Por Roberto Caldas (*)

Estamos na atualidade diante de
situações aflitivas que permeiam a rotina dos nossos dias, fruto das
imperfeições humanas que retratam o conjunto da população do planeta,
traduzidas pelas desigualdades sociais, falta de liberdade, administração
fraudulenta, violência escancarada, assassinato da ética. Ao mesmo tempo
acompanhamos a explosão de civilidade expressa pela conquista das refinadas
tecnologias que transformam o mundo em uma sala e consegue salvar vidas em
procedimentos jamais pensados na década passada. O pasmo desse contraste nos
leva a pensar que a humanidade, enquanto progride tecnologicamente, degrada e
regride do ponto de vista moral.
Sucede que todos esses paradoxos
estiveram presentes, sem exceção de período, na história da civilização humana,
guardadas a relatividade da quantidade de indivíduos, divulgação dos problemas
e tecnologia disponível. Sempre houveram os ambiciosos e suas vítimas, os
déspotas e os servis, assim como os enganadores, os falaciosos, os hipócritas.
E certamente esses tais estavam muito mais protegidos pela falta de divulgação
dos seus atos, do que se encontram aqueles que vestem a carapuça dos dias
atuais.
O tema tem tamanha importância
social que Allan Kardec dirigiu a questão 784, de O Livro dos Espíritos em sua
direção: “A perversidade do homem é muito grande. Não parece recuar em vez de
avançar, pelo menos do ponto de vista moral?”. A resposta dos Espíritos não se
fez esperar: “Engano vosso. Observai bem o conjunto e vereis que o homem
avança, uma vez que compreende melhor o que é o mal e a cada dia corrige
abusos. É preciso o mal chegar a extremos para fazer compreender a necessidade
do bem e das reformas”.
A evolução dos hábitos e costumes de
um grupo depende da decisão do conjunto das pessoas que formam uma sociedade.
Os grandes delitos morais que vemos acontecer na macro realidade são aqueles
que se repetem em escala menor dentro de nossas casas, nos comportamentos que
escolhemos todos os dias. Se quisermos uma sociedade que corresponda aos
anseios de igualdade, liberdade e respeito mútuo precisamos com urgência
avaliar a contribuição moral, comportamental, familiar, profissional que cada
um de nós apresenta ao mundo diante das situações que a rotina da existência
nos traz à análise. O mal que desfila no mundo externo não passa dos maus
hábitos que desenvolvemos no decorrer dos milênios. Estamos outra vez, diante
da própria consciência, comprometidos com a necessidade de correção das doenças
da alma e assim será tantas vezes quantas ainda precisemos. A mudança da realidade
desse mundo também depende de nós. Façamos a nossa parte.
(**) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Um excelente texto. Parabéns!
ResponderExcluirCaro Roberto,
ResponderExcluirBelíssima e oportuna reflexão. A frase de Rui Barbosa ecoa em todos os cantos do nosso solo brasileiro. Precisamos combater os maus costumes intimamente, e isso se refletirá no meio.
Parabéns!