“Amemo-nos
uns aos outros e façamos aos outros o que queríamos que nos fosse feito. Toda a
religião, toda a moral se encerram nestes dois preceitos. Se eles fossem
seguidos no mundo, todos seriam perfeitos.”
(Allan
Kardec)
“Todos os crimes no
clero, como alhures,
não provam que a
religião seja inútil,
mas que muito pouca
gente tem religião.”
(Jean-Jacques
Rousseau)
"Se
não professamos Jesus Cristo, nos converteremos em uma ONG piedosa...”
(Papa
Francisco I)
Por
Jorge Luiz (*)
Karl Marx, filósofo
alemão, considerou a religião como “o
ópio do povo”. Sigmund Freud, pai da psicanálise, já a entendeu como “neurose obsessiva”, comum ao gênero
humano. Para Émile Durkheim,
considerado um dos pais da sociologia, ela não passa apenas de “fato social” que existirá enquanto
existir sociedade.
Viktor
Frankl, psiquiatra austríaco, fundador da logoterapia, refuta Freud ao afirmar
que a religiosidade psiquicamente doente seria realmente uma neurose obsessiva.
Para este, o homem é dotado de um “inconsciente espiritual”; a presença
ignorada de Deus.
Todas
as afirmativas guardam suas verdades no contexto em que foram desenvolvidas, no
entanto, não cabe reduzi-la a essas especificidades. O conhecimento espírita evitaria
os equívocos perpetrados.
Por
expressar sentimento inato, como o da Divindade, exarado em “O Livro dos Espíritos” - Lei de
Adoração -, sua expressão possibilita vários significados, considerando que se
deixou adornar ao longo da história pela fé cega, crenças dogmáticas, elementos
mitológicos e mitopoéticos, sincretismo, experiências místicas, fanatismo,
fundamentalismo. Assim como o prisma de Nicol transmuta feixe de luz natural em
feixe de cores distintas, igualmente a fé religiosa opera espectros de religião
no sentimento de religiosidade.
Apesar
da sua tradição, não foi possível consolidar “o amor ao próximo” como
o seu núcleo natural, recomendado por Jesus e autenticado no Evangelho de João
13:34-35: “Nisto conhecerão todos que
sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” Em decorrência da fé
pessoal, ela foi assumindo processos híbrido-evolucionários.
A
superação de todos os escolhos inseridos na Boa Nova e o aprofundamento de uma
nova consciência religiosa passa necessariamente por uma oposição radical aos
valores estabelecidos pelas religiões salvacionistas, tendo como parâmetro o
paradigma espírita. A afirmativa parece contrariar os princípios da tolerância
religiosa. No entanto, vejam o que diz Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827),
educador suíço e mestre de Allan Kardec:
“(...)
se o homem vê o erro da superstição e a fraude da religião do Estado, e vê que
isto está de fato impedindo a verdadeira religião e o enobrecimento da sua
geração, então não só é permitido, mas é um dever, mostrar a corrupção de tal
religião, mas evidentemente de uma forma que não fira a essência da religião,
mais do que o seu desvio está ferindo.”
Para
que se inicie esse processo faz-se necessário, em primeiro instante, estudo
criterioso para se distinguir religião de seita no universo religioso. No meu
entendimento é uma tarefa árdua, desafiadora e demanda coragem. A religião por
natureza é fundamentalmente fraterna. A seita, ao contrário, é sectária e
fundamentalista. Nisto reside a questão.
Roberto
Mangabeira Unger, professor da Universidade de Harvard, entende que para se
promover uma revolução na crença religiosa, é necessário superar dois
obstáculos: o primeiro é superar o tabu da crítica religiosa da religião; o
segundo é superar o sentimentalismo em relação à religião.
Allan
Kardec contribui para um melhor entendimento dessas opiniões:
“O
Espiritismo, que se funda no conhecimento de leis até agora incompreendidas,
não vem destruir os fatos religiosos, porém sancioná-los, dando-lhes uma
explicação racional. Vem destruir apenas as falsas consequências que deles
foram deduzidas, em virtude da ignorância daquelas leis, ou de as terem
interpretado erradamente.”
Na
prática, realizar a promessa do Consolador Prometido fazendo com que o Espiritismo reviva o protocristianismo é
determinante para a consolidação do futuro das religiões, como assertivamente
disse Léon Denis: “O Espiritismo será
o futuro da religião.” A frase virou meme
no movimento espírita. Será que realmente já a entendemos em sua
profundidade?
O
movimento espírita mostra-se surdo à vocação revolucionária da Doutrina
Espírita, o que tem contribuído para que, paulatinamente, maioria dos espíritas
tenha transformado suas casas em verdadeiras igrejas, com isso, o Espiritismo no Brasil, para muitos,
passou a ser mais uma religião no sentido vulgar do termo.
A
ciência avança com o primado do Espírito, o que facultará em breve a sua
aliança com a religião anunciada por Allan Kardec no cap. I:8 de “O E.S.E.” A
reencarnação como lei biológica contribuirá para a restauração da religião do
Cristo, fundada na preexistência da alma, na sua sobrevivência e na
comunicabilidade dos Espíritos com o homem. Isto fez, como afirma o prof.
Herculano Pires em sua obra O Centro Espírita, com que a Religião Espírita, sendo
objeto de pesquisas, surja no mundo como modelo ideal da religião do futuro.
Ken Wilber, um dos mais festejados pensadores da contemporaneidade, prognostica
que a força da espiritualidade autêntica deve ser baseada em evidências
contestáveis.
Em comunicação transmitida pelo Sr. Brion
Dorgeval, através do médium Sr. Jorge Genouilalt, inserida em Obras Póstumas,
assim ele se expressa:
“O
Espiritismo (...), restaurará a religião do Cristo, (...) instituirá a verdadeira
religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus,
sem se ter nas franjas de uma sotaina, ou nos degraus de um altar.”
Como
bem testificou Jesus no Evangelho de João 4:23: “Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão
o Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem.”
Tomemos
tento!
(*) livre-pensador e voluntário do Instituto
de Cultura Espírita.
Amarmos uns aos outros... eis a religião!
ResponderExcluirParabéns!
A obra nos foi dada,agora nos falta coragem para expo-la verdadeiramente!!!!
ResponderExcluirVanessa