Por Gilberto Veras (*)
Nada na natureza é fato absoluto, sempre há,
nos acontecimentos ou nas providências, as relações necessárias, não existe
trabalho isolado, seja qual for a área de atuação na matéria ou no espírito,
tudo está encadeado, regido por leis superiores. Absoluto, só o Pai Infalível e
Insondável, Criador da vida universal. Nem mesmo as virtudes de que fomos
dotados realizam obras efetivas sem o concurso de parcerias, paciência não é
obtida sem calma que precisa de paz, tolerância, compreensão e por aí vai, em
ligações infindáveis, indicando a solidariedade inteligente entre elas, enfim o
todo virtuoso está em alerta para o desempenho vitorioso nas oportunidades de
relacionamento.
E no perdão, como identificar a contribuição
de ações cúmplices nessa virtude tão difícil de ser vivenciada? Em primeiro
lugar, é necessário entender o verdadeiro sentido do perdão. Qual o objetivo
dele, que sensação gera, como ocorrem as providências evolutivas decorrentes?
Quem perdoa é o ofendido, e o perdoado é o
ofensor, ambos são beneficiados com o perdão, o primeiro pela nobre prática do
ato caritativo, o segundo ao obter, com a sensação do amor recebido, a
consciência limpa do sentimento de culpa perturbativo e o aprendizado
enriquecedor em direção ao bem. Quando concedemos o perdão estamos propiciando
ao ofensor estado agradável de espírito que, por força de conhecimento da
causa, o convida a amar o próximo como a si mesmo (mandamento fundamental),
nessa mesma situação ficamos nós, porquanto o Avaliador Supremo, em cadeia
decrescente de emissários, nos recompensa com vibrações amorosas
incentivadoras, embora estejamos, por nossas imperfeições, sempre colocados
como ofensores em relação a Ele. A importância transcendente do poderoso
instrumento em análise concentra-se nessa consequência divinal, o progresso
conjunto da humanidade. Devemos manter viva a compreensão de que perdoar não é
validado simplesmente pela conjugação do verbo em si, mas pela sinceridade do
sentimento amoroso que o move.
A propósito ensinou Jesus na oração
dominical, “perdoa nossas dívidas assim como nós perdoamos nossos devedores”,
ou seja, relevar ofensas é dever universal, em qualquer posição que estivermos
na marcha evolutiva estaremos sempre necessitando do perdão do outro ou a ele
perdoando, muda apenas o grau das ofensas, em função do adiantamento espiritual
de cada um, tão somente no mundo celestial, quando concluído o aperfeiçoamento
humano, essa necessidade perderá sentido por inexistência de ofendidos, pois,
todos, os venturosos, serão inatingíveis pela ignorância das agressões
retardatárias, ali combatidas naturalmente, por repercussão de luz plena de
amor e sabedoria, excelência da caridade.
(*) poeta, escritor espírita e autor das obras "A Recompensa do Bem", "Vinte Contos Conclusivos", "Extrato do Ser".
Perdoar é um antídoto para nosso aprendizado e ser.Nos liberda e libertamos também aquele que nos cometeu o erro.Nada é por acaso!
ResponderExcluirMárcia
Gesto prime do aprendizado!
ResponderExcluirMuito Obrigado!