de um jogo de espelhos, e, assim sendo, agradar a este deus faminto com oferendas de rebolados e piadas preconceituosas, parece ser a saída.
O algoritmo não gosta de política.
Transformar a todos em bobos da corte parece ser uma das suas mais fortes características.
Quiçá esse conto não feche as páginas antes de desvendarmos os mistérios dos gabinetes de ódio, o terror predileto dos algoritmistas!
Para descobrir outra vez que no final, tudo é política!
Muito bom!
ResponderExcluirTexto sucinto com muito conteúdo.