Não estava em meus planos escrever, agora,
sobre o tema que me é proposto. Considero-o vasto demais para abordá-lo no
pouco tempo de que disponho. Mas reflito que de alguma forma o estou “vivendo”
e que, portanto, posso tentar algo, sem o conhecimento do profissional de
assistência social, que não sou; sem assento nos órgãos de assistência social,
dos quais jamais participei; e até mesmo sem participação no movimento espírita
federativo, que arregimenta o Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita.
Presentemente, atuo como voluntário em
instituição de assistência social de cuja fundação fui um dos atores e da qual
não me afastei, ao longo de duas décadas, e é nessa perspectiva que escrevo, pedindo
a Jesus que me inspire na tarefa, que propus fazer por partes, de forma a
tornar-se menos cansativa ao leitor.
A poesia de Denis
Quando recebi a incumbência e avaliei se
poderia aceitá-la, senti-me como León Denis descreve na introdução de Depois da
Morte. Ele viu o desfile das importantes cidades na estrada do tempo, com todos
os seus personagens, passando “como sombras efêmeras”. Eu “vi” os abnegados
trabalhadores da fraternidade, que a partir do Cristo se lançaram a mitigar a
dor humana, tarefa em diversos momentos considerada “fora” ou “à margem” das leis,
por isso custando-lhes alto preço, algumas vezes o da vida. E os vi, nos dias
de hoje, com as mesmas lidas, em franco esforço na preparação do Caminho para
que se concretize aquele pedido de Jesus na oração do Pai Nosso: “Venha a nós o
Teu Reino...”
A perspectiva humanitária
É na perspectiva humanitária que escrevo.
Muito apressadamente discorrerei sobre as leis, que representam sinceras
aspirações desses abnegados que socorreram os aflitos em condições
inacreditáveis.
Em uma época na qual o estado não assegurava
o direito previdenciário, por exemplo, e em que o idoso sem família estava
sujeito a mais absoluta pobreza, a recomendação de “O Livro dos Espíritos” não
deixava dúvidas: “Na falta da família, a
sociedade deve tomar-lhe o lugar”.
Aconteceu! Tomando o exemplo de nosso País, hoje
os idosos necessitados tem previdência. Morre-se de solidão, por exploração,
por falta de cuidados... Mas raramente um idoso dá cabo à vida como
François-Simon Louvet, referido pelo Codificador em O CÉU E O INFERNO, Segunda
Parte, Cap. V: “Meu Deus, tive uma vida tão miserável!... Era um pobre diabo; sofria
frequentemente de fome em meus velhos dias; foi por isso que me pus a beber e
tinha vergonha e desgosto de tudo... Eu queria morrer e me atirei...”, disse
a Kardec, após o suicídio.
Tais conquistas hoje estão asseguradas por
leis.
Ainda sobre as leis
As leis, que como resultado do trabalho dos
homens justos, vem ao encontro dos infortúnios, ainda não conseguem suprimir a
ação dos burocratas que inviabilizam seu alcance ou daqueles que fazem do
sofrimento do outro uma forma indireta de exploração, mediante desvios de
recursos e outros vícios da administração. Se elas lograssem tais resultados, a
miséria teria sido tratada. Isto posto não me deterei no exame delas, repito,
por serem do domínio dos advogados, profissionais da assistência social, etc. Direi
que devemos conhecê-las, respeitá-las e cumpri-las, mas também reconhecer que
evoluem; que qualificamos como retrógradas as que eram vigentes há poucas
décadas; e que em 2050, por exemplo, consideraremos ultrapassada parte do que é
vigente hoje.
Além disto, o Manual do Serviço de
Assistência e Promoção Social Espírita, da Federação Espírita Brasileira
apresenta, de forma muito bem elaborada, todo o histórico da assistência social
no Brasil e no mundo, fazendo referência à legislação e apresentando, inclusive,
documentos que podem ser utilizados por centros e instituições de assistência
social espírita.
Ao caro leitor
Pretendo prosseguir em próximo artigo,
discorrendo sobre ASSISTÊNCIA x PROMOÇÃO SOCIAL. Gostaria de seu feed back para ir norteando
esta conversa.
(*) Um dos
fundadores do Centro Espírita “O Pobre de Deus”, Oiticicas, Viçosa do Ceará.
Para
conhecer as obras sociais do C.E. “O Pobre de Deus”, acesse:
Contato com
Everaldo:
Temos que tentar de alguma forma, mitigar a fome e o sofrimento dos nossos irmãos, pois o Meigo Nazareno nos ensinava: "O que fizerdes a um destes pequeninos de meu Pai, a mim estareis fazendo" !
ResponderExcluirSe será uma obra 'assistencialista' não interessa, a fome massacra, a fome corrói os mais puros sonhos, somos responsáveis por todas as misérias. Então caros irmãos, mãos à obra para abrandarmos a fome moral e material.
Paz.