Por Roberto Caldas (*)
Imediatamente depois da prisão de Jesus, João
narra no capítulo XVIII do seu Evangelho, que fora levado ao sumo sacerdote
judeu para ser interrogado. Diante das perguntas a respeito das ideias que
disseminava junto ao povo, Jesus apenas revela que nada fizera às escuras e que
o seu interlocutor deveria perguntar às pessoas, aquilo que lhe questionava.
Tomado de indignação pela resposta, que parecera desrespeitosa à autoridade ali
presente, um dos guardas lhe desfere uma bofetada na face. Antes de qualquer resposta
tempestiva, o mestre se volta ao seu agressor e questiona: “se falei mal,
prova-o, mas se falei bem por que me bates?” . Daí foi levado a Caifás,
Herodes, Pilatos e enfim a crucificação.
Jesus
jamais respondeu à violência, ou melhor, Jesus sempre respondeu à violência,
porém jamais a tomou como métrica de devolução. Diante de todas as situações
que o expuseram aos ataques verbais e físicos que enfrentou durante a sua breve
existência, a sua atitude buscou que fossem avaliadas as condições de
destempero que atingia aos agressores que encontrava pelo caminho.
Passaram-se
vários séculos da semeadura das suas ideias. Estamos na atualidade diante das
expectativas desse mundo de competição, desfaçatez e violência, onde as
diversas facções constituídas defendem a sua verdade como única opção de vida,
na tentativa de imporem os seus gostos, orientações e estilos, numa festa de
perseguições aos que pensam em divergência. Como posicionar Jesus nessa
realidade? Ele ainda responde aos questionamentos desses tempos ou a sua
doutrina se tornou obsoleta nos novos tempos?
A
Doutrina Espírita esclarece que a missão de Jesus não se circunscreveu ao seu
tempo, tampouco a sua mensagem ainda conseguiu ser entendida por completo, pois
é necessário que a humanidade amadureça o suficiente para alcançar a amplidão
do seu discurso. A sua mensagem é atemporal e a sua missão se encontra em curso
e ainda muito longe de completada, pois ele mesmo dissera que apenas ao cumprir-se
todas as coisas até o último iota é que o céu e a Terra passariam (Mateus V: 17
e 18).
O
que há de se cumprir é a promessa de tornar-se o nosso mundo um dos redutos da
Casa do Pai, o Reino prometido. Estamos convictos que nada ou ninguém tem o poder
de colocar-se entre a destinação espiritual desse planeta e a mensagem
evolucional de Jesus. É fundamental nos precavermos diante dos insultos e das
intolerâncias, para que não sejamos nós os intolerantes. Saibamos aguardar os
tempos melhores em que a concórdia e a alegria invadam as ruas das cidades sem
que percamos de vista que podemos iniciar essa mudança em nossa rotina,
paulatinamente. Ansiemos por um mundo que transpire honestidade sem que nos
permitamos desviar o próprio comportamento em direção à má atitude.
Lembremo-nos
de que estamos de passagem, mais uma vez pela existência, mas Jesus aguarda
paciente o nosso momento de despertar há milhares de anos. Ao olharmos a situação do mundo, não nos
aflijamos, buscando responder sempre que possível aos desmandos e horrores que
testemunhamos como Jesus o faria: aproveitando para reconhecer o mal que nos
aflige, porém utilizando o bem como métrica de devolução.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 19.05.2013.
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C.E. Grão de Mostarda.
Excelente texto, parabéns Jorge.
ResponderExcluirSaúde e paz!!!!!
Excelente! Ouvi no programa e agora leio com muito carinho! Parabéns!
ResponderExcluirTenho refletido nesses dias sobre o universo das religiões. Coincidentemente, minha análise derivou para as questões de intolerância dita religosa, estimulada muitas vezes por líderes religiosos. A reflexão do confrade Roberto Cadlas, soa como uma bofetada a todos que disfarçam a violência como intolerância religiosa.
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