Por Roberto Caldas (*)
Ouvimos dizer, com muita frequência, algo que
aprendemos a aceitar como se fosse uma verdade definitiva, tamanha a quantidade
de vezes que essa frase nos inunda os ouvidos: somos todos iguais perante DEUS!
Será que somos mesmos?
Essa
crença faz parte do nosso esforço em não admitir que possa haver qualquer forma
de privilégio no campo da justiça divina, o que descaracterizaria a
imparcialidade de Deus colocando em xeque a sua Bondade Infinita, porém não
podemos deixar de enxergar uma realidade que se mostra extremamente visível até
ao observador menos atento: somos seres completamente ímpares. Logo não parece possível que sendo
diferentes uns dos outros possamos ser vistos pela divindade como se fôssemos
iguais.
O
contexto das mútuas influências que se dispõem entre o observador e o fenômeno
observado é aceito, inclusive nas pesquisas científicas mais modernas, como um
fato que estabelece padrões distintos de respostas ao objeto estudado.
Significa que o humor, a disposição e a crença do observador exercem influência
sobre o fenômeno, enquanto o fenômeno por sua vez influencia a condição do
observador, daí experiências realizadas por dois observadores em relação a um
mesmo fenômeno podem estabelecer resultados diferentes dependendo das
interferências mútuas intercambiadas com o objeto da pesquisa.
Trazendo
tais argumentos para o conceito da igualdade de cada um perante Deus
encontramos nas considerações de Allan Kardec, em apoio à resposta dos Mentores
Espirituais à questão de número 171, que trata da justiça da reencarnação em O
Livro dos espíritos, a seguinte assertiva do Codificador considerando alguém
consciente de sua inferioridade: “Se acredita na justiça de Deus, não pode
esperar achar-se, perante a eternidade, em pé de igualdade com aqueles que
agiram melhor do que ele.”
A
consequência disso é que a Lei Divina não se movimenta por si mesma para punir
ou premiar, simplesmente interage com a nossa capacidade de absorvê-la,
desiguais que nos percebe, sem contanto perder a sua imutabilidade de
princípios, o que caracteriza a sua equanimidade.
Estamos
convidados pela eternidade afora a avançarmos na direção de uma caracterização
que específica a nossa identidade espiritual e nos diferencia de todos os
outros, individualiza-nos as aptidões e experiências. Para tanto é necessário que saibamos serem as leis universais a
cintilação divina que pulsa em nossas consciências estabelecendo o grau de
intimidade que torna a necessidade e o desejo duas grandezas que se distanciam
ou se aproximam. À medida que aperfeiçoamos a sintonia com a divindade presente
na nossa própria essência, a intenção e o objetivo vão se tornando uma mesma
vibração e passam de aspirações separadas para concretização dos momentos. Ser
percebido por Deus como um ser diferente dos outros, mas inundado de compaixão
pelos irmãos que caminham junto conosco deve se transformar em nossa principal
tarefa nas existências que nos esperam, por toda a eternidade.
¹ editorial do programa Antena Espírita de 26.05.2012
(*) integrante da equipe do programa Antena Espírita e voluntário do C. E. Grão de Mostarda.
Parabéns, Roberto Caldas!
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