No
frontispício da obra O Evangelho Segundo O Espiritismo, encontramos a seguinte
expressão de Allan Kardec: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a
frente a razão, em todas as épocas da humanidade.” Deriva daí uma das expressões
mais ouvidas da boca dos espíritas: “O Espiritismo
prega a Fé Raciocinada”. O que encerra uma grande verdade.
A pergunta que fazemos é: será que os
espíritas, realmente, são exemplos da fé que divulgam? Nas casas espíritas
encontramos dirigentes e trabalhadores colocando em prática a tão propalada fé
que anunciam? Ou será apenas o discurso de uma prática ainda distante?
Com
base nessas indagações e no conhecimento da realidade que encontramos em
algumas instituições espíritas que visitamos com relativa frequência, é que vamos
tecer alguns comentários sobre o título desse texto.
É muito comum ouvirmos de dirigentes
espíritas que uma das grandes dificuldades que enfrentam é a falta de
trabalhadores. Pergunta-se: será que encontramos trabalhadores prontos ou
devemos prepará-los? Qual seria o método mais eficaz de preparar pessoas para
realizar as atividades na casa espírita?
Pra começar, não podemos pensar em fundar
uma casa espírita se não for possível contar com um grupo, ainda que pequeno,
de pessoas interessadas no Estudo da Doutrina Espírita. Cada integrante do
grupo deve estar disposto, também, a assumir uma função na instituição que se deseja
fundar, de acordo com suas aptidões e conhecimentos, caso contrário, é melhor continuar,
apenas, como um pequeno grupo de estudos ainda durante algum tempo, o que pode
levar meses ou até anos.
A existência de alguém com mediunidade
ostensiva não deve ser motivo para a fundação de um grupo espírita, até porque,
esse companheiro ou companheira, deve primeiro tornar-se espírita, através do
estudo da Doutrina Espírita, ou seja, deve começar frequentando uma casa que já
tenha um trabalho estruturado, participar do ESDE, ou de outro Curso de
Doutrina, para então ingressar em um Curso de Estudo e Educação da Mediunidade
e assim por diante.
Se já somos capazes de colocar em prática a
fé raciocinada, é usando a inteligência, o raciocínio e a criatividade que
vamos encontrar a solução do problema que estamos abordando e o método mais
eficaz de preparar trabalhadores é no próprio trabalho. Devemos incentivar e
estimular as pessoas a assumir responsabilidades na instituição que participam.
Como se pode identificar em um frequentador
da casa que ali se encontra um trabalhador em potencial? Pela assiduidade, pelo
interesse para tirar dúvidas e em participar de cursos e seminários, pela
compra de livros espíritas, ou empréstimos na biblioteca e pela disposição em
colaborar, às vezes até, por chegar mais cedo para arrumar as cadeiras.
Às vezes encontramos pessoas portadoras de
títulos acadêmicos, que começam a frequentar a casa espírita, que até desejam
colaborar, mas que carecem de conhecimentos da Doutrina Espírita. Nesses casos
devemos incentivar essas pessoas a estudar a Doutrina Espírita, começando pelo
começo, o estudo de “O Livro dos Espíritos” e demais obras da Codificação.
Com boa vontade, estudo da Doutrina e um
pouco de esforço, qualquer pessoa pode se transformar em um grande trabalhador.
O dirigente espírita deve ser um incentivador e orientador de colaboradores e um
verdadeiro caçador de talentos, tem que estar sempre antenado.
Por meio da Doutrina Espírita a Humanidade
tem que entrar na fase do progresso moral, que lhe é consequência inevitável, diz
Kardec na conclusão de O Livro dos Espíritos (Item V), por isso o seu estudo na
Casa Espírita deve ser prioritário e contínuo, para que esta possa cumprir a grandiosa
tarefa que lhe está destinada. Os dirigentes da instituição devem dar o
exemplo, permanente, de estudo da Doutrina.
Assim, dirigentes e trabalhadores devem iniciar
seus estudos da Doutrina Espírita na própria instituição, mas, com o passar do
tempo, devem continuar no recesso do lar, adotando um plano pessoal de estudos com
o fim de aprofundar os conhecimentos doutrinários e melhor orientar sua
vivência familiar e profissional pelo conteúdo adquirido.
Concluindo esses breves comentários, sobre
tema tão tormentoso para dirigentes de instituições espíritas, lembramos que
nenhuma construção se inicia pelo telhado e que é preciso fincar os alicerces
em terreno seguro e não sobre a areia, segundo a lição de Jesus em Mateus 7: 24
e 26.
(*) Trabalhador do C.E. Grão de Mostarda
'...O dirigente espírita deve ser um incentivador e orientador de colaboradores e um verdadeiro caçador de talentos, tem que estar sempre antenado...'
ResponderExcluirConcordo plenamente, pois muitas vezes o C.E. tem trabalhadores dispostos a se dedicarem a Seara do Divino Mestre, mas esbarram na pompa e fulgor dos Dirigentes e depois rebatem os questionamentos dos neófitos como firulas e melindres. Torna uma verdadeira ducha de água fria nas boas intenções e perde-se boas oportunidades de crescimento para a Doutrina Espírita.
"Cada integrante do grupo deve estar disposto, também, a assumir uma função na instituição que se deseja fundar, de acordo com suas aptidões e conhecimentos..."
ExcluirE quando o dirigente do C.E absorve todos essas funções, negando-se a delegar responsabilidades? Vejo esse um caso muito claro de fascinação, se achando insubstituível...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPoderíamos pensar também além do trabalho voluntário , em assistência financeira voluntária. Uma vez na casa espírita , todos se beneficiam do uso de energia , água , copos plásticos , cafezinhos , salas e banheiros limpos. O despertar do frequentador da C.E. para participar sistemáticamente com alguma contribuição como papel A4, café , material de limpeza,etc. ,creio, também seria uma forma de estar participando do trabalho desenvolvido pela casa.
ResponderExcluirO comentário anterior foi meu, Aline Loiola.
ResponderExcluirInobstante devamos respeitar o momento certo de cada um, precisamos ententer que nós espíritas precisamos verdadeiramente ter compromissos: com o estudo, com a divulgação da Doutrina Espírita, com as atividades nos propomos a assumir no dia a dia da casa espírita que escolhemos para fazer parte da nossa caminhada,para que o crescimento moral e o progresso possa realmente se efetivar. Parabéns caro amigo Castro pela feliz abordagem de seus comentários! Gardênia Carlos (não sou anônimo)
ResponderExcluirEmbora esse texto seja de junho de 2012, somente agora me dei conta da profundidade dos comentários que o texto mereceu. Parabenizou a todos que enviaram as suas contribuições, o meu objetivo já foi, em parte, atingido que era provocar certa discussão sobre o tema, mas espero mais, que é ver esse tema sendo discutido internamente nas casas espíritas!
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