Pelo Espírito J. Herculano Pires
Os caminhos da competência e a revolução
copernicana patrocinados pelo Espiritismo exigem dos seus adeptos uma atitude
mais ousada e um envolvimento mais profundo, tendo em vista as suas
responsabilidades que resultam do legado filosófico e científico de Allan
Kardec.
As competências que nos cabem desenvolver
pelo estímulo educativo visceralmente presente na mensagem espírita, através do
estudo sério e do esforço continuado de autoeducação, já se deveriam patentear,
fazendo do Espiritismo o arauto de esperança em um futuro de paz e da certeza
na superação de todas as nossas dificuldade e limitações morais como
Humanidade.
A revolução espírita sem par, comparável
àquela gerida pela demonstração científica de Nicolau Copérnico, que mudou de
maneira tão formidável as concepções do significado e da posição do nosso
planeta em relação ao Universo, faz-se no campo do universo humano, com
demonstrações insofismáveis da realidade abissal do Espírito em construção. Por
isso mesmo, é possível afirmar-se ser o saber espírita mais revolucionário que
as descobertas da física quântica, tão reverenciada e detentora de tamanho
fascínio aos olhos dos cientistas.
Muito já poderíamos ter caminhado ante as
expectativas daqueles que nos têm motivado pela confiança creditada ao longo da
estrada, mas, apesar do notório progresso e da palpável construção de uma
Cultura Espírita no mundo, ainda nos ressentimos de realizações mais
organizadas e consistentes no que respeita à Obra Educativa – e aqui me refiro
à educação entendida em seu significado espírita de transformação das atitudes
e hábitos em nosso cotidiano.
Ao Centro Espírita cabe o desenvolvimento de
projetos com maior alcance – mais amplos, extensos e pragmáticos –, em favor
das reais necessidades educacionais do ser humano.
Não há como negar e não é minha a intenção de
crítica à ação incisiva e positiva do movimento espírita no mundo, mas os
horizontes almejados a atingir precisam ser revistos, reavaliados.
A Casa Espírita carece de maior e melhor
estruturação, de uma mais elaborada análise quanto ao seu planejamento
pedagógico, na preocupação de servir mais abrangentemente, mostrando a
exequibilidade das transformações no cotidiano, o que significa fornecer
conhecimento acerca dos objetivos reencarnatórios, das responsabilidades
familiares, do compromisso social, do respeito à vida em todas as suas
manifestações, da necessidade da prática solidária, fraterna e caritativa, como
atitude vital para a manutenção da vida inteligente no planeta. Tudo isso
respaldado na comprovação daquela realidade mais profunda do ser e do
encadeamento cíclico das múltiplas experiências em conjunto na organização
biológica.
O Evangelho de Jesus é, sem sombra de dúvida,
norteador naquele sentido, mas é preciso que nos emancipemos da letra para
viver o espírito desses ensinamentos; é imprescindível que abandonemos em
definitivo a tendência mística e o pensamento de superioridade em relação aos
esforços universais de espiritualidade, para que se possa finalmente demonstrar
a vera possibilidade de traduzi-lo nas nossas ações ordinárias do dia-a-dia
terreno.
Na adequação às responsabilidades educativas
do Centro Espírita, faz-se imperiosa a criação de grupos de estudos específicos
para as carências e necessidades coletivas próprias, de segmentos de educandos
carentes de orientações doutrinárias aplicadas às suas necessidades
específicas, o que lhes fomentaria, pelo entendimento das suas provas, o dom da
reflexão e os capacitaria o assumir das responsabilidades, assim como os
iluminaria em suas tomadas de decisões e nas resoluções frentes àquelas suas
circunstâncias provacionais.
Quanto às atividades básicas e fundamentais
do Ensino Espírita, temos a obrigação de mantê-las, revendo-as, fortalecendo-as
e promovendo as pertinentes melhorias para o alcance dos seus propósitos que,
por sua vez, precisam ser redimensionados ciclicamente. Dessa forma, veríamos o
Centro Espirita mais dinâmico, realizando e concretizando os seus mais
aprofundados objetivos, assim como destacando-lhe a condição de point d’optique
do movimento doutrinário a que já me referi no passado.
A questão, porém, não é de renovar por
impulso de promover mudanças, tão ao gosto do exclusivismo e do personalismo
humanos, que desejam imprimir a sua feição nas atividades que assumem, sob o
influxo das paixões, na corrente da expressão emocional apenas, mas aproveitar
a experiência e maduramente promover uma maior competência e uma mais dilatada
repercussão compatíveis com a excelência doutrinária.
Somente assim, se abandonaria o estado de
inércia e acomodação – até certo ponto compreensível aos padrões humanos
atuais, mas inadequado para o caráter da competência e da revolução espíritas
–, pondo-se em caminhada perene, segura, firme e produtiva, na direção certa.
O futuro é o presente do amanhã! Urge envidemos
os nossos maiores esforços.
Consolidemos o compromisso, abrindo-nos ao
progresso, que é lei tão bem elucidada pelo saber espírita.
É com esse comportamento que poderemos
aspirar o sermos considerados servidores fiéis na seara do nosso guia e modelo,
Jesus de Nazaré.
Este amigo que se felicita pelo contato com
todos vocês,
(1) Página
psicofonada, em Reunião de Desobsessão, no ICE, no dia 16/03/2013.
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