O ARTIGO "DIÁLOGO, UM DOS QUATRO PILARES DO RELACIONAMENTO SAUDÁVEL, DE AUTORIA DE ALKÍNDAR DE OLIVEIRA, É O 8º NO RANKING DOS MAIS ACESSADOS - 614 ACESSOS - NO BLOG CANTEIRO DE IDEIAS DESDE A SUA CRIAÇÃO, EM 13.05.2012.
Ouve-se
que é preciso discutir à exaustão determinado tema conflitante, para chegar-se
a um consenso. Há nesta corriqueira afirmação um equívoco: numa discussão
dificilmente chega-se a um consenso, pois o termo “discussão” pressupõe a
existência de perdedor e ganhador. Portanto, como regra, não há como chegar a
um consenso numa discussão. Na discussão a pessoa chega com determinado
pressuposto e procura vencer, com suas idéias, as opiniões dos outros
participantes. Um exemplo clássico de discussão são os debates em campanha
eleitoral, onde cada candidato procura impor suas teses e derrotar as dos
adversários.
Se
for preciso chegar a um consenso, o mais adequado instrumento da comunicação é
o diálogo.
A
diferença básica entre a discussão e o diálogo é que, enquanto no primeiro caso
a pessoa já chega com suas idéias prontas procurando impô-las, no segundo, a
pessoa despe-se de suas verdades ou pressupostos. No diálogo o grupo está
aberto e predisposto a explorar diversos pontos de vista para se chegar a um bom
resultado. Não há, no diálogo, pessoas perdedoras e ganhadoras, mas, sim,
idéias vencedoras.
Outra
diferença básica entre a discussão e o diálogo é que, enquanto no primeiro caso
(discussão) os integrantes utilizam-se de reflexões com o objetivo de encontrar
argumentos que destruam ou enfraqueçam as idéias do outro, no segundo caso
(diálogo) as pessoas fazem reflexões sobre a validade de suas próprias idéias.
No
livro A Quinta Disciplina, Editora Campus, seu autor Peter Senge relata algumas
frases determinantes do David Bohm sobre diálogo. David Bohm, destacado
estudioso da física quântica, em uma das suas frases traduz a essência do
diálogo: “No diálogo não estamos tentando vencer. Todos estaremos vencendo se
estivermos fazendo de maneira correta”.
Diz
ainda David Bohm: “O propósito do diálogo
é revelar as incoerências do nosso pensamento”. Em consonância com esta
frase Peter Senge desenvolve a seguinte teoria: “Quando um conflito vem á tona em um diálogo, as pessoas provavelmente
percebem que há uma tensão, mas a tensão surge, literalmente, dos nossos
pensamentos. As pessoas dizem ‘São os nossos pensamentos e a forma pela qual
nos atemos a eles que entram em conflito, não nós’. Assim que as pessoas vêem a
natureza participativa de seu pensamento, elas começam a se separar de seu
pensamento. Começam a assumir uma posição mais criativa e menos reativa a seu
pensamento”.
Por
estas considerações de Peter Senge e de David Bohm, deduz-se que nas vezes em
que quisermos atingir a efetividade em nosso meio, o diálogo é a ferramenta mais adequada, e não a discussão.
Sobre
o diálogo no mundo corporativo ou institucional, continua Peter Senge no já
citado livro A Quinta Disciplina:
“Bohm identifica três condições básicas necessárias
ao diálogo:
1. Todos os
participantes devem ‘suspender’ seus pressupostos, literalmente colocando-os
‘como se estivessem suspensos diante de nós’;
2. Todos os
participantes devem encarar uns aos outros como colegas;
3. Deve haver um
‘facilitador’ que ‘mantenha o contexto’ do diálogo.
Essas
condições contribuem para permitir o ‘livre
fluxo de significado’ passando entre os membros do grupo, diminuindo a
resistência ao fluxo”.
“Suspender os pressupostos”, de David
Bohm, comenta Peter Senge: “Significa
segurá-los ‘como se estivessem pendurados à sua frente, constantemente
acessíveis ao questionamento e à observação’. Isso não significa que temos
de jogar fora nossos pressupostos, suprimi-los ou evitar sua expressão.
Tampouco, de maneira alguma, significa que ter opiniões é ‘ruim’ ou que devamos
eliminar o subjetivismo. Ao contrário, significa estarmos conscientes dos
nossos pressupostos e submetê-los a exame. Isso não pode ser feito se estivermos
defendendo nossas opiniões. Tão pouco pode ser feito se não tivermos
consciência dos nossos pressupostos, ou de que nossas visões baseiam em
pressuposto, ao invés de fatos incontroversos. Bohm argumenta que uma vez que o
indivíduo ‘se fecha numa posição’ e
decide que ‘é assim que tem de ser’, o fluxo do diálogo fica bloqueado”.
SABERMOS
OUVIR, A PRINCIPAL TÉCNICA DO DIÁLOGO
Uma
das mais importantes leis da comunicação interpessoal, a Lei de Russel, diz que
“A resistência a uma idéia nova aumenta na proporção do quadrado de sua
importância”. A conscientização desta realidade evita muitos dissabores, pois
em vez de criticarmos os outros por serem resistentes às nossas idéias,
compreenderemos que esta é uma característica própria da natureza humana.
Portanto, cabe-nos aplicar técnicas adequadas para vencermos as resistências
dos outros às nossas idéias, que é um dos objetivos deste texto. Mas que não
nos esqueçamos de que nós também somos resistentes às idéias do outros.
Aprendermos a ouvir o próximo é a adequada técnica para os dois lados, isto é,
será útil para vencer tanto a resistência do outro, quanto a nossa às idéias
novas.
Carl
Rogers, psicólogo humanista, reforça nossa resistência às idéias novas: “Mesmo
entre aqueles que aceitaram as regras fundamentais da ciência, a crença
provisória nos resultados da investigação científica. apenas se dá quando
existe uma preparação subjetiva para ela. Ressalta de tudo isto que a
possibilidade de eu acreditar nas descobertas científicas dos outros ou nos
meus próprios estudos, depende em parte da minha receptividade em relação a
estas descobertas”. Deduz-se desta afirmação de Carl Rogers a importância da
lição que Benjamin Franklin nos passa: “Se
quiseres convencer, fale de interesses, em vez de apelares à razão”.
Pelos
estudos apresentados neste artigo, é possível concluir que o diálogo tem como
principal regra o fato de sabermos, ou aprendermos, a ouvir o outro. Sobre este
assunto, faço a seguinte comentário:
Deming, o papa da Qualidade Total, disse que o
melhor antídoto à criatividade, isto é, o que mais prejudica o aflorar da
criatividade é o fato do funcionário sentir-se que faz parte de uma equipe
assustada, sentir-se parte de uma equipe que tem medo de dar idéias ao líder,
pois sabe que naturalmente serão rechaçadas. O bom líder deve saber trabalhar a
natural resistência que temos às idéias e fatos novos. Antes de dizer “não vai dar certo” ou “já fizemos isto antes e não funcionou”,
ouça. Ouça, ouça e ouça.
Incentive
a pessoa a falar. Pergunte detalhes. Valorize a idéia do próximo. McKnight, o
lendário ex-presidente da 3M, deixou-nos algumas lições: “Ouça qualquer pessoa que tenha uma idéia original, não importa quão
absurda possa parecer à primeira vista. Motive, não fique preocupado com
detalhes. Deixe que as pessoas desenvolvam uma idéia.”
Técnicas
para bem ouvir.
Algumas
boas dicas, passadas pela educadora Joanna de Angelis, para aprendermos a ser
bons ouvintes:
a) Não
interrompa o interlocutor passando informações várias, talvez desinteressantes
para ele;
b) Não
aparente saber tudo, estar por dentro de todos os acontecimentos;
c) Não lhe
tome a palavra, fazendo a conclusão, em vez de deixá-lo concluir à sua maneira;
d) Seja
gentil, fazendo com que sua cordialidade o deixe à vontade;
e) Deixe
que sua cordialidade o ponha à vontade para descarregar tensão, sofrimento;
f) No
momento próprio, fale com naturalidade, sem a falsa postura de intocável ou
sem-problema;
g) Procure
da idéia ouvida ressaltar algo de positivo, de interessante; agradeça-lhe a
idéia. Se tiver que fazer críticas, utilize-se da docilidade e do bom senso.
A
importância de perguntas adequadas para bem ouvir.
Para
bem ouvir, nós temos que também saber bem perguntar. Veja logo a seguir duas
formas de perguntar a um líder religioso se é permitido fumar e rezar ao mesmo
tempo:
a) Posso fumar quando estou
rezando?
b) Posso rezar
quando estou fumando?
No
exemplo, a probabilidade da resposta ser positiva está muito mais evidente na
segunda pergunta. Não basta perguntar, é preciso saber “como” perguntar.
As
perguntas que geram mais reflexão e iniciativa, são “O quê?” e “Como?”.
Outras perguntas também importantes são: “Quem?”;
“Onde?”; “Quando?”; “O que mais?”; “O que você quer?”; “O que isso vai te
trazer?”; “Como você poderia fazer isso?”. Acrescente também a colocação: “Me diga mais...”. Para não parecer um
interrogatório, as perguntas precisam ser entremeadas com simpática e produtiva
conversa.
Aprendendo a ouvir em três níveis.
Precisamos
aprender a ouvir em três níveis: Interno;
Focado e Global. Interno, quando faz suas reflexões interiorizando o que
concluiu da fala do outro, para só depois comentar; Focado, no sentido de
associar o que ouviu ao propósito da reunião ou do diálogo; Global, no sentido
de sempre ter uma visão generalista para que a flexibilidade se faça presente.
Aprendendo
a ser bom ouvinte, passaremos a ter uma visão mais abrangente da realidade que
está à nossa volta. O líder que muito fala e pouco ouve, mais expõe o seu
universo e sua verdade do que aprende com o universo e a verdade das pessoas
que estão à sua volta.
Estava idealizando escrever algo sobre o a capacidade de ouvir. Muito bem elaborado o texto do Alkíndar; é aquele texto que gostaria de ter escrito. Interessantes reflexões!
ResponderExcluirEssa matéria eu vou arquivar para estudos e pesquisas. São dicas que não devemos esquecer nunca! Parabéns...
ResponderExcluirExcelente material, vou guardá-lo para que sempre possa ter acesso, não somente para uso na Casa espírita, mas para convivência em família e na sociedade.
ResponderExcluirObrigada pelas informações!
Creio que está implicíto nesse texto a questão da "ESCUTA ATIVA". Muito bom! Importantes reflexões!
ResponderExcluirGostei muito da matéria.Me fez refletir.
ResponderExcluirCompartilhando...
ResponderExcluirtudo que enriquece nosso intimo é muito bom, melhor é poder por em uso. vou guardar.muito bommmmmmmmmm!!!!!!
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