Por Francisco Castro
O IBGE,
recentemente, divulgou alguns dados a respeito da população espírita revelados
pelo Censo-2010, capaz de deixar os menos avisados em clima de grande euforia. Dizem
as manchetes na imprensa que os espíritas têm os melhores indicadores de renda
e educação em confronto com as demais religiões.
Segundo os
dados publicados na imprensa brasileira, 31,5% da população espírita tem nível
superior completo e 15% tem o fundamental completo. Ora se apenas 12% da
população brasileira tem nível superior completo, no quesito educação, sem
sombra de dúvidas, a população espírita está muito bem.
Quanto ao
indicador renda, quase 20% da população espírita se encontra na faixa de renda
acima de cinco salários mínimos, ou seja, auferem renda acima de R$3.100,00
reais por mês.
Ainda segundo
os dados publicados pelo IBGE, relativos ao Censo 2010, no Brasil a população
espírita atinge 3,8 milhões e no Ceará chega a 467 mil espíritas. É bom que se
diga que esses números não são definitivos, ainda serão depurados, portanto,
são dados, digamos, preliminares.
Por mais
lisonjeiro que esses dados possam parecer, pessoalmente, não me convenço de que
12,29% da população espírita estejam no Ceará!
Nessa mesma
situação de publicação de dados preliminares relativos ao Censo 2000, indicava
que a população espírita brasileira atingia 2,34 milhões, e no Ceará chegava a
32.864 habitantes.
Comentando o
assunto, em 2002 publicamos no jornal Gazeta Espírita, já extinto, alguns dados
comparativos entre o Censo 1991 em confronto com o Censo de 2000. Em 1991 a
população espírita no Brasil atingiu 1,64 milhões, e no Censo de 2000 chegou a
2,34 milhões, apresentando um expressivo crescimento de 42,68%.
Ora, se considerarmos
a população espírita estimada pelo Censo 2010, que é de 3,8 milhões, o
crescimento no período intercensitário 2000/2010, foi de 62,39%, ou seja, quase
50% maior que no período 1991/2000!
Em termos
relativos, a população espírita foi a que apresentou o maior crescimento,
comparado com o crescimento do grupo que vem em segundo lugar, que cresceu
apenas 44,15%, revelando que os espíritas apresentaram um crescimento bastante
expressivo, motivo até para comemoração! Mas, em termos absolutos considerando
a população brasileira, nós espíritas somos ainda uma minoria.
Vejamos agora
o que aconteceu com a população espírita em termos de Ceará que, segundo dados
do IBGE pelo Censo 1991, tinha uma população de 13.215 habitantes, chegando a 32.864
habitantes em 2002, apresentando um crescimento de 148,68%.
Se compararmos
os dados publicados recentemente referentes ao Censo 2010, com aqueles publicados
relativos ao Censo 2000, quando a população espírita no Ceará passou de 32,864
para 467.000 agora, o crescimento foi estratosférico, chegando a 1.321%!
Conquanto os
dados acima, em termos de crescimento da população espírita no Ceará, possam
parecer bastante animadores, a realidade da maioria das nossas Casas Espíritas não
referenda os números apresentados acima, quando encontramos grande parte delas praticamente
vazias, ou com pequena frequência.
Essa realidade
nos leva a concluir com certa tristeza que, ou esses dados não representam com
fidelidade o que acontece com a população espírita, portanto, contém algum tipo
de erro, ou, a maior parte da população que respondeu afirmativamente ao
quesito religião espírita no Ceará se encontra fora dos Centros Espíritas!
Se, em termos de renda, a população espírita é
a que apresenta melhor condição em relação às demais denominações religiosas,
no Ceará a realidade das Casas Espíritas não é nada animadora, haja vista que a
maioria delas se encontra em dificuldades financeiras, com reduzido quadro de
associados contribuindo regularmente, e precisando lançar mão de pequenas
promoções de feiras de usados e almoços fraternos, cujas arrecadações são
insuficientes para cobrir as despesas com suas atividades.
E ainda
encontramos um grande contingente dos que defendem que nas Casas Espíritas tudo
deve ser gratuito! Ora, só podemos dar de graça o que de graça recebemos!
Apenas para
exemplificar, o que acontece se não pagarmos a conta de luz, água e telefone? As
companhias fornecedoras mandam cortar o fornecimento.
Ocorre que
existem outras necessidades que requerem gastos financeiros, e aí, de onde
virão os recursos para cobrir tais gastos? Boa parte das instituições espíritas
hoje complementa suas necessidades financeiras com os recursos obtidos com os
repasses dos cupons fiscais.
Os recursos oriundos
dos cupons fiscais, a partir de janeiro de 2013, com as mudanças que estarão
sendo implementadas pela Fazenda Estadual, ficarão ainda mais escassos, isso
por que, com as modificações anunciadas no sistema fiscal, que será todo
informatizado, no momento da compra, o cidadão ao informar o seu CPF já se
habilitará, automaticamente, a receber ele próprio o repasse referente àquele
percentual de incentivo financeiro diretamente na sua conta corrente.
Assim, o valor
que hoje é repassado para as instituições espíritas oriundos dos cupons fiscais
vai, simplesmente, desaparecer, ou ficar reduzido de tal forma que serão
necessárias outras formas de arrecadação para fazer face às despesas das
instituições espíritas.
Penso que
chegou a hora das instituições espíritas lançarem mão de ferramentas modernas
de administração, no sentido de se manterem funcionando e assim poderem atingir
suas verdadeiras finalidades: o estudo, a divulgação e prática da Doutrina
Espírita.
Companheiro Castro!
ResponderExcluirBelíssimo artigo! Em números, você apresentou o atestado da nossa incompetência na gestão das Instituções Espíritas. Parabéns!
Muito bem Jorge Luiz!
ResponderExcluirCaro amigo Castro, parabéns pelo artigo! Infelizmente o movimento espírita do Ceará tem sem sombra de dúvidas uma grande dificuldade de custear e manter as casas espíritas, em função de uma cultura que se criou não sei onde, que tudo tem que ser de graça, é óbvio que existem pessoas que tem dificuldades de serem sócias da casa, mesmo participando com um valor mínimo que seja, porem, uma grande parte deveria ter consciência dessas necessidades materias que mantém a instituição de portas abertas. No Ceará, digo eu, a coisa se complica, diferentemente de outros estados em que a participação dos trabalhadores e até mesmo de assistidos dão vigor a instituição financeiramente. Aqui, não sei por que cargas d'agua é uma dificuldade tão grande.
ResponderExcluirUm grande abraço a todos.
Fernando Bezerra
Caro amigo/irmão Castro. Belo trabalho de pesquisa que abre nossos horizontes à realidade do avanço do movimento espírita no Brasil e no Ceará. Realmente, no caso de nosso estado, Ceará, é algo surpreendente.
ResponderExcluirA verdade é que a Doutrina dos Espíritos segue conforme os prognósticos do próprio Allan Kardec. Fraternalmente, Paulo Vale.